ORIGINAL Percepções e práticas do técnico de enfermagem sobre a Visita Domiciliar na Atenção Primária Perceptions and practices of the nursing technician about home visiting in Primary CarePercepciones y prácticas del técnico de enfermería sobre visitas domiciliarias en Atención Primaria
O Ministério da saúde criou, em 2004, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde que prevê estratégias para a formação e o desenvolvimento dos profissionais atuantes no SUS, propondo processos educativos descentralizado, ascendente e transdisciplinar. Almeja-se uma transformação da prática profissional subsidiada no seu processo de trabalho, onde haja uma corresponsabilização do cuidado entre os profissionais e os usuários do serviço. Essa corresponsabilização ainda se configura como um grande desafio, sobretudo para os técnicos de enfermagem. Esse desafio reforça a necessidade das atividades reflexivas como as de educação permanente (EP), consideradas como práticas profissionais baseadas na crítica sobre as reais atividades executadas na rede de serviços. Neste sentido, a EP visa transformar o processo de trabalho, de modo a qualificar as práticas de saúde nos serviços, assim, acredita-se que a EP com os técnicos de enfermagem possibilitará a reconfiguração das práticas desses profissionais no âmbito da Atenção Básica de Saúde (ABS). Relatar a experiência de uma atividade de extensão universitária realizada com técnicos de enfermagem da Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Viçosa –MG. O Programa de Educação Permanente com técnicos de enfermagem consiste em um projeto de extensão vinculado à Universidade Federal de Viçosa (UFV) no qual são realizadas oficinas educativas a partir da demanda vivenciada na prática por esta categoria profissional. A equipe do projeto é constituída de docentes e acadêmicos de curso de enfermagem da UFV, os quais organizam as atividades de concentração e dispersão, com visitas aos técnicos de enfermagem em suas respectivas unidades, a fim de fortalecer os conhecimentos e reflexões construídos nas oficinas mensais. No primeiro encontro foram abordadas as atribuições dos técnicos de enfermagem, segundo a Política Nacional de Atenção Básica. As demais oficinas foram planejadas a partir da aplicação de um questionário que permitiu levantar as demandas de conhecimento da categoria, sendo os temas elencados para os próximos encontros: classificação e manejo de feridas, atribuições do técnico de enfermagem na assistência à saúde da criança, com enfoque na Imunização. A partir das ações do projeto pode-se perceber um fortalecimento da parceria e diálogo entre a gestão, ensino e serviço. Além do aumento do vínculo e corresponsabilização entre os técnicos de enfermagem, universidade e gestão, estabelecendo um espaço para discussão e reflexão das dificuldades e facilidades encontradas no cotidiano de serviço. Merece grande destaque, o sentimento de valorização profissional proporcionado a esta categoria, evidenciado na adesão e participação ativa destes nas atividades desenvolvidas. O projeto apresenta-se como uma potencial ferramenta para a educação permanente dos técnicos de enfermagem, que se percebem exclusos da ESF. O processo de construção e desconstrução entre acadêmicos e técnicos de enfermagem promovem um aprendizado que reflete positivamente na prestação de um cuidado integral e humanizado ao indivíduo, família e comunidade.
A Atenção Primária à Saúde (APS) configura-se como o cenário de potência para colocar em prática os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo considerado o primeiro contato preferencial do usuário com o sistema e a coordenadora do cuidado nas Redes de Atenção à Saúde (RAS). A experiência de estudantes de enfermagem em uma unidade de saúde, no estágio supervisionado na APS, permitiu identificar que um dos cuidados mais cotidianos que cabe ao enfermeiro neste cenário é o tratamento de feridas, o qual comumente é realizado de modo não sistematizado, dificultando a integralidade da atenção aos portadores dessa afecção. Nesta perspectiva foi evidenciada a necessidade de construção de um protocolo assistencial voltado para o tratamento de lesões cutâneas dessa natureza, o que pode auxiliar os profissionais, em especial o enfermeiro, a prestar um cuidado pautado nos princípios do SUS. Relatar a experiência da elaboração do protocolo assistencial de Enfermagem para portadores de feridas assistidos na APS do município de Viçosa, MG. A construção do protocolo aconteceu no período de agosto a outubro de 2015, sendo composta por dois momentos. O primeiro momento aconteceu nos meses de agosto e setembro de 2015 e foi conduzido por duas estagiárias alocadas na unidade de saúde de um bairro periférico de Viçosa, juntamente com uma docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a gestora da APS do município. Nesta etapa procedeu-se a revisão da literatura sobre o tema, a fim de conferir um embasamento teórico e atual acerca do mesmo, o qual fundamentou a construção do material escrito. Foi também realizada a elaboração de instrumentos para coleta de dados, contemplando desde a anamnese à ficha de avaliação e evolução de feridas. A construção do protocolo contou ainda com a participação de enfermeiras da APS e do Centro de Atenção Secundária de Viçosa, as quais incentivarão junto aos seus pares o processo de implementação do protocolo, apresentado em outubro de 2015 pelas discentes de Enfermagem aos enfermeiros da APS. O desenvolvimento do protocolo assistencial no tratamento de feridas configurou-se como uma ação integradora e dotada de aprendizagem e crescimento para os discentes, docentes, enfermeiros e gestora da APS do município. A apresentação do protocolo aos enfermeiros fomentou um debate que deflagrou a despadronização e necessidade de atualização desses profissionais para o tratamento de feridas. Acredita-se que o protocolo, agregado ao interesse pessoal pelo aprimoramento, auxiliará na prestação de um cuidado qualificado, assegurando ao usuário menor tempo de tratamento e melhor assistência à saúde no âmbito do SUS. Cabe ressaltar que o protocolo está em tramitação no Conselho Regional de Enfermagem e na Prefeitura Municipal de Viçosa, para obtenção do respaldo por estes órgãos. Vislumbra-se que a construção do protocolo impactará na resolubilidade da APS e que, apesar dos desafios para a sua implementação, fortalecerá a comunicação entre os profissionais, bem como a construção da práxis no tratamento de feridas, impulsionando os envolvidos à prática da educação permanente.
