Tensões sobre currículo são constantemente reiteradas, não havendo um deslocamento do passado que ressurge anacronicamente nas políticas. Os sentidos são gerados através da circularidade dos contextos e da busca pela hegemonia. A condição de abertura da significação é o que constitui o social e nos permite pensar na hibridização de políticas curriculares recentes, as quais têm mobilizado um status de autoridade inexorável com relação à padronização. Nesse contexto, trouxemos à baila sentidos que têm se tornados hegemônicos no cenário político, como a exigência de competências e habilidades a priori para a formação de professores e de alunos.
Distintas demandas e disputas podem ser percebidas nos mais variados contextos do campo educacional. Não obstante, também se diferenciam as concepções teórico-metodológicas da pesquisa em educação. Em uma abordagem discursiva, não essencialista, a partir da qual temos participado do debate curricular, rejeitamos uma unidade essencial e/ ou de fundamento último para o social. Assim, as exigências e/ ou solicitações diferenciais são reconhecidas como fluxos culturais, bem como efeitos de poder, uma vez produzidas no espaço-tempo aberto da enunciação, no qual o contexto é relevante para a comunicação, mas jamais estará dado tal como um sentido de totalidade para ser desvelado e meramente transmitido como cálculo. Dessa forma, procuramos contribuir com o debate no campo do currículo, compreendido como uma prática cultural sempre ambivalente, em que “o mesmo e o Outro” são iteradamente articulados na própria luta pela significação. Considerando a abordagem, buscamos o que está em jogo em algumas disputas políticas atuais, especificamente, no contexto de enunciação curricular articuladas por propostas de cunho reacionário e conservador. Para tal, propomos a leitura de três Projetos de Lei, os quais visam audaciosas alterações no campo: ensino religioso como solução para os problemas da educação; o criacionismo como conteúdo de ensino nas escolas; a criminalização dos docentes por assédio ideológico. Discutindo os projetos, esperamos contribuir com o debate, explicitando algumas reedições discursivas e as estratégias que põem em jogo, como a hibridização livre de discursos os mais variados, incluindo os do campo educacional. Palavras-chave: Política Curricular. Efeitos de sentido. Demandas conservadoras.
Resumo: O objetivo deste texto é enfocar a hibridização cultural a partir da indigenização do rap, ressaltando a educação como espaço-tempo de produção subjetiva na relação com a alteridade. Nesse sentido, o ensaio debate o conceito de “cultura” como um termo alienígena, ressignificado nas lutas dos povos originários. Para compor a metodologia, dialoga com o trabalho de rappers indígenas, não apenas como análise, mas visando à composição, isto é, integrando sons e imagens ao pensamento ensaístico do autor. O resultado é uma percepção sobre culturas e línguas, sem receios de ameaça ou de perda, visualizando possibilidades de reexistência e de uso estratégico, no caso, da poética e da estética Hip Hop. A pedagogia em jogo salienta demandas indígenas, como a demarcação da terra e a retomada da língua e da cultura, além de performatizar diferenças étnicas. Ademais, interpela a branquitude, seja para se articular às lutas, seja para compreender minimamente o recado: os povos indígenas não são objetos do imaginário de ninguém, mas sujeitos em desconstrução relacional com o mundo e que lutam pelo que acreditam, inclusive contra uma violência que já persiste por centenas de anos. O trabalho é um convite para a revisão de ideias preconcebidas por muitas paisagens sobre “o outro”, como: enrijecimento identitário, generalização homogeneizadora e tentativa de construção de uma narrativa única. Mais que isso, quer provocar o purismo e a mesmidade, abrindo a produção de sentidos para o mistério da vida, isto é, o incognoscível. Palavras-chave: Educação. Cultura. Rap indígena.
Este texto trata dos sentidos postos em disputa pela Base Nacional Curricular Comum, a qual projeta identificações (discente e docente) a partir de objetivos de aprendizagem/ de competências e habilidades preestabelecidas. Discute, portanto, as operações saber-poder que estão em um jogo no qual se restringe a educação ao reconhecimento do já dado, suposto como patrimônio cultural essencial para todos. O projeto de educação básica reinscreve processos complexos de hibridização com discursos variados, visando adesão em múltiplos contextos, com fragmentos que vão desde o progressivismo à teoria crítica, submetidos pela reedição de um viés instrumental. Nesse sentido, a diferença é posta à margem pelo instituído no qual o jovem precisa se adequar. Já com relação aos efeitos na escolarização, a autoavaliação, a responsabilização e a cobrança recaem sobre os indivíduos, exigindo deles uma adequação constante como garantia de empregabilidade em um mundo produtivo sempre em mudança. Parece não haver novidades, mas a pesquisa talvez nos permita perceber e explorar um pouco mais o projeto moralizador que está em curso.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Palavras-chave: práticas formativas e estratégias didáticas multiculturais, teoria da argumentação, bullying.Abstract: This article argues that teacher training can benefit from a multicultural and argumentative view, from which teaching strategies and teaching training practices are
vez de enfoque na luta entre opostos com base em sujeitos pré-dados. Assim, me distanciando da dialética hegeliana, procuro tecer, no presente texto, um diálogo com o pesquisador indo-britânico Homi Bhabha, bem como algumas das suas bases epistemológicas e filosóficas, cujo escopo teórico-político tem sido reler e ressignificar os debates da diversidade e do multiculturalismo sob a ótica pós-colonial dos fluxos e do hibridismo. Nesse sentido, o currículo está longe de ser pensado por limites eficientistas e instrumentais, tal como documento, como grade curricular, como base estrutural. Em uma abordagem não realista, o currículo é pensado como uma política cultural, constitutivo pela contingência, entendido como a própria luta pela enunciação do que vem a ser currículo, a qual se dá, inexoravelmente, no terceiro espaço ou nos interstícios, conforme propõe Bhabha. Palavras-chave: Currículo. Subjetivação. Política. Diferença. Política cultural. Abstract:The so-called identity politics of differences are now emphasized between educational debates in the global-local sphere, reiterating, in the discursive struggle, signifiers such as curriculum, culture, alterity, and difference. The wager on terms such as dialogue and tolerance has not been casual. In Brazil, the demands of difference have been the object of multiple political articulations, especially since the post-military dictatorship in the midst of strategies and tensions that according to the context, agree and dissent. In power games, issues circumscribed by the emphasis on race/ethnicity, gender and sexuality, mainly, have occupied spaces of discussions. The purpose of this undoubtedly conflicting work is to argue for the understanding of the hybrid processes of subjectivation, widening spaces for difference and for ambivalence rather than focusing on the struggle between opposites based on pre-given subjects. Thus, distancing myself from Hegelian dialectics, I have attempted to weave in the present text a dialogue with the Indo-British researcher Homi Bhabha, as well as some of its epistemological and philosophical bases, whose theoretical and political scope has been to reread and re-significate the debates of diversity and Of multiculturalism under the postcolonial view of flows and hybridity.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.