Uma onda que vem e dá um caixote: representações e destinos da crise em adolescentes usuários de um CAPSi

Abstract

This article focuses on the inter-subjective aspects involved in the care of psychosocial crises of adolescents, their representations and developments. A qualitative research was developed from a psycho-sociological perspective by constructing life story narratives of adolescents treated at a Psychosocial Care Center for Children and Adolescents (CAPSi). It was based on the theoretical contributions of René Kaës on group and cultural aspects of the crisis, as well as its relation to adolescence. Life narratives, constructed through in-depth interviews with adolescents, close relatives, and CAPSi caretakers depict crisis as a "surprise", as violence and estrangement, an episode that must be forgotten, denied, silenced, and medicalized. We concluded that the crisis involves strong mental suffering for adolescents, for the people close to them, and for caretakers, which calls into question the possibilities and limits of care. We, therefore, highlight the importance of protected spaces in both the institution and the health network that would allow the collective construction of new meanings, representations and destinies of crisis, both by users and caretakers.

Especificidades no cuidado aos adolescentes no Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil

“…Portanto, cada espaço que se planeja, visando atingir um público-alvo, traz subsídios importantes para o entendimento e aprimoramento da relação público-serviço, das condições físicas e emocionais necessárias ao bem-estar subjetivo dos indivíduos [14][15] . A pesar disso, encontram-se resistências à construção de espaços personalizados aos adolescentes, nos serviços de saúde, devido a esses recorrerem aos ambientes infantilizados ou normativos, gerando o distanciando dos adolescentes desses locais 14 .…”

“…O fortalecimento e a criação de espaços que incentivam a expressão individual dos adolescentes, e sua interação com as coisas e as pessoas, possibilitam disparar processos criativos, de elaboração e de reinvenção da vida, de protagonismo e de existência com o sofrimento e/ou transtorno mental 16 . Para tanto, a perspectiva do espaço como produção de subjetividade, deve valorizar o modo como o adolescente se relaciona consigo e com o seu entorno, incluir o que pensa e fala sobre o seu sofrimento, integrando esse discurso à sua história de vida e às redes (família, escola, amigos) [13][14][15] .…”

Estudos de Saúde Mental publicados nos últimos 25 anos na Revista Ciência & Saúde Coletiva

“…Young offenders are again addressed, with a low supply of treatment in CAPSad and CAPSi 131 , and the Mental Health demands of this audience 132 . Another theme was how children and adolescents experience psychosocial crises, underscoring the need for CAPSi to provide elaborative spaces 141 . There was also one survey on maternal social and emotional conditions, the low level of education influencing the difficulties in bonding with the baby 121 .…”

Da crise psiquiátrica à crise psicossocial: noções presentes nos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis

“…Especificamente sobre as noções de crise na infância e adolescência assumidas pelas equipes de CAPSij, os estudos de Moura 11 e Amorim 12 revelam que as equipes apresentam uma tendência a compreender a crise dentro de uma perspectiva psicossocial, mas aspectos do paradigma psiquiátrico ainda se fazem presentes. Os resultados do estudo de Pereira et al 13 salientam que a crise envolve forte sofrimento psíquico sinalizado tanto pelos adolescentes, quanto por pessoas próximas e, até mesmo, pelos próprios profissionais. O estudo de Rossi et al 14 aponta que a vivência da crise é representada pelos adolescentes como sentimentos intensos de angústia, tristeza e desvalia, ideação e tentativa de suicídio, que são compreendidos e vivenciados como um problema individual; já para os familiares os sentimentos de medo, perplexidade e culpa se fazem presentes 15 .…”