valorização da sociobiodiversidade na alimentação escolar

Abstract

O objetivo do trabalho foi investigar a realidade da inserção dos alimentos da sóciobiodiversidade na alimentação escolar das escolas públicas do estado de Minas Gerais e sua relação com as questões ambientais. Tratou-se de uma pesquisa documental de abordagem qualitativa e os materiais de investigação foram as sistematizações elaboradas pelo CECANE IFSULDEMINAS no produto das Oficinas Regionais realizadas em 2018. As oficinas foram realizadas em diferentes regiões do estado, nos municípios de Lavras, Boa Esperança, Bambuí, Uberlândia e Pompéu. Foi constatado um total de 73 itens alimentares diferentes, destes 15 são considerados nativos dos biomas brasileiros e seis Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). O resultado do levantamento feito nas oficinas demonstrou pouca diversidade alimentar nos cardápios escolares, sendo que 26 itens foram citados em todas oficinas. Este padrão alimentar é preocupante do ponto de vista ambiental, uma vez que está restrito a poucas espécies de plantas. Por outro lado, o Brasil é um país de grande riqueza biológica, com muitas espécies consideradas propícias para a alimentação humana, onde a simbiose entre homem e natureza acontece nos processos de sociobiodiversidade, um potencial a ser valorizado, em que a escola aparece como um mecanismo estratégico de incentivo.

Cardápios Escolares: Desafios Frente Às Novas Diretrizes Alimentares Do Programa Nacional De Alimentação Escolar

“…Os cardápios escolares ainda são planejados pensando no sistema agroalimentar convencional e, muitas vezes, sem articulação com a produção local dos alimentos, bem como a preferência por alimentos orgânicos e agroecológicos (SOUZA et al, 2015). O diálogo entre os gestores públicos com os agricultores locais é uma etapa prévia do planejamento de cardápios, pois busca identificar e mapear a produção de alimentos e sua sazonalidade para serem incluídos nos cardápios, evitando a imposição de uma produção de alimentos básicos que contribuem para o desmatamento e a extinção das plantas nativas (BRITO et al, 2020). Salienta-se que o PNAE preconiza a conservação da biodiversidade, o resgate aos hábitos alimentares locais, o apoio ao desenvolvimento sustentável e o fortalecimento econômico regional pela compra de produtores locais da agricultura familiar (PEREIRA; LENCINA; MACHADO, 2020;BRASIL, 2020).…”

Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no contexto da gastronomia e da educação alimentar e nutricional

“…Principais resultados A valorização dos alimentos oriundos da sociobiodiversidade na merenda escolar em Minas Gerais [17] .…”

“…Nas ações demonstradas no Quadro 1 observam-se diversos benefícios e potenciais da gastronomia quando aliada à EAN que resultam em mudanças reais na alimentação nos locais onde essas ações foram desenvolvidas. Como exemplo dessa afirmativa cita-se uma maior variabilidade no cardápio devido à influência das preparações típicas indígenas e quilombolas, e a consequente preservação dos alimentos oriundos da sociodiversidade e das PANC [17] . Ademais observouse também que a utilização dos alimentos da sociobiodiversidade, incluindo-se as PANC, contribuem para a SAN e para a soberania alimentar [18] .…”

“…Também cabe mencionar alguns pontos sobre a alimentação escolar relacionados aos aspectos pertinentes à SAN e à agricultura sustentável, dispostos na Lei 11.947, de 16 de junho de 2009 [24] , que determina que os gestores da educação pública no Brasil devem dedicar no mínimo 30% do recurso proveniente do governo federal destinado à alimentação dos estudantes para aquisição de alimentos oriundos da agricultura familiar. Todavia, conforme demonstrado por Brito et al [17] somente a instrumentação deste dispositivo legal não é suficiente para promover reais benefícios em termos de diversidade no cardápio escolar. No estudo em questão, foi investigada a relação entre os alimentos demandados para compor o cardápio escolar com a totalidade de alimentos ofertados pelos pequenos agricultores no Estado de Minas Gerais para avaliar um possível desencontro entre a demanda e a oferta desses itens.…”

A atuação do nutricionista nas compras da agricultura familiar para o Programa Nacional de Alimentação Escolar em municípios do Rio Grande do Sul

“…Nota-se que a normativa da inclusão da AF no PNAE se deu no mesmo ano, demonstrando alinhamento com o PNPSB. Contudo, apesar dos avanços legais, estudos têm constatado baixa presença desses alimentos nos cardápios escolares [33,47,48] . Além disso, pesquisas sobre esse tema ainda são escassas na literatura, merecendo mais atenção.…”