A Estratégia de Saúde da Família tem como responsabilidade oferecer um modelo assistencial menos curativista, centrado na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e social, destacando-se a visita domiciliar como um importante instrumento para prestação de assistência à saúde do indivíduo, família e comunidade. Esta prática é compreendida como metodologia de trabalho de caráter educacional, assistencial e exploratório, realizada por profissionais que vão ao domicílio do paciente, usuário ou beneficiário de um serviço, e deve ser realizada mediante processo racional, com objetivos definidos e pautados nos princípios da eficiência. Entretanto, a literatura evidencia e a prática cotidiana reitera que os técnicos de enfermagem bem como os demais membros da equipe não reconhecem as potencialidades que a Estratégia de Saúde da Família trouxe para o desempenho das atividades destes profissionais, os mantendo focados em ações tecnicistas, inspirados no modelo curativista e imediatista, contrariando os princípios do próprio Sistema Único de Saúde que é a de produção de cuidado integral e de promoção à saúde. Teve como objetivo compreender as percepções e práticas dos técnicos de enfermagem acerca da visita domiciliar enquanto ferramenta de cuidado no seu cotidiano de trabalho, no contexto da Estratégia de Saúde da Família. Pesquisa de natureza qualitativa, realizada com 14 profissionais técnicos de enfermagem das Unidades de Saúde da Família de um município localizado na Zona da Mata Mineira. A coleta de dados ocorreu através de entrevista, com roteiro semiestruturado, nos meses de julho e agosto de 2015. Os dados foram analisados à luz de Bardin e interpretados e discutidos em consonância com a literatura pertinente à temática. Cabe ressaltar que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, inscrito sob o Parecer nº. 1.101.376. Evidenciou-se que a visita domiciliar assumiu representações como instrumento para criação de vínculo, prevenção e controle de condições de saúde pontuais e como oportunidade de ensinar-aprender, considerando um momento oportuno para reflexão de prática assistencial. Foram revelados a visita domiciliar no processo de trabalho do Técnico de Enfermagem demonstrando duas vertentes, sendo uma através da visita programada e outra pela espontânea e também aspectos facilitadores como o apoio por parte da equipe e boa receptividade do usuário e dificultadores como a dificuldade de locomoção no território e falta de planejamento da visita domiciliar. Entende-se que para a realização da visita domiciliar é essencial que se instaure um modelo de organização do processo de trabalho dentro da equipe multidisciplinar para efetuar a visita domiciliar, de modo a superar os desafios e dificuldades encontrados pelos profissionais de saúde. Destacamos que não foi encontrada literatura com aprofundamento sobre a temática neste contexto, em especial para os demais membros da equipe, que não os Agentes Comunitários da Saúde. Uma normatização do Ministério da Saúde poderá trazer contribuições para que esta prática possa ser realizada de maneira a cumprir os seus objetivos, preenchendo lacunas apresentadas durante a formação profissional, além do fortalecimento da Educação Permanente no serviço.
Descriptive research, with qualitative approach, whose subjects were 13 puerperal residents in the city of Viçosa (MG).
The objective of this study was to identify and develop skills with Primary Health Care nurses to work the social inequalities in health. This is a qualitative research based on action-research, performed with six primary health care nurses in a municipality of Minas Gerais, who participated in educational workshops addressing coping strategies for social inequalities in health. The data collection occurred through a focal group and non-participant observation, from March to May 2018. The data were analyzed through the thematic content analysis technique. The identification and training of skills to cope with this was founded on knowledge, skills and attitudes. The participants stressed the importance of knowing their role in the scenario where they work, as well as the functioning of the Health Care Network and legislation to support them to coping with this problem, being the communicational skills essential in this process. The knowledge acquired in the workshop enabled participants to recognize attitudes in their professional routine, which enable them to act in the face of this reality. The present study indicates the importance of appreciating and strengthening the training of nurses for the development of competences to act on social inequalities.
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