Reforçando a contribuição social de gênero: a servidora pública qualificada versus a executiva

Abstract

Resumo Este estudo constitui uma abordagem quantitativa com base na análise de um modelo hipotético sobre o serviço público e sua relação com a construção social em torno do gênero. O universo da pesquisa consiste em mulheres altamente qualificadas que trabalham no serviço público e em empresas privadas de médio e grande portes no Brasil. A amostra final foi composta por 1.464 questionários válidos; destes, 18,6% de servidoras públicas. Foram testadas hipóteses para verificar a relação de dependência entre as variáveis: rendimento da mulher em relação ao seu par amoroso e o tipo de carreira; responsabilidade da mulher pelas atividades do lar e o tipo de carreira; rendimento em relação ao seu par amoroso e responsabilidade pelas atividades do lar; tempo de cuidado das mulheres com seus filhos e o tipo de carreira; motivadores do interesse em permanecer na carreira.

A influência do diagnóstico de autismo na trajetória profissional das mães da Grande Florianópolis

“…Quando a mulher que está no mercado de trabalho ascende em sua carreira, ela começa a ter que lutar contra muitos estereótipos ou então vivencia uma grande desvantagem em termos de recompensas pelo seu trabalho. A partir do momento em que se torna mãe, ela passa a carregar não apenas a responsabilidade de ser uma "boa" mãe, da mesma forma, um peso a mais pela possibilidade de fracassar na conciliação de sua carreira profissional com a vida materna conforme pontos de vista de Badinter (1985) e Carvalho Neto et al (2014 como citado em Santos et al, 2019).…”

“…Dentre outros desafios da mulher e a sua formação na carreira profissional, a maternidade é a que mais interfere, principalmente quando os filhos são pequenos. Mesmo com a ascensão da mulher no mercado de trabalho e as transformações políticas, sociais e econômicas no Brasil, as atividades domésticas continuam sendo de responsabilidade feminina segundo Bruschini (2000 como citado em Santos et al, 2019).…”

“…Com isso, a mulher-mãe passa um misto de sensações, variando desde a culpa pelo cansaço por não terem com quem dividir as demandas do lar, e deste modo, vive um conflito em equilibrar a vida pessoal com a profissional (Salvagni e Canabarro, 2015; Carvalho Neto et al (2007 como citado em Santos et al, 2019), como pelo crescimento na carreira profissional sem ter que renunciar a maternidade, em função da possibilidade de conciliar as tarefas no lar e as responsabilidades inerentes aos filhos ou a existência de uma rede de apoio de acordo com Fiorin el tal (2014 como citado em Santos et al, 2019) e visão de Pinto (2015).…”

Mulheres na Gestão Universitária: trajetória profissional, vivências e desafios

“…Dessa forma, sugere-se que a estabilidade garantida pelo setor público possibilita o adiamento do desenvolvimento profissional sem que isso gere consequências tão definitivas para sua carreira quanto ocorreria caso elas atuassem no setor privado. Em certa medida, reforça-se o argumento de que, para mulheres, a carreira pública é mais propícia ao equilíbrio entre profissão e vida familiar do que o mundo executivo (MOTA-SANTOS et al, 2019;SCHILLING, 2015).…”

Cenário das publicações científicas em carreira e gênero

“…Destaca-se que estudos brasileiros, na área de Administração, costumam neutralizar a discussão de gênero em carreiras ou utilizar o termo como sinônimo para mulheres. A criticidade encontrada nas pesquisas direciona-se para problemas enfrentados por mulheres nas organizações, em especial no que tange à ascensão a cargos de gestão, centralizando a discussão nos papéis de gênero socialmente atribuídos e no binarismo homem e mulher (Capelle, Brito, Melo & Vasconcelos, 2007;Eccel, 2010;Hryniewicz & Vianna, 2018;Morgado & Tonelli, 2014;Mota-Santos, Carvalho Neto, Oliveira & Andrade, 2019;Souza, Corvino & Lopes, 2013;Vieira, Monteiro, Carrieri, Guerra & Brant, 2019). Tal falha não é característica exclusiva da área -na Antropologia, apesar da tradição de estudos na temática, gênero é sinônimo de sexo e aparece comumente como mera categoria descritiva (Moutinho, 2014).…”