Public policies and artistic-cultural production among young people from Lisbon and São Paulo outskirts The purpose of this article is to discuss some aspects of two models of public policies addressing young people from disadvantaged social classes, based on the ethnographic studies of cultural practices of collectives from Lisbon (Portugal) and São Paulo (Brazil) outskirts which are beneficiaries, respectively, of the public programs "Choices" ("Programa Escolhas," PE) and "Valorization of Cultural Initiatives" ("Valorização de Iniciativas Culturais," VA I). By making a reconstitution of some of the experiences of our interlocutors in their negotiation with public authority, we want to analyze aspects of the impact of these politics on the promotion of the associative capacity of "peripheral" youth, as well as to understand the influence they have on their subjectivities and life trajectories. In particular, we question the limits of "cultural economy" as a means to overcome segregation and stigmatization processes, namely when linked to political conceptions that narrow the participation of youngsters to the execution of projects and to a search for solutions to the so-called "social issues."
Resumo Este artigo pretende adensar a reflexão acerca das possibilidades de trocas econômicas e simbólicas que se desdobram da relativa democratização do acesso aos meios digitais, sobretudo, entre as populações jovens e habitantes de áreas socialmente marcadas por processos de precarização nas metrópoles globais. Para tal, tomamos como ponto de partida a análise do modo pelo qual dois coletivos derappers e realizadores audiovisuais vinculados a regiões periféricas de Lisboa e São Paulo se utilizam de uma variedade de ferramentas comunicativas tanto nos espaços urbanos quanto no ciberespaço.
, um olhar mais atento denuncia a violência policial perpetrada nos territórios racializados e periféricos da cidade de Lisboa. Mais do que episódicos, estes representam processos quotidianos de controlo dos espaços e das pessoas que os habitam. A 5 de fevereiro de 2015, um caso de brutalidade policial contra um grupo de jovens negros da Cova da Moura teve ampla repercussão mediática e social, abrindo uma discussão pública sobre racismo institucional na sociedade portuguesa. Através de trabalho etnográfico e de análise estatística, de análise de imprensa e de legislação pretende-se discutir a relação entre processos mais amplos de racialização e criminalização do território, brutalidade policial e racismo institucional, ampliando uma discussão tão necessária quanto silenciada no Portugal contemporâneo. Palavras-chave: Cova da Moura (Lisboa, Portugal); periferia urbana; racismo; violência policial. * O título Negro drama baseou-se na música de mesmo nome do grupo de rap brasileiro Racionais MC's. Este artigo teve um primeiro desenvolvimento em working paper (Raposo e Varela, 2017), resultando da pesquisa de pós-doutoramento em Antropologia de Otávio Raposo, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e desenvolvida no quadro institucional do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL). Este artigo resulta ainda da pesquisa realizada por Ana Rita Alves, cofinanciada pelo Fundo Social Europeu, através do Programa de Potencial Humano, e por fundos nacionais, através da FCT, no âmbito da Bolsa de Doutoramento PD/BD/114056/2015, bem como da pesquisa levada a cabo por Pedro Varela no âmbito do projeto COMBAT, com apoio financeiro da FCT, através de fundos nacionais, e cofinanciamento do FEDER, através do Programa Operacional Competitividade e Inovação COMPETE 2020, no âmbito do projeto PTDC/IVC-SOC/1209/2014-POCI-01-0145-FEDER-016806.
