RESUMO: Considerando que a ética na escola e a formação do caráter do aluno têm sido discutidas em todo mundo, este artigo trata o tema com base em três eixos. O primeiro apresenta algumas visões filosóficas de ética e de moral, buscando investigar se as distinções teóricas têm ou não significado social. O segundo eixo se relaciona aos fundamentos da ética e da moral como disciplinas práticas. A principal questão colocada é: os princípios gerais devem legitimar os juízos de valor éticos/morais ou vice-versa? Finalmente, é abordado o papel cumprido pela escola na formação ética/moral do cidadão. Certas concepções educacionais como a de Comênio, a de Dewey e também as práticas pedagógicas homogeneizadoras, assim como as propostas relativas à ética presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais, são discutidas. Palavras-chave:Ética na escola; Formação do caráter; Princípios éticos/ morais; Argumentação; Parâmetros Curriculares Nacionais. IntroduçãoA ética na escola vem sendo a menina dos olhos de muitos educadores em todo o mundo. Hoje em dia, é possível encontrar na Internet vários sites em que o assunto é tratado por meio de resoluções, manifestos, ensaios, enfim, de uma variada gama de documentos. O Center for the Advancement of Ethics and Character, com sede em Seattle, Estados Unidos, aponta, por exemplo, em um manifesto (1999, p. 1), que o aumento dos índices de violência, de suicídio e de gravidez precoce entre adolescentes tem tomado de assalto a sociedade norte-americana nos últimos anos. Em vista disso, propõe que as escolas e os professores reafirmem suas responsabilidades como formadores de caráter. Já no Brasil, o capítulo dos PCNs (terceiro e quarto ciclos) relativo à ética sublinha a necessidade de a * Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do CNPq.
Este artigo focaliza a importância de um enfoque epistemológico e argumentativo no ensino médio de química. Parte das contribuições de Karl Popper e de Gaston Bachelard que, no século XX, teceram considerações relevantes para a construção do conhecimento nas ciências físicas. As duas abordagens defendem a concepção de racionalidade plural, não dogmática, considerada necessária ao desenvolvimento científico. Esse tipo de racionalidade é também defendido por Perelman e Olbrechts-Tyteca como pressuposto filosófico dos processos argumentativos. Os estudos feitos por esses dois filósofos vêm sendo focalizados por autores da área do ensino de ciências, que ressaltam a fecundidade de tais processos. Estes não são aqui apontados apenas como estratégias facilitadoras da aprendizagem, mas como finalidade própria de um ensino voltado para o redimensionamento da prática docente e para o desenvolvimento de uma visão crítica sobre a ciência química nos dias de hoje. epistemologia, argumentação, ensino de química Ensino de Química: Por Um Enfoque Epistemológico e ArgumentativoConsidero que ensinar o estudante a repetir princípios e conceitos científicos e a aplicar corretamente fórmulas na resolução de exercícios corresponde a ministrar uma "ciência da escola" (Chassot, 2007, p. 29), que acaba por não lograr satisfatoriamente o objetivo de formar cidadãos capazes de fazer uma leitura científica crítica do mundo.N os dias de hoje, o avanço tecnológico se incorpora cada vez mais rapidamente ao nosso cotidiano. Como a tecnologia que permite, por exemplo, produzir aparelhos eletrônicos sofisticados e materiais que buscam atender às mais diversas demandas do mundo atual só é possível graças aos notáveis avanços alcançados por ciências como a química e a física, parece paradoxal que na escola de ensino médio tais disciplinas sejam pouco atraentes para os estudantes. Na condição de formador de professores em uma universidade pública, tenho há alguns anos me perguntado se o ensino de química e física se constitui em dor de cabeça para os docentes, sobretudo para os recém-formados, pois ouço frequentemente que mesmo quando os alunos demonstram ter domínio sobre os conteúdos ensinados, pouco sabem relacioná-los com o mundo em que vivem.O problema não é novo. Lessa (1964) já apontava o descompasso existente nos anos 1960 no então ensino secundário brasileiro de física: os estudantes eram capazes de discorrer com notável desenvoltura sobre o eletromagnetismo, mas desconheciam por completo o funcionamento de uma campainha. Hoje não é incomum encontrar alunos de química capazes de calcular com facilidade o tempo de meia vida do isótopo de um elemento radioativo qualquer sem, todavia, saber por que o enriquecimento do urânio é estratégico para a política energética de um país.Considero que ensinar o estudante a repetir princípios e conceitos científicos e a aplicar corretamente fórmulas na resolução de exercícios corresponde a ministrar uma "ciência da escola" (Chassot, 2007, p. 29), que acaba por não lograr satisfatoriamente o objetivo de f...
