Este estudo discute as mudanças definidas para o “novo” ensino médio brasileiro. O foco de análise recai sobre o aspecto que diz respeito à reforma curricular que instaura os itinerários formativos. Para dar conta desse propósito, levantamos o seguinte problema de pesquisa: a escolha por itinerários formativos pode contribuir para o alargamento das desigualdades no sistema escolar? Do ponto de vista da abordagem teórica, este artigo fundamentou a análise da reforma curricular à luz da perspectiva dos sociólogos Pierre Bourdieu e Jean Claude-Passeron. A proposta da análise teórica é correlacionar os itinerários formativos com a função própria aos sistemas de ensino, quais sejam: a de reprodução e de legitimação das desigualdades sociais. Em termos metodológicos, produzimos uma pesquisa cuja perspectiva pretendeu-se qualitativa. O enfoque da investigação empírica sustentou-se no documento da Lei 13.415/2017, por isso, elegemos a técnica de pesquisa análise documental. Nossa proposta metodológica passou obrigatoriamente pela análise da estrutura discursiva presente na Lei. Para tanto, descrevemos, analisamos e interpretamos os enunciados do texto, procurando perceber o que subjaz às palavras, suas construções ideológicas e os discursos implícitos. Ao fim, inferimos que a função própria aos sistemas de ensino de ocultar sua relação dissimulada com as classes sociais vincula-se ao objetivo, também oculto, da reforma do ensino médio e dos itinerários formativos, qual seja: propiciar a estudantes, impedidos de fazer “escolhas”, uma formação diminuta baseada em realidades sociais demasiadamente desiguais, elevando, dessa maneira, as desigualdades e as injustiças que serão reproduzidas e legitimadas pelo próprio campo educacional.
O dossiê Juventude e Trabalho, organizado pela Revista Novos Estudos, é uma das mais atuais, completas e importantes coletâneas de estudos que abordam as relações entre juventude e o mundo do trabalho. Ela teve sua elaboração no início do avanço da pandemia no Brasil. Diante disto, nosso objetivo é levantar discussões que subsidiem o diálogo entre os apontamentos apresentados no referido dossiê e o conjunto dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as taxas de desocupação no país. Para dar conta de tal objetivo, levantamos o seguinte questionamento: como os resultados apresentados no dossiê Juventude e Trabalho dialogam com os dados sobre desocupação no contexto pandêmico de 2020 e 2021? A metodologia de construção deste artigo é de natureza teórico-bibliográfica, intercalada por descrição e análise estatística de dados secundários e exame dos artigos que compõem o dossiê. Segundo nossos resultados, há uma assimetria entre as teses defendidas nos artigos analisados e os dados que deflagram um alto índice de jovens sem trabalho no contexto pandêmico. O artigo conclui que a realidade que enseja uma conjunção entre crise econômica e crise sanitária agrava as desigualdades de inclusão de jovens ao mundo do trabalho. Por fim, esperamos que a análise proposta possa subsidiar uma correlação qualitativa de dados provenientes de pesquisas atuais que apontam desigualdades nas relações de transição da escola para o trabalho, identificando a necessidade de políticas públicas voltadas para educação e inserção no mercado de trabalho de jovens que transitam para a vida adulta.
