“…Complementar a isso tem-se a sobrecarga de procedimentos como: administração de medicação, curativos, imunização, consulta entre outros, que dependendo da demanda da unidade, acaba dificultando as ações de Educação em Saúde.Esta dificuldade pode ocorrer por deficiência de ensinamentos sobre a importância da participação popular nas ações de educação, demonstrando que todo o momento com o paciente é possível educar para a cidadania. Sabe-se que ainda há grande predomínio da hegemonia do modelo biomédico na Enfermagem, no entanto o docente tem que ser capaz de planejar momentos de ES mesmo diante da predominância da técnica.Ademais, Soratto et al(2017) destacam que os fatores que mais contribuem para a insatisfação dos trabalhadores da área da saúde, na APS, são: o profissional que atua em local que não é compatível com sua escolha; conflitos; problemas na estrutura organizacional dos serviços; salário incompatível com a profissão; carga horária de trabalho extensa e inexistência de um plano de carreira; profissional que não consegue exercer sua autonomia, e ações que levem ao desgaste profissional e ao adoecimento. Ainda de acordo com os autores supracitados, fatores referentes a gestão estão inteiramente relacionados com possíveis insatisfações dos profissionais de saúde na atenção básica, estando essa atrelada a condições como força de trabalho, relações contratuais, salários, jornada, benéficos, regras de proteção, condições de trabalho, instrumentos de trabalho e sua quantidade e qualidade, estrutura física, e principalmente a falta de valorização profissional, seja pela equipe, seja pelos gestores ou seja pelos usuários do serviço.Tais questões acima elencadas estão em consonância com o testemunho dosAtores Sociais 19 e 20, cujo as falas abordam que o excesso de atividades burocráticas, a falta de apoio da gestão, e a falta de tempo são alguns dos fatores que contribuem para que haja dificuldade em se realizar ações de educação em saúde.Assim, tendo em vista que o profissional enfermeiro acaba sobrecarregado, realizando atividades tanto de gestão quanto assistenciais, o que faz com que ele negligencie uma ação considerada de fundamental importância para o desenvolvimento da enfermagem.Por fim, tem-se o relato do Ator Social 20, destacando que a ausência ou a deficiência de uma rotina para realização de atividades educativas, se configura como um fator dificultador para a efetivação da Educação em Saúde nas unidades, tendo em vista que essas funcionam de acordo com demandas e programas estipulados verticalmente pelo Ministério de Saúde, apresentando ainda uma assistência de cunho biologicista e fragmentada.Partindo desse pressuposto, Alves e Aerts(2011) relatam que as práticas educativas apresentam, ainda, um teor autoritário, ou seja, os profissionais de saúde são quem determinam o comportamento de saúde considerado mais adequado para aquele indivíduo que acata essas ações sem apresentar nenhum questionamento.Além disso, eles destacam que as atividades educativas continuam sendo realizadas de modo tradicional, não considerando a possibilidade de vínculo entre o profissional de saúde e o usuário do serviço.…”