As feiras livres são um importante espaço de comercialização dos produtos da agricultura familiar, indo muito além disso: é também espaço de socialização, identidade regional e cultural e também de articulação política. Assim, este trabalho analisa a dinâmica da feira dos agricultores familiares do município de Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais. Ao analisar a problemática dos produtores feirantes e seu relacionamento com outros atores sociais, procurou-se compreender os aspectos econômicos, através da representação na renda dos agricultores, na gestão autônoma dos feirantes, na movimentação da economia local e no seu potencial para fortalecimento e expansão, além dos aspectos socioculturais, nas relações de pertencimento estabelecidas neste espaço. Metodologicamente a pesquisa, de natureza qualitativa, utilizou-se de entrevistas, conversação e observação como instrumentos de coleta de dados, tendo por grupo de entrevistados feirantes, consumidores e comerciantes. Os resultados mostram que a feira gera trabalho e renda no campo, dinamiza a economia local e oferta a soberania e segurança alimentar para a população urbana, além de ser espaço privilegiado de organização e participação social.
O artigo é resultado de pesquisa desenvolvida nos municípios de Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro e Dom Joaquim (MG), localizados na área de influência direta do Projeto de mineração Minas-Rio. Considerando que a situação da agricultura familiar tem se agravado na região com os impactos do projeto de mineração e também que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) com a implementação da Lei nº 11.947/2009 tem sido uma das possibilidades de incentivo e valorização da agricultura familiar, o objetivo deste trabalho foi compreender a execução do PNAE nos três municípios e identificar quais são os desafios, limites e potencialidades da participação da agricultura familiar no programa. Trata-se de uma pesquisa interdisciplinar de abordagem qualitativa, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas e pesquisa documental. Os resultados indicam o PNAE como uma política importante para a agricultura familiar, mas com limitações e desafios à participação dos (as) agricultores (as) atingidos (as) pelo projeto minerário Minas-Rio.
O objetivo do trabalho foi investigar a realidade da inserção dos alimentos da sóciobiodiversidade na alimentação escolar das escolas públicas do estado de Minas Gerais e sua relação com as questões ambientais. Tratou-se de uma pesquisa documental de abordagem qualitativa e os materiais de investigação foram as sistematizações elaboradas pelo CECANE IFSULDEMINAS no produto das Oficinas Regionais realizadas em 2018. As oficinas foram realizadas em diferentes regiões do estado, nos municípios de Lavras, Boa Esperança, Bambuí, Uberlândia e Pompéu. Foi constatado um total de 73 itens alimentares diferentes, destes 15 são considerados nativos dos biomas brasileiros e seis Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). O resultado do levantamento feito nas oficinas demonstrou pouca diversidade alimentar nos cardápios escolares, sendo que 26 itens foram citados em todas oficinas. Este padrão alimentar é preocupante do ponto de vista ambiental, uma vez que está restrito a poucas espécies de plantas. Por outro lado, o Brasil é um país de grande riqueza biológica, com muitas espécies consideradas propícias para a alimentação humana, onde a simbiose entre homem e natureza acontece nos processos de sociobiodiversidade, um potencial a ser valorizado, em que a escola aparece como um mecanismo estratégico de incentivo.
Neste artigo, propomos enunciar aproximações entre as práticas presentes nas feiras-livres com elementos centrais da filosofia ameríndia do Bem Viver. Apesar da força do mercado varejista na venda de produtos alimentícios, a feira resiste com sua forma e conteúdo peculiares, sendo um importante espaço de comercialização da produção da agricultura familiar e tradicional e de acesso a alimentos saudáveis. As relações e sociabilidades que se desenrolam nesse espaço fazem da feira mais que mero mercado, sendo um lugar de ritmo, encontros, passeios, aonde se vai para comprar, para rever amigos, família, histórias de vida. Diante disso, nosso objetivo neste ensaio teórico é discutir a feira-livre como um espaço de resistência e uma experiência de Bem Viver, muito mais complexa do que a lógica economicista é capaz de compreender. Convivialidade, coletividade, pessoalidade, informalidade, confiança, vínculo territorial, saberes seculares, valorização cultural, outros modos de produção e consumo são alguns dos muitos elementos materiais e simbólicos que representam a feira-livre como um espaço plural que se expressa em uma ética e valores não exclusivamente mercadológicos. A feira é uma experiência de resistência que se materializa no cotidiano da classe trabalhadora, sejam estes produtores, feirantes ou consumidores. Defendê-la, colocando em evidência sua expressão social, que carrega símbolos contrários à modernidade ocidental, é promover a construção de caminhos para “adiar o fim do mundo” (KRENAK, 2019).