Este artigo discute o trabalho com a ética na escola (ensinos fundamental e médio) a partir de uma crítica ao modelo de racionalidade demonstrativa, predominante desde o advento da modernidade. Como alternativa, apresenta outro modelo, a racionalidade argumentativa, discutida com base nas abordagens feitas por Chaïm Perelman, Lucie Olbrechts-Tyteca e Michel Meyer. Os dois primeiros autores formularam uma teoria da argumentação cujo objetivo é subsidiar os raciocínios próprios das ciências humanas e sociais, áreas do conhecimento nas quais procedimentos típicos da racionalidade demonstrativa, como a dedução e o cálculo, não se aplicam. Já Meyer salienta a natureza problematizadora da racionalidade argumentativa, situando a retórica como meio de negociar as distâncias existentes entre os indivíduos a propósito de determinadas questões. Esse quadro teórico é complementado pela filosofia do pluralismo, apontada por Perelman como contraponto às visões de mundo alicerçadas sobre concepções unitárias da verdade, denominadas monismos. Nos marcos desses referenciais, a concepção ética universalista de Immanuel Kant e o relativismo proposto pela ética da estética defendida por Michel Maffesoli são discutidos. Em um segundo tópico, a ética na educação escolar é problematizada tendo em vista a seguinte questão: como formar o caráter do aluno sem recair em algum tipo de doutrinação? Na medida em que ética e moral dizem respeito a essa questão, discutimos como os dois termos vêm sendo compreendidos e propomos tomá-los como instâncias intercambiáveis. As conclusões que apresentamos com base nessas discussões não objetivam solucionar os problemas inerentes aos hábitos e às atitudes dos discentes, mas colocam-se como contribuições para a reflexão dos docentes acerca de suas práticas pedagógicas.
Este artigo busca situar inicialmente como a Bioética vem sendo compreendida hoje em dia em termos epistemológicos e sociais, destacando que sua presença na educação básica brasileira é ainda embrionária. Em seguida, analisa algumas proposições presentes em documentos amplamente reconhecidos na esfera da discussão Bioética, procurando mostrar que, a partir deles, várias discussões podem ser conduzidas. Por fim, considerando as rápidas transformações tecnológicas e científicas no âmbito das biociências e a emergência de questões polêmicas, como a eutanásia e os direitos sexuais e reprodutivos, defende a inserção da discussão sobre Bioética na educação escolar, sobretudo no ensino médio. Tal inserção é pensada em termos interdisciplinares, de modo a envolver os professores das diferentes disciplinas e possibilitar a abordagem de temáticas atuais que não devem ser ignoradas nos processos de formação intelectual e moral dos estudantes. O referencial teórico-metodológico que dá suporte ao estudo é a abordagem da ética feita por Chaïm Perelman com base em uma perspectiva pluralista, que põe em relevo a importância dos processos argumentativos no confronto entre visões conflitantes.
Educação (Porto Alegre, impresso), v. 37, n. Tendo em vista a ocorrência de situações de violência (física e psicológica), muitas vezes atribuídas às mudanças de valores morais e de formas de comportamento por parte dos alunos, são examinadas duas questões: 1) Como pensar a ética sob um ponto de vista argumentativo e não dogmático? 2) Que desafios é preciso enfrentar na formação ética dos alunos no contexto da escola atual? A primeira questão é discutida a partir das contribuições de Kant, Habermas e Perelman. A segunda é desenvolvida por meio de reflexões feitas sobre relatos de gestores de escolas públicas municipais da cidade do Rio de Janeiro, colhidos em um curso de extensão ministrado no ano de 2008.Palavras-chave -Ética. Ensino fundamental. Escola pública. Argumentação.ABSTRACT -This article reflects about the work with ethics in schools, focusing on the context of elementary school. Based on the emergence of problems relating to the changes in moral values and forms of behavior on the part of the students we examine two issues: 1) How to think ethics from the point of view not dogmatic and argumentative? 2) What challenges we must face in ethics education in the context of current school? The first issue is discussed from the contributions of Kant, Habermas and Perelman. The second one is based on reflections made on reports of managers of municipal public schools of Rio de Janeiro, picked in an extension course taught in 2008.