Nos últimos anos, uma série de ritmos musicais foram gerados e difundidos no triângulo pós-colonial entre África, América e Europa e que estão a se projetar a nível global, como: a kizomba, o kuduro, o rap, o funk, o forró, a salsa, o brega, entre outros. Tais expressões musicais e as suas correspondentes práticas de dança têm se globalizado a um ritmo vertiginoso através das migrações internacionais, dos congressos internacionais de dança (Soares 2015) e de plataformas comunicativas na era/geração digital (Feixa 2014), tais como youtube, spotify e facebook (Hutchinson 2014).Esses ritmos têm invadido espaços sonoros cotidianos tanto na internet quanto em canais de televisão, rádios comerciais, espaços públicos e pistas de dança de ambos os lados do Atlântico (Kabir 2014). Nesses trânsitos musicais, de pessoas e de experiências, também emergem questões de poder implicadas pelas diásporas e pelas memórias relativas ao colonialismo e aos locais de origem, provocando um senso de percepção e de sensibilidade estética particulares em contextos fortemente influenciados pela globalização do consumo cultural. Neste sentido, importa ressaltar as sociabilidades alternativas e os estilos de vida inovadores que emergem desses processos, passíveis, por vezes, de subverterem as dinâmicas de segregação urbana, o racismo, a pobreza e a violência, ou contracenarem com elas.O papel de mediação de sentidos sociais através da música tem se mostrado intenso nas pistas de dança, bares, associações, ruas, bairros e outros espaços públicos, muitos deles associados às experiências sociais de marginalização, articulados a presença migratória ou às experiências de imaginários culturais diaspóricos. Produtores, DJs, MCs, músicos e dançarinos são
IntroduçãoEste artigo pretende contribuir para a reflexão acerca dos estilos de vida e das dinâmicas de segregação socioespaciais, sobretudo entre jovens de áreas marcadas por processos de precarização, tendo como foco um grupo de dançarinos de break dance 2 das favelas da Maré, Rio de Janeiro. Eles não são apenas b-boys ou b-girls (dançarinos de break dance), mas também dinamizadores ativos da cultura hip-hop, num bairro representado como caótico e incivilizado, um "espaço ferido" por violências estruturais e discursivas (Ferrándiz 2002:9). Protagonistas das ações culturais que impulsionam, estes jovens criaram espaços próprios de convívio onde aprimoram a dança e o conhecimento sobre o "mundo b-boy". Utilizam a componente performativa como meio de ascender a uma existência valorizada, ao mesmo tempo em que constroem parâmetros mais abrangentes de inserção na vida urbana. Ao contestarem estereótipos e transporem os muros simbólicos que os querem isolados e anônimos nas margens da cidade, criam identidades positivas que subvertem o seu lugar na hierarquia social.A partir de uma pesquisa etnográfica realizada entre julho de 2009 e dezembro de 2010, 3 quis conhecer o cotidiano dos dançarinos da Maré, cuja centralidade do hip-hop adquire uma importância ímpar na construção das suas trajetórias de vida e na afirmação de um modo particular de viver a juventude. A minha presença nos treinos de break dance, momentos densos de sociabilidade e valor simbólico, permitiu a construção de uma relação de confiança e a obtenção de interlocutores privilegiados. 4 Partindo do modo como os jovens mobilizavam essa prática cultural, pude observá-los não só nos seus territórios de encontro e lazer no próprio bairro, como também acompanhar os seus movimentos pelo circuito hip-hop do Rio de Janeiro. A ênfase numa microperspectiva para compreender práticas e rotinas extre-
This article analyzes recent audio-visual creativity by young Afrodescendants emerging out of the outskirts of Lisbon. We argue that those cultural productions are challenging unproblematic identifications of the Portuguese capital as a multicultural city shaped by African communities. Responding to issues of racism, police violence, and urban marginalization, but also to celebratory views of Portuguese society as exempt of racial discrimination, the communities inhabiting the neighborhoods of Cova da Moura and Quinta do Mocho are employing creative means to develop a positive identification of afro-diasporic communities. Engaging those means, this article places bottom-up creativity side by side to the activity of Lisbon cultural institutions such as museums and contemporary art centers. It also addresses the relevance of visual and musical creativity to counter the stereotypes and images frequently used to categorize racialized subjects and communities in Portugal. Finally, it explores the strategies employed by the residents of the above mentioned neighborhoods to struggle against the process of cultural gentrification Lisbon is going through.
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