Este trabalho traz para o debate as relações entre saúde e qualidade de vida. Busca situar os discursos que se constróem na área da saúde em outros setores e outras disciplinas. Trata de uma representação social criada a partir de parâmetros subjetivos (bem-estar, felicidade, amor, prazer, realização pessoal), e também objetivos, cujas referências são a satisfação das necessidades básicas e das necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e social de determinada sociedade. Mostra os principais instrumentos construídos nos últimos anos para medir qualidade de vida e as discussões que provocam. Reflete, também, sobre o campo semântico em que se desenvolvem as representações e ações voltadas para a qualidade de vida, como as noções de desenvolvimento, democracia, modo, condições e estilo de vida. Na área da saúde, discute a tendência de se estreitar o conceito de qualidade de vida ao campo biomédico, vinculando-o à avaliação econômica. Apresenta os mais variados instrumentos criados para medi-la nessa referida concepção. Considera a proposta de promoção da saúde como a mais relevante estratégia do setor, para evitar o reducionismo médico e realizar um diálogo intersetorial. Argumenta, porém, que essa proposta ainda carece de aprofundamento e de ser testada nas práticas sanitárias.
Neste texto, partimos do pressuposto de que a integralidade da atenção é um eixo prioritário da investigação e avaliação dos serviços e sistemas de saúde, estruturados como redes assistenciais interorganizacionais que articulam dimensões clínicas, funcionais, normativas e sistêmicas em sua operacionalização, reconhecendo que nenhuma organização reúne a totalidade dos recursos e competências necessárias para a solução dos problemas de saúde de uma população, em seus diversos ciclos de vida. Em virtude da complexidade desse "sistema sem muros", que elimina as barreiras de acesso entre os diversos níveis de atenção, em resposta às necessidades de saúde nos âmbitos local e regional, julgamos oportuno compartilhar algumas "lições preliminares" aprendidas em experiências pessoais e na literatura sobre a integração de serviços, que nos parecem de interesse comum aos pesquisadores e gestores comprometidos com a sua implantação.
Este artigo apresenta as perspectivas teórico-metodológicas da avaliação em saúde considerando o contexto político-decisório de uma possível estruturação governamental por programas e uma gestão por resultados no próximo qüinqüênio. As principais questões discutidas se organizam em três eixos: 1) a necessidade de um modelo teórico orientando o processo de avaliação; 2) a exigência de pluralidade metodológica dada à contextualização das ações programáticas a complexidade das medidas de resultados; e 3) a obrigatoriedade de dispositivos institucionais que regulamentem os estudos de avaliação garantindo a qualidade e utilidade do produto final. Ao final do texto se focaliza a importância de se fomentar uma pesquisa avaliativa voltada para a construção de evidências científicas em saúde pública e suas implicações para a formação de avaliadores.
ResumoObjetiva-se conhecer a magnitude e a estrutura de causalidade da mortalidade infantil -considerando-a um "evento sentinela" da qualidade da assistência à saúde -em dois municípios do Nordeste, Brasil. Trata-se de estudo de base populacional, do tipo "experimentação invocada", que compara a mortalidade infantil observada com aquela esperada, dado um programa de atenção à saúde materno-infantil operando a contento, permitindo calcular um "índice de mortes evitáveis" (PDI). Realizaram-se uma busca ativa e uma investigação epidemiológica dos óbitos, visando a eliminar o sub-registro desses eventos. As taxas de mortalidade infantil, embora relativamente baixas -39 e 44 por 1.000 nascidos vivos, respectivamente -correspondem a um PDI de 40%, o que significa uma estrutura de causalidade compatível com taxas de mortalidade de 100 por 1.000 nascidos vivos. Esses achados sugerem uma distribuição desigual dos óbitos, confirmada por uma análise comparativa entre a população de baixa renda e outras categorias de renda (com razões de risco de 8 e 17,6 para a mortalidade infantil total e para a mortalidade infantil por doenças infecciosas, respectivamente). O PDI mostrou-se válido enquanto um índice de evitabilidade dos óbitos infantis, com a vantagem de poder ser utilizado de forma simples e fácil por gerentes de sistemas de saúde preocupados com a qualidade dos programas voltados para mães e filhos. Mortalidade infantil. Evento sentinela. Qualidade dos cuidados de saúde. AbstractThis paper seeks to discover the magnitude and causality structure of infant mortality -considered a "sentinel event" for quality-of-care indexes in health -in two municipalities of Northeastern Brazil. This is a population based study of the "invoked experimentation" type comparing observed infant mortality with that expected, given a properly functioning maternal and infant care program, allowing for the calculation of a "preventable index" (PDI) for Rev. Saúde Pública, 30 (4): 310-8, 1996 310
