AmazonizandoMAZÔNIA", neste início de milênio, é uma das palavras mais bem ou mal ditas no planeta Terra. Sobre ela pesam afirmações como "pulmão do mundo", "floresta tropical de maior biodiversidade do planeta", "região que tem o maior rio da Terra", "inferno verde", "na Amazônia está quase um terço da água doce do mundo" etc. São razões suficientes para que se voltem, para essa região, olhares, radares, cobiças e preocupações de povos, países, organizações mundiais, empresas e cientistas. A Amazônia é tema indispensável desde as casernas mais nacionalistas até os pesquisadores mais preocupados com o futuro do nosso planeta, que ainda tem uma escora nessa região. Diz-se até que o futuro terá que passar necessariamente pela Amazônia.Uma realidade bem menos conhecida e debatida no mundo é a grande e complexa sociodiversidade amazônica. Os povos, que nela foram se multiplicando aos milhares, constituíram complexas redes lingüísticas, intrincadas redes sociais e harmoniosos sistemas econômicos de trocas e fartura.Nessa região vivem cerca de 180 povos indígenas, somando uma população de aproximadamente 208 mil indivíduos, além de 357 comunidades remanescentes de quilombolas e milhares de comunidades de seringueiros, ribeirinhos ou babaçueiros.Neste texto será abordado um pouco desse mundo amazônico ocupado por povos indígenas nas mais diversas situações de relação e contato com as sociedades não indígenas, marcadamente ocidentais e européias. Ali vivem desde povos resistentes -também chamados ressurgidos -até os povos livres -isolados, que não têm contato algum com as sociedades nacionais, as quais, entre si, repartiram a grande bacia amazônica e nela desenvolvem as mais desencontradas e descontroladas políticas de ocupação e exploração. Hoje, o avanço capitalista sobre a Amazônia é como uma fera, quase indomável. Motosserras e tratores fazem parte de programas oficiais de devastação. As grandes serrarias, que já exauriram o potencial madeireiro em outras regiões do mundo, agora seguem resolutas em direção à Amazônia, vestidas em peles de cordeiro, com o discurso da "exploração/ devastação sustentável", ostentando diplomas de "certificação verde" e com projetos de "auto-sustentabilidade" na Amazônia. Quem vivenciou a devastação em décadas passadas tem razões de sobra para prever novas catástrofes ambientais, atingindo particularmente os territórios indígenas. As mineradoras e companhias de petróleo estão afiando suas unhas para cavar cada vez mais fundo e mais rápido, para acumular ao máximo seu capital globalizado. Fazem pressão sobre o Congresso Nacional para que seja regulamentada a exploração mineral em terras indígenas. Há pedidos de pesquisa e exploração mineral sobre terras indígenas de toda a Amazônia.Organizando-se para a sua sobrevivência e para a sobrevivência da região, há, hoje, uma luta articulada na Amazônia, constituída em grandes redes de resistência, conhecimento, reflexão e alianças que passam pela Coica -Coordenadora das Organizações Indígenas da Amazônia, pela Coiab -Coordenação das Organizações...
This paper analyzes how President Jair Bolsonaro’s attitudes and policies towards the covid-19 pandemic reverberated in the population as a way of exploring the microlevel congruence between voter and representative positions. We investigate popular support for Brazilian president positions denying the covid-19 pandemic, bringing together supply and demand sides of right-wing populism. Using public opinion data from a survey applied in mid-2020, we focus on how support for the public health system, positions on which government level should lead the responses to the pandemic, perception of risks associated with the virus and adoption of social distancing varied among citizens. Results show low levels of support to denialist positions, except among core Bolsonaro supporters. However, perceptions of social mobility, as an indicator of status threat or gain, were important to explain support of the Bolsonaro government in the period.