As estratégias de geração de trabalho e renda desenvolvidas por ex-plantadores de arroz dos bairros rurais de Sobradinho e Martins, em Piranguçu, sul de Minas Gerais, Brasil, são centrais neste artigo. O objetivo foi conhecer as estratégias desenvolvidas e as mudanças promovidas após o fim dos arrozais nas comunidades a partir dos anos 2000. Para alcançar o objetivo deste trabalho foi necessário recorrer aos próprios sujeitos do cenário a ser pesquisado, o qual foi escolhido pela percepção, de um dos pesquisadores, das mudanças que ocorrem nas localidades estudadas. A investigação ocorreu com vinte sujeitos que possuem vínculo familiar e identitário com os bairros. As entrevistas retrataram as transformações e a configuração dos dois bairros estudados através das histórias de vida de cada morador selecionado. Os resultados mostraram um processo de modificação na estrutura econômica e social dos bairros, o que transformou o modo de vida de seus moradores. Com as estratégias de trabalhos não-agrícolas e das idas para áreas urbanas, os bairros se mostraram incorporados à nova configuração urbana do município de Piranguçu, porém, mantendo uma campesinidade que ainda teima em resistir.
Resumo: O objetivo deste trabalho foi identificar o perfil dos produtores orgânicos do estado de São Paulo, analisando a distribuição espacial, o sistema de avaliação da conformidade orgânica adotada e a diversidade produtiva. Foi realizada pesquisa documental de abordagem qualitativa. O documento analisado foi o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO). A organização dos dados foi realizada com base nas 15 mesorregiões do estado, estabelecidas pelo IBGE. Existem produtores orgânicos registrados pelo MAPA em 97,7% dos municípios paulistas. 61,5% dos produtores adotam a auditoria para a avaliação da conformidade orgânica. A maioria dos produtores orgânicos é composta por homens com idade superior aos 41 anos. A agricultura orgânica no estado de São Paulo está concentrada em determinadas regiões, sobretudo naquelas em que há predominância da agricultura familiar. Em regiões com forte presença dos clusters produtivos do agronegócio, como a cana-de-açúcar, há o menor número de produtores orgânicos. Mesmo havendo diferentes índices de ocorrência, a agricultura orgânica está presente em todo o território paulista, o que indica o seu potencial de crescimento no estado.
As feiras de artesanato possuem um papel de importância social, histórica, cultural e econômica nos contextos em que estão inseridas. Itajubá, município no sul de Minas Gerais, possui a feira de artesanato da Associação Artes da Terra (AAT), originada em 2001 e que atualmente conta com 26 associadas e associados e está localizada na praça Getúlio Vargas, local este que possui algumas demandas de melhorias e que hoje os membros da AAT necessitam da mudança de localidade da feira. Com isso, a presente pesquisa tem por objetivo analisar a partir de uma perspectiva feminista a ocupação pública e social da feira das mulheres da Associação Artes da Terra na Praça Theodomiro Santiago e a sua interação com o comércio fixo local e o poder público e, posteriormente, analisar as relações com o poder público municipal. Para o melhor alcance desses objetivos, foram utilizadas como percurso metodológico entrevistas semiestruturadas com 18 comerciantes do entorno da praça Theodomiro Santiago.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.