Resumo ObjetivoAvaliar a qualidade da atenção durante o processo de trabalho de parto de acordo com normas da Organização Mundial de Saúde. Métodos Trata-se de estudo do tipo caso-controle, realizado em duas maternidades: pública e conveniada com o Sistema Único de Saúde, no Município do Rio de Janeiro. A amostra foi composta por 461 mulheres na maternidade pública (230 partos vaginais e 231 cesáreas) e por 448 mulheres na maternidade conveniada (224 partos vaginais e 224 cesáreas). De outubro de 1998 a março de 1999, foram realizadas entrevistas com puérperas e revisão de prontuários. Foi construído escore sumarizador da qualidade do atendimento. Resultados Observou-se baixa freqüência de algumas práticas que devem ser encorajadas, como presença de acompanhante (1% na maternidade conveniada, em ambos os tipos de parto), deambulação durante o trabalho de parto (9,6% das cesáreas na maternidade pública e 9,9% dos partos vaginais na conveniada) e aleitamento na sala de parto (6,9% das cesáreas na maternidade pública e 8,0% das cesáreas na conveniada). Práticas comprovadamente danosas e que devem ser eliminadas como uso de enema (38,4%), tricotomia, hidratação venosa de rotina (88,8%), uso rotineiro de ocitocina (64,4%), restrição ao leito durante o trabalho de parto (90,1%) e posição de litotomia (98,7%) para parto vaginal apresentaram alta freqüência. Os melhores resultados do escore sumarizador foram obtidos na maternidade pública. Conclusões As duas maternidades apresentam freqüência elevada de intervenções durante a assistência ao parto. A maternidade pública, apesar de atender clientela com maior risco gestacional, apresenta perfil menos intervencionista que maternidade conveniada. Procedimentos realizados de maneira rotineira merecem ser discutidos à luz de evidências de seus benefícios.
BackgroundIn Brazilian private hospitals, caesarean section (CS) is almost universal (88%) and is integrated into the model of birth care. A quality improvement intervention, “Adequate Birth” (PPA), based on four driving components (governance, participation of women and families, reorganisation of care, and monitoring), has been implemented to help 23 hospitals reduce their CS rate. This is a protocol designed to evaluate the implementation of PPA and its effectiveness at reducing CS as a primary outcome of birth care.MethodsCase study of PPA intervention conducted in 2017/2018. We integrated quantitative and qualitative methods into data collection and analysis. For the quantitative stage, we selected a convenient sample of twelve hospitals. In each of these hospitals, we included 400 women. This resulted in a total sample of 4800 women. We used this sample to detect a 2.5% reduction in CS rate. We interviewed managers and puerperal women, and extracted data from hospital records. In the qualitative stage, we evaluated a subsample of eight hospitals by means of systematic observation and semi-structured interviews with managers, health professionals and women. We used specific forms for each of the four PPA driving components. Forms for managers and professionals addressed the decision-making process, implemented strategies, participatory process in strategy design, and healthcare practice. Forms for women and neonatal care addressed socio-economic, demographic and health condition; prenatal and birth care; tour of the hospital before delivery; labour expectation vs. real experience; and satisfaction with care received. We will estimate the degree of implementation of PPA strategies related to two of the four driving components: “participation of women and families” and “reorganisation of care”. We will then assess its effect on CS rate and secondary outcomes for each of the twelve selected hospitals, and for the total sample. To allow for clinical, socio-demographic and obstetric characteristics in women, we will conduct multivariate analysis. Additionally, we will evaluate the influence of internal context variables (the PPA driving components “governance” and “monitoring”) on the degree of implementation of the components “participation of women and families” and “reorganisation of care”, by means of thematic content analysis. This analysis will include both quantitative and qualitative data.DiscussionThe effectiveness of quality improvement interventions that reduce CS rates requires examination. This study will identify strategies that could promote healthier births.Electronic supplementary materialThe online version of this article (10.1186/s12978-018-0636-y) contains supplementary material, which is available to authorized users.
Resumo Este artigo atualiza o texto anterior do autor principal publicado em 2000, revisitando as evidências científicas que reafirmam a contribuição da saúde para a qualidade de vida de indivíduos e populações. Mais do que o acesso a serviços de saúde de qualidade, é necessário enfrentar os determinantes da saúde em toda a sua amplitude, o que requer políticas públicas saudáveis, uma efetiva articulação intersetorial do poder público e a mobilização da população. Os autores revisitam a emergência e o desenvolvimento da promoção da saúde, centrando sua análise nas estratégias mais promissoras para o incremento da qualidade de vida propostas pelo setor saúde, sobretudo em formações sociais com alta desigualdade sociosanitária, como é o caso do Brasil, reforçada pela recente pandemia de COVID-19. É no movimento dos municípios saudáveis e em ações intersetoriais, na saúde em todas as políticas e no enfrentamentos dos determinantes sociais da saúde que tais estratégias se concretizam, através de seus próprios fundamentos e práticas, que estão estreitamente relacionados com as inovações na gestão pública para o desenvolvimento local integrado e sustentável, “vis a vis” a nova Agenda 2030 e seus Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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