IntroduçãoVários estudos constatam que os homens, em geral, padecem mais de condições severas e crôni-cas de saúde do que as mulheres e também morrem mais do que elas pelas principais causas de morte 1,2,3 . Entretanto, apesar de as taxas masculinas assumirem um peso significativo nos perfis de morbimortalidade, observa-se que a presença de homens nos serviços de atenção primária à saúde é menor do que a das mulheres 4,5 .Há autores que associam esse fato à própria socialização dos homens, em que o cuidado não é visto como uma prática masculina 1,6,7 . Na literatura específica sobre o assunto, também há vários estudos que apontam a necessidade de se refletir sobre a masculinidade para uma compreensão dos comprometimentos da saúde do homem 1,8,9,10,11 .Nesse sentido, devem ser realizados estudos que contemplem a historicidade da masculinidade, caminhando desde o surgimento dessa expressão como diferenciação dos sexos até a sua incorporação nos estudos de gênero 12,13 . A categoria gênero, neste estudo, está sendo entendida como atributos e funções -socialmente construídos -que configuram diferenças e inter-relações entre os sexos, que vão para além do biológico 9 . Assim, ser homem ou ser mulher implica a incorporação desses atributos e funções, como forma de representar-se, valorizar-se e atuar numa determinada cultura 9 .ARTIGO ARTICLE
Este trabalho apresenta estudo de caráter etnográfico acerca da relação entre homens e a assistência à saúde na Atenção Primária, realizado em oito serviços de quatro estados brasileiros. Seu objetivo é compreender a (in)visibilidade dos homens no cotidiano da assistência a partir da perspectiva de gênero, que discute os mecanismos promotores de desigualdades presentes no trabalho em saúde. Foram identificadas, nesse contexto, diferentes dimensões desta (in) visibilidade: os homens como alvo de intervenções no campo das políticas públicas de saúde; como usuários que enfrentam dificuldades na busca por atendimento e no estímulo à sua participação efetiva; como sujeitos do cuidado (de si e de terceiros). O trabalho reforça a importância dos estudos de gênero e sua relação com a saúde, na medida em que discute a produção das iniquidades sociais (re) produzidas pelas desigualdades de gênero presentes no imaginário social e nos serviços de saúde.
It shows the thematic "men and health" as a contemporary matter of the Public
ALMEIDA, J.A.G.de; GOMES, R. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 6, n. 3, p. 71-76, julho 1998. O paradoxo do desmame constitui-se no objeto deste ensaio, que traz como pressuposto o fato de o aleitamento materno ser formado por um tecido inteiriço que interliga natureza-cultura, em suas múltiplas formas de abordagem. Assim, parafraseando o que propõe LATOUR 10 , parte-se do princípio de que o termo aleitamento materno designa dois conjuntos de práticas totalmente distintas. O primeiro conjunto cria, por tradução, os híbridos entre natureza e cultura que se configuram em torno da amamentação. O segundo cria, por purificação, duas zonas ontológicas inteiramente distintas, que coloca, de um lado, as questões relacionadas à ciência e, de outro, as que se relacionam à sociedade. O primeiro conecta, através de um fio contínuo, a psicofisiologia da lactação; os mitos; as estratégias científicas; a política estatal de promoção da amamentação; as ONGs; o crescimento e desenvolvimento do lactente; a mulher-mãe; os profissionais de saúde; a indústria de laticínios; enfim, todas as questões plurais que permeiam o aleitamento materno. O segundo, tende a estabelecer uma partição entre o que pertence à natureza e à cultura, através do exercício da crítica. Nesse sentido, a construção das possíveis "verdades" na busca do conhecimento, dito eficiente, dependerá da capacidade de se retraçar a rede sócio-técnico-científica, que se estabelece em torno da amamentação, levando-se simultaneamente em consideração as leis transcendentes e as imanentes.Metodologicamente, este estudo, a partir de uma revisão bibliográfica, tem como eixo de discussão a relação entre a proposição de LATOUR 10 sobre naturezacultura e o aleitamento materno. Em torno desta proposição, tendo como referência uma visão epistemológica, procura-se estabelecer diálogo com diferentes obras no sentido de contribuir para o