Neste trabalho, sustentando-nos em concepções teóricas não essencialistas de cultura, buscamos compreender como as escolas da cidade de Abaíra (BA) podem contribuir para a compreensão das tensões da vida comunitária e para o posicionamento crítico dos alunos diante das estratégias locais de identidade construídas em torno da produção de cachaça artesanal. A partir de um estudo socioantropológico das práticas produtivas, buscamos sensibilizar as escolas para que sintonizassem seus currículos com o meio social. Por intermédio da aplicação do conceito de circularidade entre as culturas, evidenciamos que é possível articular os modelos cognitivos da vida cotidiana e da ciência na aprendizagem conceitual, interpretando as técnicas para se verificar se a cachaça está forte: o teste indiciário do ajofe, vinculado à experiência sociocultural local, e a alcoometria, que envolve a aplicação da racionalidade técnico-científica exigida pela nova configuração social.
A formação docente no Brasil vivencia dificuldades que perpassam décadas de disputas político-pedagógicas e sociais. Essa questão se aprofunda quando se discute a situação do professor de Ciências Naturais, justamente por representar uma área com grande escassez de matrículas e pela ausência de diretrizes curriculares específicas orientadoras para a licenciatura. Entretanto, por se tratar de um campo integrado de saberes, os cursos de Licenciatura em Ciências Naturais (LCN) precisam lidar com a necessidade de adoção de uma abordagem complexa como a interdisciplinaridade. Ciente das dificuldades para a sua adoção, este estudo, de cunho qualitativo, buscou analisar os limites e as possibilidades para a adoção da interdisciplinaridade durante a formação de professores em um Curso de LCN no Brasil. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com estudantes, professores, coordenadores e um representante institucional ligados à LCN da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em suma, os limites apontados pelos entrevistados (Organização Curricular; Desvalorização do Curso; Complexidade da Interdisciplinaridade; Mercado de Trabalho e Conservadorismo Institucional) levam a uma conjuntura de questões que extrapolam uma mera discussão curricular ou pedagógica, recaindo nos já tradicionais discursos ligados à desvalorização da carreira docente. Desta forma, os relatos e análises apresentadas ao longo do texto traduzem inquietações, dilemas e possibilidades que podem estimular novos diálogos entre saberes visando a inclusão da interdisciplinaridade na formulação de novos currículos de Licenciatura em Ciências Naturais.
Este artigo tem por objetivo refletir sobre algumas questões levantadas no Grupo de Discussão de Pesquisas (GDP) Educação ambiental e culturas, durante o IX Epea – Encontro Pesquisa em Educação Ambiental, realizado em Juiz de Fora, no ano de 2017. Para além de trazer um relato das discussões, o artigo se debruça sobre a evolução das temáticas dos trabalhos relacionados a culturas, apresentados nas cinco últimas edições do EPEA, em um pequeno estado da arte realizado por meio de termos de busca ligados à temática, presentes em seus resumos. Percebe-se que, nas edições de 2009, 2011 e 2013 predominavam, entre os textos que traziam a palavra cultura em seus resumos, trabalhos ligados aos estudos culturais, particularmente abordando aspectos ligados aos discursos que se relacionam com as questões ambientais, presentes nas mídias e na sociedade. Nas duas últimas edições, de 2015 e 2017, nota-se o aumento do número de trabalhos abordando questões como interculturalidade, diálogo de saberes e decolonialidade, possibilitando identificar possíveis desdobramentos epistemológicos presentes no campo da pesquisa em educação ambiental articulada ao debate em torno das questões culturais.
O ensino de biologia celular tem sido objeto de estudos que envolvem aspectos curriculares e didáticos. Considerada um campo abstrato na biologia, a citologia é uma temática trabalhada com dificuldade. Este trabalho objetivou analisar formas de abordagem didática de biologia celular propostas para o Ensino Médio, através de uma revisão sistemática na literatura especializada. Utilizamos como critério de marco temporal inicial a década de 1990, quando se consolidou no Brasil a abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade, perspectiva educacional que consideramos uma tentativa de superação do ensino fragmentado. A investigação envolveu a análise de trabalhos publicados nas principais revistas de pesquisa em ensino de Ciências no âmbito nacional e em anais de encontros nacionais da área. As análises mostraram que nas abordagens propostas predomina uma ênfase conceitualista e cientificista, não acionando comumente a história da ciência, questões sociais e dilemas éticos no processo formativo.
O presente trabalho objetivou analisar formas de abordagem didática de Genética propostas para o Ensino Médio ou para a formação de professores/as, por meio de uma revisão sistemática das experiências didáticas relatadas no Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino em Ciências (ENPEC), bem como discutir se as propostas em questão estão de acordo com os sentidos do pluralismo epistemológico e do multiculturalismo crítico. O estudo caracterizou-se como uma revisão sistemática da literatura, para a qual foram selecionados 22 trabalhos publicados em nove edições do ENPEC. A análise dos artigos seguiu os princípios da análise de conteúdo, que tem como finalidade principal a interpretação das comunicações, por meio de procedimentos sistemáticos de descrição das mensagens. Os resultados da pesquisa indicam a necessidade de planejar, desenvolver e avaliar intervenções didáticas no ensino de Genética abarcando as dimensões conceitual, procedimental e atitudinal do conteúdo, ao passo que discutem temas culturais e políticos.
No cenário mundial atual, marcado pelas relações capitalistas de produção, se faz necessário que o ensino de ciências problematize as contradições socioambientais na direção do enfrentamento da crise civilizatória vivenciada. Este artigo tem o objetivo de discutir as contribuições da Educação Ambiental e da Educação CTS, numa perspectiva freireana, para o desvelamento da contradição entre conservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico no contexto da Educação em Ciências. Para isso, refletimos sobre os obstáculos e desafios à humanização, com destaque para as ideologias e situações-limite que impedem a percepção das condições existenciais dos sujeitos. Diante desse contexto, ressaltamos os contributos da Educação CTS e da Educação Ambiental no processo de desvelamento e transformação da realidade capitalista opressora, por meio de um ensino de ciências que possa contribuir para a construção de uma nova forma de sociabilidade em que a conciliação entre desenvolvimento e conservação esteja finalmente materializada no seio das relações sociais.
En el presente artículo, presentamos y discutimos los resultados de una investigación que tuvo como objetivo analizar intervenciones didácticas desarrolladas por docentes en formación inicial en biología durante un curso de extensión universitaria centrado en la enseñanza de la ecología intercultural. El abordaje del trabajo es cualitativo con un análisis del enfoque comunicativo de las intervenciones desarrolladas por los docentes en formación inicial. Con base en los datos presentados, es posible inferir que los docentes en formación inicial no pudieron insertar con precisión el diálogo intercultural con los estudiantes, lo que revela un enfoque comunicativo de tipo interactivo de autoridad durante las intervenciones. Sin embargo, nos dimos cuenta de que había una intención de promover el diálogo intercultural y la inclusión de elementos etnoecológicos en sus clases. Este trabajo indica que la formación de profesores de biología sensibles a la diversidad cultural es un proceso lento y complejo, que no debe acontecer en momentos específicos durante el periodo de formación inicial, sino, más bien, debe estimular en los estudiantes universitarios experiencias más extensas sobre la relación entre universidad y escuela.
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