In Brazil's post-neoliberal government of upward mobility and public policies, infrastructures are the symbiosis of experimental forms of government, political action, and practices of consumption. This article draws from a four-year-long multiscalar ethnography of Minha Casa Minha Vida, the country's largest public housing program. It uncovers the temporalities of infrastructural hope unleashed as people wait for-and engage with-their first homeownership. Specifically, I focus on struggles over the design and implementation of surveillance and security technologies by residents of one such condominium, charting how aspirations for "the good life" crystallize in emerging-yet ephemeral-collectives of consumer-citizens. My contention is that desires for infrastructure elucidate the ubiquity and ever-elusiveness of middle-class affects in Latin American social mobility. The tangled worlds of desire and materials illuminate the workings of a middle-class sensorial: the topography of images and affects through which class mobility is experienced and located in time and space. Trailing the movement, saturation and porosity of housing materialities and their embroilment with emergent forms of sociality decode the ambiguous economic and political subjectivities flourishing in the aftermath of fraught urban interventions.
Resumo Entre 2001 e 2013, o Brasil cresceu e redistribuiu renda. Fruto da estabilidade inflacionária, do aumento do salário mínimo, da expansão do crédito e das políticas sociais, esse período foi marcado pela mobilidade ascendente de milhões de brasileiros. Economistas, jornalistas, políticos e marqueteiros viram na ascensão econômica dessa população a emergência de uma “nova classe média”, definida na releitura de estatísticas nacionais e tornada alvo de intervenções governamentais e de mercado. A partir de uma etnografia documental e de entrevistas com experts, este artigo propõe uma arqueologia dessa categoria, problematizando os caminhos taxonômicos de sua emergência e evanescência. Argumentamos que a “nova classe média” deve ser pensada como uma assemblage científica, política e econômica, agenciada, respectivamente, através de alinhamentos estatísticos, governamentais e mercadológicos. Essas escalas difusas de conhecimento e poder cristalizaram frentes discursivas que tornaram a mobilidade econômica inteligível, em um país tradicionalmente conhecido pela estagnação e desigualdade.
Resumo Casas são materialidades centrais na elaboração de imaginários e políticas de ascensão social. Baseando-me em etnografia conduzida entre arquitetos, economistas e planejadores, examino os dispositivos que “performam” o mercado da casa própria no Brasil contemporâneo e suas operações de adequação a perfis de renda, classe social e aspiração cultural. Demonstro como a reconfiguração de empresas imobiliárias a partir do maior programa habitacional do país – o Minha Casa, Minha Vida – terminou por inventar um “mercado” emergente que conecta cidadania, consumo e moralidades de “classe média”. Nesse processo, ao qualificarem territórios, atributos, técnicas, padrões construtivos e design arquitetônico, experts fabricam materialidades políticas e sedimentam cartografias induzidas, engajando-se ativamente em processos de valorização e precificação que reinventam o território urbano das grandes cidades brasileiras.
Este artigo parte das tensões envolvidas no processo de remoção do mercado de rua do centro de Porto Alegre/RS e sua realocação para um shopping popular, construído através de uma Parceira Público-Privada (PPP). Privilegia-se a abordagem etnográfica, baseada numa inserção de campo de mais de três anos, que permitiu captar o processo em perspectiva diacrônica. A transição das ruas para o camelódromo foi acompanhada de perto pela empresa construtora, doravante responsável pela sua administração, que exigiu uma mudança na sensibilidade comercial, a partir de uma política de pedagogização, visando forjar novos perfis de comerciantes, algo indispensável ao sucesso econômico do empreendimento. Como consequência, novas modalidades de conflitos emergem diariamente dessa estratégia, pois, nem todos os camelôs se reconverteram no protótipo de lojista idealizado pela PPP. As tensões em torno desse processo permitem reconstituir os nexos entre economia e política, micro e macro, agentes e instituições que configuram o social.
Between 2004 and 2013, an array of social policies converted Brazil into an international showcase of economic growth and income redistribution. Economists, policymakers, politicians and marketers heralded the end of endemic poverty and the incorporation of millions into a newly defined “middle class.” This article unpacks this story of inclusionary development by considering the controversies surrounding the production and circulation of large numbers, and how such controversies sustained the technopolitics of Brazil’s “new middle class.” I draw on multisited ethnography conducted in Washington, DC, Brasilia, and São Paulo among think tanks, governmental sectors, the World Bank, and market research institutes. By foregrounding the workings of a transnational network of experts, I chronicle how the middle-class language traversed circuits of science, policymaking, and market research. The article contends that methodological breakthroughs—including microeconometric counterfactuals and market ethnography—become salient fixtures in the public appraisal of inequality and in the creation of national political futures.
As periferias são objeto de estudo privilegiado da sociologia e da antropologia urbanas no Brasil desde a consolidação dessas disciplinas na década de 1970(Frúgoli Jr., 2005. Temas tão variados quanto pobreza, trabalho, moradia, religião, violência -e diversas formas de mobilização social -caracterizaram as periferias, simultaneamente, como: a) um espaço físico-geográfico em oposição aos centros urbanos; b) uma arena de sociabilidade e expressão cultural; e c) um berço de projetos políticos de emancipação de populações menos favorecidas.Menos problematizada pela literatura urbana brasileira, a noção de subjetividade emergiu apenas recentemente para captar a experiência individual de processos sociais, políticos, econômicos, históricos e geográficos que atravessam a formação de espaços periféricos. Com muito mais frequência, os habitantes dessas áreas foram caracterizados como "marginais", "trabalhadores hiperexplorados", "classes populares", ou ainda "cidadãos insurgentes". Porém, tais tipologias conceituais não refletem a complexa, dinâmica e multiescalar vivência desses sujeitos, suas movimentações pelo tecido urbano, seus diversos sistemas de valores sociais e as estruturas de classificação política e econômica nas quais estão emaranhados.Este dossiê apresenta os resultados de pesquisas recentes que tomam por desafio pensar a relação entre periferias e subjetividade, ou, como a denominamos aqui no plural, subjetividades periféricas. As contribuições refletem teórica e metodologicamente sobre a interseção desses conceitos e sua manifestação em contextos de expansão da indústria cultural, das religiões neopentecostais, das instituições de ensino e da economia de plataforma. A partir da antropologia e da sociologia, mas também da psicologia, os autores e as autoras evocam uma visão de periferias como assemblages constituídas por discursos, práticas, relações e materiais (Lancione, 2016), e seus habitantes como subjetividades políticas, móveis e psíquicas com graus variados de interdependência, coprodução e incompletude.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.