Como as coisas não se mostram ao homem diretamente tal qual são e como o homem não tem a faculdade de ver as coisas diretamente na sua essência, a humanidade faz um détour para conhecer as coisas e sua estrutura. Justamente porque tal détour é o único caminho acessível ao homem para chegar à verdade, periodicamente a humanidade tenta poupar-se o trabalho desse desvio e procura observar diretamente a essência das coisas.(Karel Kosik, 1976, p. 21) RESUMO: O objetivo do texto é mostrar que os estudos de Donald Schön no campo da formação profissional em geral e da formação de professores em particular pautam-se numa epistemologia que desvaloriza o conhecimento científico/teórico/acadê-mico e numa pedagogia que desvaloriza o saber escolar. Nesta direção é feita uma análise crítica das idéias de Schön acerca do conhecimento tácito e do conhecimento escolar. Essa análise crí-tica das idéias de Schön é inserida no contexto de uma crítica aos pressupostos epistemológicos hegemônicos atualmente no campo dos estudos sobre formação de professores.Palavras-chave: Formação de professores. Epistemologia da prática.Professor reflexivo. Conhecimento tácito. Conhecimento escolar.* Livre-docente em Psicologia da Educação, professor da Universidade Estadual Paulista "Jú-lio de Mesquita Filho" (UNESP, Araraquara) e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPQ.
O artigo considera a pedagogia das competências como uma das pedagogias do "aprender a aprender" e apresenta quatro posicionamentos valorativos contidos no lema "aprender a aprender": 1) é mais desejável a aprendizagem que ocorra sem a transmissão de conhecimentos por alguém; 2) o método de construção do conhecimento é mais importante do que o conhecimento já produzido socialmente; 3) a atividade do aluno deve ser impulsionada pelos interesses e necessidades do indivíduo; 4) a educação deve preparar os indivíduos para um constante processo de adaptação e readaptação à sociedade em acelerado processo de mudança. Defende que as pedagogias do "aprender a aprender" pertencem a um universo ideológico carregado de ilusões acerca da assim chamada sociedade do conhecimento e conclui apresentando cinco dessas ilusões.
RESUMO:Neste artigo são analisados três aspectos da psicologia de A. N. Leontiev e suas implicações para a reflexão sobre a educação na atualidade: a diferença entre a formação do indivíduo humano e a ontogênese animal; a relação entre a estrutura da consciência e a estrutura da atividade; e, por fim, a questão da alienação como um fenômeno social e histórico. Palavras-chave:Leontiev. Psicologia sócio-histórica. Marxismo.Atividade humana. Consciência. Alienação. INDIVIDUAL DEVELOPMENT, CONSCIOUSNESS AND ALIENATION: THE HUMAN BEING IN A. N. LEONTYEV'S PSYCHOLOGYABSTRACT: In this paper, the implications of Leontyev's psychology on the current educational practices are analyzed highlighting three main areas of focus: human individual development and its differences from animal ontogenesis; the relations between the structure of consciousness and that of activity; and the social and historical phenomenon of alienation.
O conhecimento é o processo pelo qual o pensamento se aproxima infinita e eternamente do objeto. O reflexo da Natureza no pensamento humano deve ser compreendido não de maneira "morta", não "abstratamente", não sem movimento, não sem contradição, mas sim no processo eterno do movimento, do nascimento das contradições e sua resolução. (Lénine, 1975, p. 123) RESUMO: Vigotski, em seu "Manuscrito de 1929" afirma que a relação filogênese-ontogênese no desenvolvimento orgânico é distinta da mesma relação no desenvolvimento cultural: enquanto que o embrião humano se desenvolve sem interagir com o organismo adulto, o desenvolvimento cultural da criança só ocorre por meio da interação com o adulto, isto é, com o ser mais desenvolvido. Partindo dessa afirmação, o artigo analisa as relações entre a dialética em Vigotski e em Marx, apoiando-se na reflexão metodológica e epistemológica desenvolvida por Marx no texto em que afirmou que "a anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco". O artigo conclui com a defesa da tese de que a psicologia vigotskiana fornece apoio a uma pedagogia que valorize a transmissão das formas mais desenvolvidas do saber objetivo produzido pela humanidade.Palavras-chave: Vigotski, Marx, dialética, epistemologia * Livre-docente em Psicologia da Educação, professor da UNESP, campus de Araraquara.
O artigo postula a necessidade de uma concepção afirmativa sobre o ato de ensinar e analisa criticamente algumas concepções consideradas negativas em relação ao ensino como transmissão de conhecimento. Nesse sentido, defende que a Escola Nova e o Construtivismo estabelecem uma dicotomia entre a transmissão de conhecimentos pelo professor e a conquista da autonomia intelectual pelo aluno, secundarizando, assim, o ensino e descaracterizando o papel do professor. O artigo analisa, ainda, alguns postulados defendidos por Vigotski e seguidores, que iriam numa direção oposta à das idéias defendidas pela Escola Nova e pelo Construtivismo.
