Objetiva-se discutir o processo de intervenção desenvolvido junto a travestis que enfrentam condições de extrema vulnerabilidade social. O trabalho foi desenvolvido em uma casa-pensão onde moravam e trabalhavam como profissionais do sexo, pautando-se nos pressupostos das Metodologias Participativas. Foram realizados 20 encontros, trabalhando-se os seguintes temas: condições de vida e moradia, relação com familiares e companheiros, relação com as drogas, acesso aos serviços públicos de saúde, autoimagem e relações com o corpo. Através da intervenção, favoreceu-se o fortalecimento dos laços grupais, bem como o desejo de cuidarem de si, refletindo acerca da condição de vulnerabilidade que vivenciavam e de formas para sua superação.
RESUMO:Pessoas de identidade trans vivenciam intensa discriminação e exclusão social. Destaca-se a importância da construção de espaços em que elas possam ser ouvidas em suas demandas, vivências e compreensões acerca de seus direitos. O objetivo deste artigo é analisar percepções acerca dos Direitos Humanos de dois grupos de travestis, de uma cidade do Estado de São Paulo, com especial ênfase aos direitos sexuais. Foi desenhado um estudo qualitativo, a partir dos pressupostos da abordagem da pesquisaação. A coleta de dados ocorreu durante dois anos de intervenções realizadas com esses grupos, registradas em diário de campo, além de entrevistas semiestruturadas com participantes. Constatou-se que as integrantes dos grupos em questão são excluídas de saberes que são fundamentais para terem acesso a seus direitos, tanto pelo desconhecimento daquilo que já lhes é assegurado por lei, quanto dos meios, através dos quais, podem exigir sua garantia. A partir de suas vivências, indicam questões que deveriam ser garantidas como direitos, entre elas: "direito de ser gente", à saúde e à feminilização dos corpos, à mobilidade e acesso à cidade e à segurança. Ressalta-se, ainda, que as pessoas estudadas compreendem a condição em que vivem como algo imutável através de suas ações. É importante favorecer a apropriação de conhecimentos, bem como incluir ativamente as pessoas trans nas formulações de políticas e ações para elas destinadas, com vistas à efetivação dos preceitos formulados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. PALAVRAS-CHAVES: identidade trans; travestis; processos de exclusão; direitos humanos.Abstract: Trans identity persons experience intense discrimination and social exclusion. Thus, it is notorious the importance of the construction of spaces in where it can be heard their demands, experiences and understandings concerning their rights. The aim of this article is to analyze perceptions concerning Human Rights of a group of transpersons, which lived in a city of São Paulo state, especially focusing on Sexual Rights. A qualitative study was designed, according to action research approach. Data were collected during two years long interventions with these groups, through field notes and transcriptions of interviews with the participants. The participants perceived themselves as excluded from fundamental knowledge in order to have access to their rights. So much not knowing what was assured by law, so their means of assuring rights. From their experience, they point to questions that should be granted as rights, such as: "right of being a person", health and body "feminilization", mobility and access to city and safety. It is highlighted that the participants understand the condition in where they live as something unchangeable by their own actions. It is important to promote empowerment of
RESUMOVivemos em uma sociedade pautada no dispositivo cultural de poder da heteronormatividade. Assim, a homofobia e a transfobia, frequentemente já vivenciadas na família, são reproduzidas na escola. No presente trabalho, pretende-se construir compreensões sobre as vivências escolares de um grupo LGBT, que enfrentam condições de vulnerabilidade, na relação com a heteronormatividade, assim como elencar elementos importantes para a construção de um cotidiano escolar em que caiba a diversidade sexual e de gênero. Adotou-se uma abordagem de cunho cartográfico. O trabalho com o grupo foi desenvolvido em um centro de referência a pessoas em situação de rua que frequentavam o local para refeições e banho. Os encontros foram semanais ao longo de um ano. Utilizaram-se como instrumentos de coleta de dados: o diário de bordo e entrevistas. Constatou-se que as histórias demonstram com intensidade a ação da heteronormatividade enquanto dispositivo cultural de poder, legitimando hierarquizações e processos de exclusão e violência. A transfobia e homofobia resultaram em processos de isolamento e expulsão da escola, assim como da negação das condições básicas de aprendizado, expressas no não domínio da escrita e da leitura. Ao longo do trabalho desenvolvido, destacou-se o potencial do trabalho em grupo, através do qual puderam reconhecer e reinterpretar as próprias dores, entendendo-se como sujeitos que possuem uma história que merece ser contada e que apresenta um potencial de ajuda a outras pessoas que vivenciam condições semelhantes. Palavras-chave:Heteronormatividade. Escola. Abjeção.
