A proposta do texto é refletir sobre os primeiros resultados de uma pesquisa que analisa a implementação de políticas públicas e práticas educativas do campo no estado de Santa Catarina. Nos seus objetivos, aponta para a necessidade de analisar as políticas e práticas sociais de educação do campo adotadas no estado nos últimos 10 anos(de 1998 a 2008). Para isso, propõe-se a realizar um levantamento das políticas específicas de educação do campo em Santa Catarina adotadas pelo governo estadual, seja em forma de programas, projetos, leis, normatizações ou em outras formas particulares que tratem a questão no âmbito de suas ações diretas, bem como na relação que estabelece com os municípios, no espírito do regime de colaboração entre os sistemas federativos.
Este artigo propõe-se a discutir a experiência de professores e professoras das escolas de assentamento organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra -- MST, no oeste catarinense. Seguindo uma metodologia qualitativa, o estudo possibilitou a apreensão de aspectos significativos do universo cultural dos sujeitos, destacando as relações construídas na vida familiar, no desempenho da profissão e na participação política no Movimento. A análise da ação desenvolvida pelos professores nos diversos espaços de atuação vai revelando como eles se tornam sujeitos de sua experiência. A adesão às propostas educativas do MST possibilita a manifestação de uma identidade que fortalece a experiência cotidiana de ser professor, favorecendo o desenvolvimento de uma consciência orgulhosa da prática docente. A experiência é realimentada na escola e também nas instâncias educativas propiciadas pelo Movimento, nos contatos com o grupo de docentes, nos estudos que desenvolvem, nas trocas com os alunos e seus familiares. Isso possibilita aos professores estabelecer prioridades, acrescentando elementos significativos aos conteúdos escolares. Evidencia-se aí a perspectiva de veiculação, na escola, de uma dimensão do saber enriquecido pela ação política gerada nas práticas coletivas. Esse envolvimento resulta em experiências diferenciadas que se refletem nas ações desenvolvidas na escola e no Movimento. Com isso, esses professores reelaboram o espaço da escola no meio rural, criando novos compromissos que transformam sua atividade docente, ampliando seu aprendizado e as relações de solidariedade presentes na cultura do campo.
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