RESUMOA Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas reconhece a dívida histórica do Estado brasileiro com a saúde dessas populações, apresenta a necessidade de superação do modelo de desenvolvimento econômico e social na busca de relações homemnatureza responsáveis e promotoras da saúde. Como fruto da implantação dessa política, pensando no seu monitoramento e avaliação, estruturou-se em 2012 um Observatório denominado OBTEIA.Objetiva-se apresentar a experiência desse Observatório, focando o seu processo metodológico e nos principais resultados. Este Observatório vem sendo estruturado a partir da criação de uma Teia de Saberes e Práticas, que envolve movimentos sociais, academia e gestoras(es)/trabalhadoras(es) do Sistema Único de Saúde. O foco das ações tem sido o de visibilizar essa população por meio
Criado em meados da década de 1990, o Movimento dos Pequenos Agricultores foi inicialmente conhecido por suas demandas por crédito e por habitação rural. Ao longo dos anos, o MPA propôs também debates sobre o campesinato no Brasil, formulou ou ressignificou conceitos como alimergia e sistemas camponeses de produção, engajou-se em debates sobre políticas públicas, criou cooperativas e estruturou um Plano Camponês que orienta sua ação. O artigo reúne elementos da trajetória do MPA argumentando que a forma-movimento é sua primeira face visível, mas o MPA também construiu outros modos de compilar. Entre elas, a produção de conceitos em estreito diálogo com a academia e com debates de origem transnacional e a estruturação de projetos produtivos.
RESUMO Este trabalho tem por objetivo analisar como ativismos rurais no Brasil reagiram à pandemia da Covid-19. Para tanto, mapeamos as ações das principais organizações que congregam agricultores familiares e camponeses no país, nos primeiros sete meses da pandemia, de março a setembro de 2020: Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf-Brasil), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As fontes de dados são notícias publicadas nos sites de cada organização. Para entender como a pandemia impactou algumas de suas práticas pré-existentes, propomos uma tipologia composta por cinco formas de ação: doação, interpelação institucional, criação de mercados alternativos, ação direta, e ação informacional.
RESUMO O artigo analisa a ação transnacional de organizações de origem nacional por meio das controvérsias – isto é, das disputas nas quais esses grupos se envolvem – observando suas transformações ao longo do tempo e a existência de disputas simultâneas. Apresenta uma definição de transnacionalização que enfatiza o esforço de grupos nacionais para se tornarem parte de disputas que envolvem enquadramentos discursivos e práticas políticas transnacionais, argumentando que a transnacionalização consolida-se quando são capazes de: a) formular uma plataforma política própria que aporte temas ou análises aos debates transnacionais; e b) atuar no estabelecimento ou na permanência das organizações e redes transnacionais às quais se articulam. Isso ocorre quando contribuem com maneiras específicas de manter elementos reunidos que as permitem construir novas articulações e produzir efeitos sobre as próprias organizações. Os argumentos são embasados na análise da transnacionalização de duas organizações rurais brasileiras: a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Neste texto apresenta-se uma proposta teórico-metodológica para pesquisar movimentos e estado tomando como base as associações que estabelecem a partir de três pesquisas: sobre as transformações do Landless People’s Movement (LPM) da África do Sul, as interações entre movimentos rurais brasileiros e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na implementação da política de reforma agrária, e a transnacionalização da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). O principal efeito do artigo é uma definição ontológica de movimentos e do estado como coletivos cuja existência é marcada por contínuos agenciamentos de elementos heterogêneos e instáveis. Não sendo possível tomá-los como unidades analíticas fechadas, cabe às pesquisas observar construções contínuas de grupos e coletivos contingentes às associações contextuais que se formam – desde antes, portanto, de sua expressão pública. Para tanto, propõe-se que sejam compreendidos quais elementos, agenciados de forma específica e descritível, permitem que as coisas tomem os cursos que normalmente observamos e analisamos. Sugere-se ainda o emprego metodológico das controvérsias como categorias analíticas e a observação dos processos na longa duração
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