Neste texto, formula-se um convite aos programas de pós-graduação em administração, em particular aos programas integrantes da ANPAD. Por razões que serão expostas a seguir, propõe-se que cada programa de pós-graduação institua uma linha de pesquisa, um programa, ou, no mínimo, uma atividade que promova a reflexão sobre o ensino e aprendizagem em Administração. Por que uma linha de pesquisa sobre ensino de Administração? Que significado tem a institucionalização da pesquisa sobre ensino neste momento de transformações radicais nos contextos, conteúdos e práticas de ensinar e aprender?
O título acima evoca as seis propostas para o milênio referidas à criação literária. Um dos melhores trabalhos do final do século XX e último livro de Calvino (1991), presta-se a muitas leituras e aplicações. Leveza, agilidade, visibilidade, multiplicidade, precisão e consistência são princípios que interferem em conteúdos e formas literárias aqui utilizadas para tratar da reflexividade do ensino de organizações e gestão. O que se ensina no Brasil, de que forma o conhecimento é selecionado e reorganizado como matéria de ensino, segundo a natureza deste conhecimento nos diversos níveis em que o ensino é ministrado e ocorrem aprendizagens são o foco principal deste trabalho, que se refere a resultados de pesquisa realizada com a comunidade de professores dos programas de pós-graduação. Como pressuposto, o gap entre a revolução das formas organizacionais da contemporaneidade, as múltiplas variantes de poder e a rigidez dos desenhos curriculares têm a disciplina como unidade produtiva dos cursos. O investimento em novas formas organizativas de ensino coerentes com o conteúdo do que se pesquisa e com os avanços das teorias que moldam o campo multifacetado dos estudos organizacionais, é um desafio à comunidade de professores, hoje articulados pela ANPAD.
RESUMOste texto discute, essencialmente, a natureza e estrutura dos Estudos Organizacionais e suas representações como matéria de ensino, ao mesmo tempo recorte epistemoló-gico e construção social. O campo dos Estudos Organizacionais (E.O.) é eixo estruturante dos cursos de graduação em administração, reflexivo da estabilidade e transformações paradigmáticas das disciplinas que contribuem para o campo. Como os Estudos Organizacionais estão representados por disciplinas nos cursos de graduação em Administração no Brasil, de que forma os atores institucionais e instâncias decisórias contribuíram para estas configurações, especialmente nos últimos 25 anos em que se fizeram sentir os efeitos de pós-graduação e da constituição de "comunidades de discurso" e de interesses, são questões que se tenta responder. Ilustra-se com o mapeamento curricular de um curso de graduação, representativo do universo de cursos. O campo dos Estudos Organizacionais deve responder aos desafios de construção de uma prática de ensino nacional, articulada, mas não dependente do pensar e agir exógenos. Conclui-se com propostas de afirmação identitária, do campo dos Estudos Organizacionais, como eixo curricular e matéria de ensino.ABSTRACT asically, this text addresses the nature and structure of Organizational Studies, as well as its characteristic as educational subject, epistemological intervention and social construction. The area of Organizational Studies (OS) is the framework for graduating in Business Administration and reflexive of the stability and paradigmatic transformation of the disciplines associated with this area. Since the Organizational Studies are represented by the disciplines included in administration graduation courses in Brazil, one of the issues that we will attempt to focus in this paper is the way in which institutional players and decision-making instances have added to its configuration, especially in the last 25 years with the contribution of post graduation results and creation of "discussion communities" and other initiatives. The mapping of graduation course curriculum representing the universe of courses is intended to illustrate the area under discussion. The proposal of the Organizational Studies is to respond to the challenge of constructing an articulate national teaching practice not relying on any exogenous way of thinking or acting. The conclusion of this study identifies the Organizational Studies proposal as the curriculum core and subject.
Este artigo estuda a relação existente entre a gestão social do desenvolvimento, a performance de organizações da sociedade civil e o perfil de seus líderes. Para tanto, foram realizadas duas entrevistas, por meio da técnica da história oral, com dois gestores fundadores das respectivas organizações onde trabalham, situadas em Salvador e consideradas de reputação. Algumas questões nortearam o estudo qualitativo. Como a história de vida do seu principal gestor contribuiu para a organização ser o que é hoje? Como a sua história de vida se confunde com a história da organização? O que o levou a ser um gestor social e, mais especificamente, a fundar a organização? O que se vislumbra para o futuro da organização? Conclui-se que as organizações e seus gestores estão estreitamente imbricados e o sucesso das organizações reflete a trajetória bem-sucedida de seus líderes.