RESUMO Este artigo pretende investigar as contribuições da retórica e da argumentação para a educação escolar, analisando as nuances existentes entre as relações argumentativas e dialógicas que ocorrem no espaço educacional, especialmente entre professores e alunos. O texto defende uma educação de cunho argumentativo, fundamentada na racionalidade retórica. Para tanto, valoriza as diversas opiniões dos sujeitos, incentivando-os à interrogatividade, tendo como objetivo chegar a acordos plausíveis, suscetíveis a renovações sempre que necessário. A educação, nessa abordagem, não nega a problematização e acolhe as questões trazidas pelos diferentes auditórios.
Este artigo discute a ética na educação escolar hoje. Parte das visões de pensadores como Kant e Stuart Mill sobre o agir ético e as problematiza, com base no modelo argumentativo proposto por Chaïm Perelman, o qual critica as concepções que defendem o caráter unitário da verdade (monismos). Tal crítica o aproxima dos discursos questionadores do modelo tradicional de educação, que desconsidera o aluno como sujeito do diálogo. A ética é, então, pensada a partir de uma postura pedagógica que, ao invés de prescrever o que é "certo" ou "justo", privilegia a problematização do pensar e do agir. Esta se dá por meio do confronto entre argumentos, que debatem valores e formas de conduta, contribuindo, assim, para evitar a ocorrência de posturas dogmáticas e discriminatórias no ambiente escolar. PALAVRAS-CHAVE:Ética, Educação Escolar, Argumentação.This article discusses ethics in school education nowadays. It starts from visions of thinkers like Kant and Stuart Mill on ethical action which are discussed on the basis of the argumentative model proposed by Chaïm Perelman, who criticizes the conceptions that defend the unitary character of truth (monisms). This critical vision approximates it from inquisitive speeches of the traditional model of education, which disregards the student as subject of dialogue. Ethics is thought, therefore, in a view of pedagogical work attitude which, instead of prescribing what is "right" or "fair", favours the problematization of thinking and acting. This one occurs through the confrontation between arguments that discuss values and forms of conduct, thereby contributing to avoid dogmatic and discriminatory attitudes in the school environment Abstract Resumo
Tendo em vista as influências do paradigma positivista sobre o conhecimento científico, focaliza inicialmente algumas de suas principais repercussões sobre as ciências humanas, dando especial atenção aos problemas concernentes à relação sujeito-objeto. Em um segundo momento, alguns reflexos de tais influências sobre o pensamento educacional no Brasil são discutidos. Por fim, são feitas algumas considerações sobre o pluralismo enquanto alternativa de superação do paradigma relativista, particularmente com respeito ao relativismo axiológico, que, nos dias atuais, retoma o princípio de neutralidade científica postulado pelo positivismo. Abstract First, this paper focuses some of the principal positivistic paradigm influences on the scientific knowledge, particularly upon human sciences, with emphasis on problems related to subject-object relationship. In the second place, some effects upon educational thinking in Brazil are discussed. Finally, we present some considerations about pluralism as a way to overcome relativistic paradigm, particularly axiological relativism which restores the positivistic principle of scientific neutrality nowadays. Résumé Ce texte a pour but, d'abord, discuter les plus importantes influences du paradigme positiviste sur la connaissance scientifique, particulièrement sur les sciences humaines où l'on met en évidence des problèmes caractéristiques de la relation sujet-objet. Ensuite, on examine quelques conséquences sur la pensée concernant l'éducation au Brésil. Finalement on fait quelques considérations sur la philosophie du pluralisme, laquelle est posée comme alternative pour outrepasser le paradigme relativiste, spécialement le relativisme axiologique qui reprend, aujourd'hui, le principe de la neutralité scientifique postulée par le positivisme. Resumen Este artículo discute primeramente algunas importantes influencias de lo paradigma positivista sobre el conocimiento científico, en especial sobre las ciencias humanas, dando énfasis a los problemas característicos de la relación sujeto-objeto. En seguida se ha examinado algunas de las consecuencias sobre el pensamiento educacional en Brasil. Por fin, se ha hecho consideraciones sobre la filosofía del pluralismo, presentada como alternativa para superar el paradigma relativista, particularmente el relativismo axiológico que hoy ha retomado el principio de neutralidad científica postulado por el positivismo.
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