ResumoO artigo se propõe a estudar, segundo o olhar da filosofia contemporânea, o fenômeno do namoro virtual através da observação do Orkut, rede social on-line. Para tanto, analisa os debates travados em fóruns e enquetes de uma de suas comunidades virtuais, chamada Conheci meu amor pela internet. A análise empírica demonstra que esses fóruns e enquetes apresentam-se enquanto um fenômeno social que dá origem a uma forma particular de apresentação do eu na internet. No ensejo por apresentarem-se, os mesmos atores acabam por construir narrativas de si. O que se observa nessas narrativas de namoros virtuais é a predominância de uma intriga, cujo desfecho revela-se exitoso, de resultado satisfatório, feliz. Os narradores elegem casos de namoros virtuais que se desenrolam sob a forma de uma felicidade amorosa associada a ideais românticos como dignos de serem retratados. O teor dessas narrativas é desses aspectos tributário. Portanto, a partir dessas formulações, defendese neste trabalho a tese segundo a qual as narrativas de namoros virtuais são um misto de fato e ficção, na medida em que são narrativas tecidas com empréstimo tanto do imaginário romântico quanto da própria experiência amorosa vivida nos namoros. Em resumo, esta pesquisa esforça-se por compreender fóruns e enquetes cujo cotidiano amoroso é ficcionalizado e dramatizado através de jogos performáticos compostos pela fabulação romântica e pela experiência de concretude dos namoros virtuais.Palavras-chave: Namoro virtual. Orkut. Fato e Ficção. Narrativas. Amor romântico. AbstractThis article aims to acknowledge the virtual dating phenomenon through the eyes of contemporary philosophy. The research deals with this phenomenon in Orkut, a social networking website. Thus, it considers debates and forums that were present in a Brazilian Orkut online community called Conheci meu amor pela internet (I met my love through the Internet). Empirical analysis demonstrates that these forums and polls present themselves as a social phenomenon that allows a particular form of self presentation on the internet. In order for these subjects to present themselves they built their own self narratives. What is possible to acknowledge considering these narratives is that there is a predominance of the element of intrigue that is further solved and demonstrate a satisfactory result. These narrators then choose online dating situation that present happy endings and happiness that are associated to romantic ideals that are worthwhile being shown. The contents present in these narratives are dealt with by the research. Thus, this work defends the thesis that the online dating narratives are a mixture of facts and fiction once all experiences deal with romantic imaginary as well as personal dating experience. Thus, the research is an attempt to understand what goes on the forums and debates that deal with the fictionalized and dramatized daily experiences in the *
O artigo analisa os determinantes do êxito escolar entre discentes da 1ª série do ensino médio da Escola de Aplicação/UFPA. Com base na perspectiva teórica que enfatiza o peso do capital cultural na explicação das desigualdades educacionais, o trabalho investiga a influência da escolaridade dos pais, renda familiar, posse de livros e hábito de leitura sobre os índices de reprovação. O estudo pretende responder à seguinte questão-problema: como a distribuição desigual de capital cultural interfere no rendimento escolar? Consideramos que uma resposta possível possa ser oferecida por meio do conceito de habitus. Os dados utilizados são provenientes de um questionário, cujos resultados revelam que estudantes sem reprovações no histórico escolar são os mesmos cujos pais têm ensino superior e herdaram, do seio familiar, o gosto pela leitura. O estudo conclui que fatores exteriores à escola auxiliam na determinação da trajetória escolar, apresentando papel determinante no (in)sucesso escolar do grupo estudado.
Com base na perspectiva segundo a qual o jogo é um meio de desenvolvimento das capacidades humanas e um suporte para melhorar desempenhos escolares, este trabalho se propõe analisar as dimensões formativas do jogo na aprendizagem de sociologia. Para tanto, lança o seguinte problema de pesquisa: quais as possibilidades formativas dos jogos na compreensão de conteúdos sociológicos? Para dar conta desta questão, o artigo enfoca uma experiência educativa desenvolvida com alunos/as do 1º ano do ensino médio da Escola de Aplicação da UFPA. Dar respostas à problemática em pauta implicou recorrer a duas demandas centrais para os propósitos desta pesquisa: 1) verificar os aprendizados mediante estratégias de ensino com jogos e 2) examinar o nível de dificuldade, interesse e satisfação, demonstrado pelos/as discentes, no ato de jogar e aprender. Os resultados de nossa pesquisa empírica nos levam a depreender que o jogo funcionou como uma espécie de suporte para a aprendizagem de conteúdos considerados formais da sociologia, mas não somente isso. Conforme nossa análise, o emprego dos jogos permitiu desenvolver competências muito importantes como: aumento da interação entre alunos/as e entre professor-aluno; mais interesse na disciplina; aumento da capacidade de retenção do conteúdo; utilização de conceitos em situações cotidianas reais e crescimento no interesse e participação nas aulas de sociologia.