aprofundamento da temática em questão no âmbito da saúde pública. AMAMENTAR, POR QUE?O lidar com a promoção do aleitamento materno, em um cenário de saúde pública como o que se configura hoje no Brasil, assume um contorno de razoável complexidade. A depender da semiótica sob a qual o tema é focado, emergem questões, em princípio passíveis de serem consideradas como singulares, mas que ao se transformarem em objeto de reflexão revelam a pluralidade que permeia o tema. Tal fato pode ser facilmente comprovado, mediante uma incursão pela literatura no intuito de responder a uma indagação básica: amamentar, por que? O conhecimento científico oferece respostas de amplo espectro, que vão desde propriedades biológicas ímpares do leite até questões de cunho sócio-econômico. Estas respostas trazem consigo uma curiosa unanimidade: o fato de apresentarem contornos que as tornam Rev.latino-am.enfermagem -v. 6 -n. 3 -p. 71-76 -julho 1998
O trabalho analisa as concepções de gênero e masculinidades de profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde em quatro estados do país (PE, RJ, RN, SP) a partir de duas perspectivas: os significados associados a ser homem e a relação masculinidade e cuidados em saúde. O estudo de natureza qualitativa é parte de pesquisa multicêntrica tendo por referência a triangulação de métodos. Foram analisadas 69 entrevistas em profundidade de profissionais de saúde com formação de nível superior. Os relatos dos profissionais (re)produzem a noção de que os serviços são "espaços feminilizados", o que se traduz no seu cotidiano por um reforço à ideia do corpo masculino como lócus do não cuidado em oposição ao corpo feminino visto como lócus desse cuidado. Sobressai a representação dos profissionais sobre os homens centrados na forte presença de um padrão hegemônico de masculinidade, que influencia o pouco envolvimento destes com os cuidados em saúde. A existência de um modelo estereotipado de gênero acarreta a (re)produção de desigualdades entre homens e mulheres na assistência a saúde e compromete a visibilidade de outros significados e expressões de identidades de gênero.
Te presentamos la tercera edición en español y la primera en Cuadernos del ISCo de este pequeño libro denominado Investigación social: teoría, método y creatividad. Por la experiencia que tenemos en el campo, nos arriesgamos a afirmar que nuestro encuentro será positivo y provechoso. Verás que este trabajo posee dos tónicas: la primera parte es más teórica y abstracta; se trata de una introducción a cuestiones polémicas del mundo científico y a conceptos básicos de investigación, particularmente de la investigación social que utiliza los abordajes cualitativos. La segunda parte es más técnica: enseña cómo hacerlo. Sin embargo, está íntimamente ligada con el tema tratado en el primer capítulo, articulando teoría y práctica de investigación. Bienvenido a estas páginas. Esperamos que tu mirada curiosa se encuentre con la nuestra y, sobre todo, esperamos tus preguntas y cuestionamientos. Como muy bien dijo el gran filósofo Heidegger, “¡la pregunta es la devoción del pensamiento!”.
Estudam-se relações entre masculinidades e cuidado em saúde, abordando o reconhecimento de necessidades por homens usuários de atenção primária e respostas dos serviços. É parte de pesquisa realizada em quatro estados brasileiros, com oito serviços amostrados por conveniência. Triangulou-se observação etnográfica com entrevistas semi-estruturadas com 182 usuários de 15 a 65 anos e com 72 profissionais. A análise temática dos registros etnográficos e das entrevistas foi baseada nos referenciais de gênero e em estudos do trabalho em saúde. Os resultados apontam como a medicalização das necessidades de saúde marca usuários, profissionais e serviços, ocultando questões vinculadas à masculinidade. Permitem caracterizar a atenção primária como voltada para as mulheres, reproduzindo no funcionamento dos serviços e nos desempenhos profissionais as desigualdades de gênero, em que para as mulheres há a disciplina do cuidado e para os homens, impropriedades para assistir e cuidar.
Os homens não vêm! Ausência e/ou invisibilidade masculina na atenção primáriaMen don't come! Absence and/or invisibility in primary healthcare services
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