Fenômeno recente e polêmico no ensino de pós-graduação no Brasil, o mestrado profissional abre espaço entre as modalidades representadas por doutorado, mestrado acadêmico e especialização. Este texto é uma narrativa do processo de institucionalização do mestrado profissional (MP), iniciada nos anos 1990.Viver a história e selecionar elementos para reorganizá-los dentro de um foco narrativo tem os riscos da mistificação dos fatos, mas também permite reconstruir trajetórias e, reflexivamente, olhar o futuro. Participei das formulações da política de ensino profissional, integrando comissões da Fundação CAPES e da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Administração (ANPAD) na década de 1990 e coordenei um dos quatro primeiros cursos de mestrado profissional durante seis anos e quatro turmas, totalizando 150 alunos 1 . Este texto reflete sobre o MP como a inovação sedutora e arriscada que é. Tensões e dilemas têm marcado a trajetória desse modelo de ensino. As seduções ficam por conta dos esforços das instituições ao recriarem cursos de pós-graduação, investindo em novos designs curriculares e estratégias de aprendizagem, em quadros docentes com qualificação acadêmica e experiência gerencial, em bom ensino presencial e à distância, em conciliação de estudos com trabalho, em articulações efetuadas entre teoria e práti-ca. Como se constata, o MP não é um curso excludente. Ao contrário, é ambicioso ao tentar conciliar os contrá-rios, os paradoxos dos eixos acadêmi-co e profissional dos cursos de pós-graduação em Administração.O percurso do ensino profissionalizante não foi tortuoso e ambíguo somente nas escolas brasileiras. A crise das escolas de gestão e as reações aos MBAs internacionais, vindas das instituições de ponta no exterior, tiveram como conseqüência a adoção de novos modelos e a internacionalização de cursos, com forte tendência à globalização.Contextualiza-se o tema na histó-ria recente da pós-graduação brasileira, discutindo peculiaridades e paradoxos de uma área híbrida, com um pé no espaço acadêmico e outro nos espaços da sociedade regidos por ló-gicas diversas -sejam a empresa, os governos ou as organizações ditas sociais. Essa não é uma preocupação exclusiva da área de Administração. Hoje, há mestrados profissionais em áreas óbvias como Engenharia e Odontologia, mas também em Sociologia e Teologia. A mais surpreendente iniciativa é a dos mestrados profissionais em ensino de Física, Química e Matemática. Ou seja, antes de tudo, o mestrado profissional tem o caráter de inovação e reconstrução do modelo tradicional de ensino.Revisitar o pretérito imperfeito, tanto na formulação de políticas quanto na realização de experiênci-as, é o objetivo deste texto. Na segunda metade dos anos 1990, quatro instituições (duas universidades federais -UFBA e UFRGS -e as duas escolas de Administração da Fundação Getulio Vargas -EAESP e EBAPE) submetem projetos de mestrado profissional e os colocam em prática.As lições aprendidas pela experiência da Escola de Administração da UFBA podem ser sumarizadas nos ...
Este artigo problematiza o uso da literatura como recurso estético durante o processo de ensino da administração, com base em uma análise multidisciplinar dos trabalhos acadêmicos publicados, com a finalidade de: refletir sobre literatura e o papel da ficção no ensino, articulando a literatura com a existência humana; abordar a pesquisa em organizações e o uso de gêneros e estilos literários na produção do conhecimento; e discutir sobre os usos dos textos literários em ensino, pelo relato e discussão de práticas que utilizam a literatura. Tem especial destaque a dimensão estratégica da atividade de ensino que usa a literatura como recurso estético. A conclusão é de que o texto literário é um poderoso recurso de aprendizagem, pois tem como matéria-prima a palavra, o discurso, que é a essência da administração. E, também, que a integração entre administração e literatura pode ser uma estratégia fecunda, favorecendo criatividade e descoberta, pois possibilita o desenvolvimento de capacitações para sentir e conhecer.
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