<p>A Sociologia ambiental surge, a partir dos anos 1960 e 1970, na esteira dos movimentos sociais que deflagravam a situação emergencial de degradação dos recursos naturais e da expansão do industrialismo. Observa-se que, até então, os sociólogos da época não dispunham de recursos analíticos para lidar com a questão ambiental. A temática foi abordada em poucos trabalhos acadêmicos, e a Sociologia clássica não oferecia aporte teórico. Neste contexto, a Sociologia ambiental emerge com o propósito de investigar as divergências e os conflitos associados aos diferentes usos da natureza, buscando compreender as causas dos problemas ambientais e os atores envolvidos. A temática ambiental tornava-se, portanto, objeto de vasta reflexão, demarcando presença nos debates acadêmicos, que reforçavam, por sua vez, a necessidade de sua inserção na educação básica. Atualmente, os livros didáticos de Sociologia para o ensino médio, embora de forma sucinta, apresentam debates sobre as questões relacionadas ao meio ambiente. Em vista disso, este artigo se propõe a analisar a abordagem da questão ambiental nos livros de Sociologia para o ensino médio, comparando as perspectivas e refletindo sobre a importância atribuída à temática. Nestes termos, realizamos um estudo de natureza qualitativa a partir de pesquisa bibliográfica e análise de três diferentes livros aprovados no PNLD 2012, 2015 e 2018, respectivamente: <em>Sociologia para o Ensino Médio</em>,<em> Sociologia em Movimento </em>e <em>Sociologia para Jovens do Século XXI. </em>A pesquisa identifica discussões do campo do estudo em torno da temática ambiental, mas, em uma das obras, ela aparece de forma incipiente e com lacunas.</p>
A Educação Ambiental (EA) surge como uma resposta ao desequilíbrio gerado no meioambiente, causado pela atual forma de vida da sociedade capitalista. Partindo dessepreceito, objetivamos analisar os marcos legais e as abordagens teóricas imbricadas naaplicação da EA no ensino de Sociologia na educação básica. Para tanto, este estudodescritivo, de natureza qualitativa, baseou-se no seguinte percurso metodológico: (1)realizou um levantamento e análise das normativas legais que subsidiam a EA na educaçãonacional; e (2) investigou a produção bibliográfica relacionada à EA no ensino de Sociologia.Nossos resultados indicam que os aspectos legais da EA no Brasil determinam que ela devaser desenvolvida de forma transversal e interdisciplinar, no entanto, não fornecem subsídiossuficientemente sólidos quanto à sua efetivação no ensino de Sociologia. As leis e políticasvigentes não direcionam, de forma clara, como os temas transversais devem ser aplicados.Neste estudo, identificamos, ainda, que a produção bibliográfica que relaciona a EA e oensino de Sociologia é relativamente escassa. Na análise desta produção, constatamos queas abordagens teóricas são diversas, embora seja possível destacar algumas categoriasprincipais, quais sejam: Consciência ambiental; Crise socioambiental; Mudança deparadigma e Teoria da complexidade.
RESUMO: Este artigo investigará as relações entre práticas culturais e desempenho escolar. Com base no conceito de capital cultural, buscaremos compreender a influência dos elementos culturais exteriores à escolarização no rendimento estudantil. O objetivo é entender as razões do (in)sucesso escolar e suas relações com a distribuição desigual de capital cultural. Nossa intenção, portanto, é averiguar em que medida esse modelo teórico pesa na compreensão do desempenho estudantil. Partindo dessas demandas, levantamos o seguinte problema de pesquisa: qual a influência do capital cultural na explicação das desigualdades escolares? Para dar conta dessa questão, investimos na produção de um ensaio teórico de (re)visão com perspectiva qualitativa. Centramos nosso estudo em duas obras que consideramos "pilares", relacionadas ao campo educacional e que, segundo nosso ponto de vista, fundam as principais abordagens contemporâneas da sociologia da educação. Nosso propósito é (re)visitar as reflexões teóricas das obras Os herdeiros (1964) e A reprodução (1970). Em suma, este trabalho busca explorar o potencial explicativo do conceito de capital cultural, examinando, teoricamente, como ele elucida a questão da desigualdade de desempenho entre estudantes de classes sociais distintas. Palavras-chave: Capital cultural; desempenho estudantil; (in)sucesso escolar.
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