Este trabalho tem como objetivo analisar o papel das redes de acolhimento no processo migratório dos haitianos no Brasil, procurando entender a razão pela qual tais redes tiveram uma centralidade na gestão dessa imigração e na interlocução das questões por ela engendradas no país e, ao mesmo tempo, balizar o papel que elas tiveram para facilitar a mobilidade desses migrantes internamente, além de retroalimentar o fluxo migratório, iniciado de forma expressiva em 2010. Partindo de dados coletados na fronteira, em Manaus e em algumas cidades brasileiras, onde foram aplicados 279 questionários, que reúnem informações acerca dos migrantes haitianos presentes no Brasil, bem como da família ausente, seja no Haiti ou em outro país, foi possível levantar a hipótese de que, sem essas redes de acolhimento, a chegada e os percursos desses imigrantes pelo Brasil teriam sido muito mais dramáticos do que realmente foram, em razão da falta de políticas públicas de acolhimento e de inserção sociocultural.Palavras-chaves: Imigração haitiana. Redes migratórias. Acolhimento. Brasil.
Este artigo tem como objetivo analisar os significados da presença haitiana na fronteira Amazônica, buscando entender as reações a esta presença, seja da parte do governo brasileiro, seja da sociedade local, bem como explicitar a visão dos haitianos sobre o visto humanitário e suas expectativas sobre o Brasil. Nessa perspectiva, o conceito de "governamentalidade", o qual implica numa articulação entre as fronteiras sociais (boundaries) e as fronteiras físicas (borders), poderá nos ajudar a entender as contradições no gerenciamento deste fluxo migratório, deixando entrever que práticas de acolhimento são, na verdade, um desdobramento de práticas de controle migratório.Palavras-chave: fronteiras, haitianos, visto humanitário, Amazônia.A presença de haitianos nas fronteiras amazônicas, a partir de 2010, além de ser um fato novo na região, surpreendeu a todos, tanto o governo brasileiro quanto a sociedade civil. Para aquele, o primeiro desafio era definir-lhes um estatuto jurídico, já que ao chegarem naquelas fronteiras sem o visto de entrada, seja no estado do Amazonas ou no Acre, eles solicitam a condição de "refugiados" para permanecer de forma legal no Brasil. Caso contrário correriam o risco de serem barrados durante o percurso até Manaus ou de lá permanecer de forma indocumentada. Para a sociedade civil, o grande desafio foi prover-lhes acolhimento, sem as condições estruturais e econômicas para fazê-lo com dignidade. Nesse caso, a solidariedade de grupos religiosos ou não tem sido mais forte que a burocracia e a letargia de instituições governamentais, que tardaram em tomar medidas para gerenciar este fluxo migratório, provocando uma crise humanitária, primeiro em Tabatinga (AM), no final de 2011, e depois em Brasiléia (AC), no início de 2013.
This paper examines how Haitian migration connecting Haiti to Brasília is enacted through Latin America. The empirical data come from an ethnographic study of Haitians in Brasilia. Semi-structured interviews and focus groups were conducted with 34 migrants to reconstruct their mobilities. We explore how the Haitians’ historical practice of living on the move has enabled them to deal with border controls and develop tactics to circulate through several Latin America countries, including Brazil. We argue that their migration to the Brazilian capital can neither be understood as a linear movement characterized by an established Haiti-Brasilia connection nor defined as movement to a place where these migrants attempt to settle down. Rather, we show that the recent presence of Brasilia in the mobility of these Haitians has to be understood in the context of a vast dynamic meshwork of places, people and information.
A imigração para o Amazonas continua sendo um campo aberto à pesquisa antropológica, seja aquela de cunho histórico, ainda pouco pesquisada, seja a mais recente, sobretudo a oriunda de países fronteiriços da Região Amazônica. Entretanto, o grande desafio que se coloca aos estudiosos dessa temática é superar a referência teórica que norteou as análises que tiveram como marco explicativo os ciclos econômicos, entre eles o da borracha. No caso da imigração recente para o Amazonas, a tentação é relacioná-la também com o ciclo de desenvolvimento econômico propiciado pela criação da Zona Franca de Manaus em 1967, fator que poderia por si só explicar a presença de novos imigrantes, entre eles os hispano-americanos. Compreender a lógica e as especificidades dessa presença é o que pretendemos discutir neste artigo, que se insere em uma preocupação de pensar a imigração no Amazonas não apenas como um fenômeno demográfico e econômico, mas sobretudo como um processo social de mão dupla, ou seja, que afeta tanto a sociedade de origem quanto a de acolhida, em suas dimensões sociais e culturais, nas relações de gênero e nos processos identitários.
Este artigo tem como objetivo analisar a presença haitiana nas fronteiras Amazônicas e em Manaus, buscando entender as formas pelas quais eles estão sendo inseridos social e culturalmente, apontando a falta de políticas públicas que inclua imigrantes na condição de vulnerabilidade. Na verdade, a falta de políticas sociais voltada para migrantes é um reflexo da política de “acolhida” nas fronteiras físicas, ou seja, elas revelam quem é “desejado” ou não pelos estados nacionais, que gerenciam suas fronteiras de acordo com seus interesses, e não na perspectiva dos direitos dos imigrantes.Palavras-chave: Fronteiras amazônicas; haitianos; políticas públicas.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.