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; font-family: ";Garamond";,";serif";; mso-bidi-font-family: ";Times New Roman";;">O artigo analisa a relação entre educação escolar e concepção mundo a partir da perspectiva da pedagogia histórico-crítica. Essa pedagogia defende o ensino e a aprendizagem dos clássicos da história humana nos campos das ciências naturais e sociais, das artes e da filosofia. O ensino e aprendizagem da experiência histórica humana sintetizada nos clássicos é um caminho para a formação/transformação da concepção de mundo de alunos e professores. Essa pedagogia adota o materialismo histórico-dialético como a mais desenvolvida e crítica concepção de mundo e defende que os conteúdos escolares e as formas de seu ensino podem se constituir em importantes contribuições para a difusão dessa concepção de mundo. Nesse sentido, a pedagogia histórico-crítica não endossa o silêncio de Wittgenstein sobre as discussões ontológicas. </span></p>
APRESENTAÇÃOEsta coletânea de textos produzidos por professores e alunos da linha de pesquisa Teorias Pedagógicas, Trabalho Educativo e Sociedade, do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, traz uma contribuição original a um campo no qual muito tem sido publicado nas duas últimas décadas no Brasil, o da formação de professores.A especificidade da coletânea reside na abordagem historicizante e crítica tanto das diretrizes oficiais para a formação de professores como das teorias pedagógicas e respectivas propostas metodológicas nesse terreno.São nove textos, que vão desde um balanço crítico do legado deixado pelo século XX no que se refere à formação de professores até questões específicas relacionadas ao trabalho do professor, passando pela questão do debate contemporâneo sobre as teorias pedagógicas.O público ao qual se destina esta coletânea são alunos de pedagogia e demais licenciaturas, alunos de mestrado e doutorado em educação, pesquisadores da área educacional e professores atuantes nos diversos níveis da educação escolar.A coletânea inicia-se com o capítulo intitulado "O legado do século XX para a formação de professores", de autoria de Lígia Már-8 LÍGIA MÁRCIA MARTINS • NEWTON DUARTE cia Martins. A autora define como eixo de análise a relação entre a referida formação e a atividade produtiva, ou seja, a formação do professor na relação com o processo e produto de seu trabalho. Defende o argumento de que, lamentavelmente, um dos maiores legados do século XX para a formação de professores foi o acirramento de sua subserviência às demandas hegemônicas do capital. No âmbito educacional isso é letal, posto que o produto do trabalho educativo deve ser a humanização dos indivíduos, que, por sua vez, só pode ocorrer pela mediação da própria humanidade dos professores. Reitera a necessidade da crítica a essa situação, apontando o quanto ela ainda se faz presente, vide suas expressões no Documento de Referência para a Conferência Nacional de Educação, que se consubstanciará no Plano Nacional da Educação para o próximo decênio, posto o risco de que os ideários oriundos do século XX, que se colocam a serviço da referida subserviência, avancem século XXI afora, trazendo do século passado aquilo que ele gestou de pior para a educação escolar.Essa problematização da formação de professores tem continuidade na discussão feita por Newton Duarte no Capítulo 2 sobre "O debate contemporâneo das teorias pedagógicas". Inicialmente são apresentadas algumas características comuns às teorias pedagógicas mais difundidas na atualidade, dentre as quais destaca: a incapacidade de se situarem numa perspectiva de superação da sociedade capitalista o idealismo, a negação da perspectiva da totalidade, o relativismo epistemológico e cultural, o utilitarismo como critério de validade do conhecimento, a supervalorização do conhecimento tácito e a descaracterização do trabalho do professor. Em seguida, o texto destaca algumas características específicas ao construtivis...
Num contexto histórico marcado por manifestações explicitamente beligerantes de obscurantismo, os debates no Brasil sobre o currículo transcendem os círculos educacionais e tornam-se verdadeiras batalhas travadas em diversos espaços sociais como a mídia e as casas legislativas. Entretanto, o calor dos embates tende a criar um ambiente no qual prevalece o choque entre argumentos de impacto emocional em detrimento de análises mais aprofundadas dos fundamentos e das implicações do processo de construção de currículos escolares. Neste artigo me proponho a discutir algumas ideias que possam ser usadas como ferramentas na construção de currículos que não cedam ao obscurantismo beligerante e, ao mesmo tempo, não se fragmentem em uma grande pauta de temas considerados prementes pelos mais diversos segmentos da sociedade.
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