<p>Vivemos em uma sociedade heteronormativa, que define os padrões de normalidade para a vivência da sexualidade e relações estabelecidas com os corpos. Aqueles que rompem com os padrões vigentes são rotulados e discriminados, entre essas pessoas estão as travestis. Estas promovem procedimentos para adequar seu corpo à expressão desejada, como a ingestão de hormônios e aplicação de silicone industrial. O presente trabalho tem por objetivo construir compreensões sobre as relações estabelecidas entre travestis do interior de SP e agentes de um programa de Redução de Danos. Utiliza-se uma abordagem de cunho cartográfico, através da qual se busca discutir como nos encontros com travestis e Redutores foram sendo construídas tessituras de entendimento de suas experiências, mas também produzindo pequenos esgarçamentos do tecido instituído da heteronormatividade e exclusão, promovendo referências de autocuidado.</p>
Vive-se em uma sociedade heteronormativa que discrimina aqueles que rompem com a heterossexualidade e com o binarismo de gênero. A escola, que deveria colaborar na promoção do respeito às diversidades, frequentemente reproduz e produz relação de exclusão daqueles que não coadunam à norma. O presente trabalho tem por objetivo construir compreensões acerca das trajetórias escolares de um grupo de pessoas transexuais do Interior do Estado de São Paulo. Para tanto, utilizou-se uma abordagem qualitativa a partir dos pressupostos da História Oral Temática. Foram realizadas entrevistas abertas, com cinco pessoas transexuais, analisadas a partir do método de Análise Textual Discursiva. Constatou-se que a percepção de anormalidade já experimentada com os cuidadores na família, confirma-se e se fortalece através das vivências escolares. Identificam-se vivências intensas de preconceito e discriminações nas relações com a equipe educativa e colegas, configurando essas pessoas na condição de abjetos. Há, nos relatos, negações de direitos fundamentais, ao longo da vivência escolar, que comprometem a permanência com sucesso e trazem intenso sofrimento psíquico. Por fim, identificam-se várias estratégias e esforços que essas pessoas se utilizaram e empreenderam na busca por aceitação e reconhecimento por parte de educadores e colegas.Palavras-chave: Pessoas transexuais; Abjeção; Gênero; Escola. ABSTRACT: It lives in a heteronormative society that discriminates against those who break with heterosexuality and with gender binarism. The school, which should collaborate in promoting respect for diversity, often reproduces and produces exclusionary relationships from those who do not conform to the norm. The present work aims to build understanding about the school trajectories of a group of transsexual people from the State of São Paulo. For that, a qualitative approach was used based on the assumptions of Oral Thematic History. Open interviews were conducted with a group of transsexual people, analyzed using the Discursive Textual Analysis method. It was observed that the perception of abnormality already experienced with caregivers in the family is confirmed and strengthened through school experiences. We identify intense experiences of prejudice and discrimination in relations with the educational team and colleagues, configuring these people as abject. There are, in the reports, denials of fundamental rights, throughout the school experience, that compromise the permanence with success and bring intense psychic suffering. Finally, we identify several strategies and efforts that these people have used and undertaken in the search for acceptance and recognition by educators and colleagues.Keywords: Transsexual people; Abjection; Gender; School.
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