Buscamos neste artigo reconstruir uma história do movimento social de travestis e transexuais no Brasil a partir dos relatos de suas lideranças. Partindo da emergência da "travesti" como categoria identitária, relatamos o surgimento das primeiras organizações, com destaque para suas conexões com as políticas de enfrentamento à epidemia da AIDS. Tratamos também de dois processos de disputa que foram cruciais para a configuração do movimento no Brasil: a luta pela inclusão de travestis no emergente movimento homossexual dos anos 1980-1990, e o embate mais recente em torno dos sentidos e dos usos das categorias "travesti" e "transexual".
This article is based on an ethnographic analysis of the construction of political identities in the movement of travestis, transsexual women and trans men, or simply trans movement, over the last decade in Brazil. My efforts go towards bringing together different ethnographic materials in order to highlight the changes in such processes, especially in relation to how class and generation social markers appear in the polarization between a gender "fixity" and "fluidity" claimed in identity conformations in the political arena. The material used in this analysis is basically composed by observations of activists meetings, interviews with leaders of the movement and observations of activism on the Internet. The starting points of the analysis are conflict situations in the social movement. In this regard, two meetings are of particular interest. The first is the XVI National Meeting of Travestis and Transsexuals (2009), when there was an intense debate to formalize a "political definition" of the categories "travesty" and "transsexual" from the social movement. The second is the First National Meeting of Trans Men (2015), when activists held a long debate on the "political identity" of the movement. In this case, the disagreement arose when a group of young people expressed that the category "trans man" did not encompass their gender experience, since they recognized themselves as "non-binary".
Este artigo analisa possibilidades de purificação que visam superar a exclusão simbólica de travestis e transexuais do espectro de inteligibilidade do humano, uma vez que essas pessoas vivem e manifestam socialmente uma ruptura com a matriz heterossexual. A partir de observações etnográficas de encontros do movimento LGBT e específicos de travestis e transexuais no Brasil, assim como de entrevistas com travestis e transexuais que são consideradas como lideranças dentro do movimento, são abordados dois caminhos de purificação da diferença que se mostraram mais relevantes: a medicalização e a politização das identidades "travesti" e "transexual". Além disso, destaca-se uma possibilidade menor de relativa purificação que passa pelo uso do glamour como meio de superação das adversidades.
Buscando tratar do tema da violência contra LGBTI em sua relação com o processo saúde-doença, esta publicação objetiva auxiliar gestores, profissionais e estudantes da área da saúde em um assunto muito pouco abordado nas formações profissionais, mas que está presente cotidianamente na realidade do trabalho em saúde.
Resumo O presente artigo visa explorar diferentes metáforas acionadas na primeira fase da pandemia do novo coronavírus no Brasil, inspirado na obra de Susan Sontag, A doença como metáfora. As metáforas são ferramentas centrais nos processos de subjetivação da pandemia, do vírus que a causa e da doença que ela materializa. O material empírico que sustenta nossas reflexões vem de encontros semanais de um grupo terapêutico que passamos a conduzir on-line com as medidas de isolamento social no país, e de observação participante nas redes sociais da internet. Com base nisso, pensamos em quatro chaves de metáforas: o (in)visível, o mascarado, o divino e o isolado. A partir dessas categorias, é possível refletir sobre questões como sofrimento ético-político, resistência subjetiva, luto, negação, melancolia e megalomania, presentes nos modos de subjetivação da pandemia.
Pokémon ou Pocket Monsters são personagens de um videogame que posteriormente foram retratados em histórias em quadrinhos, desenhos animados e filmes. Resumidamente, são criaturas que evoluem e adquirem diferentes formas.
Serviço Social e Pós-Doutor em Políticas Sociais. Foi professor adjunto da UERJ por 30 anos e atualmente é professor adjunto da UFJF. Pesquisador, estudioso e ativista dos direitos humanos, no campo de gênero, sexualidade e diversidade, na militânciaLGBT, como no de saúde mental e drogas, nos movimentos da Luta Antimanicomial e Antiproibicionista e no campo da liberdade religiosa, no antiracismo religioso, por ser sacerdote do candomblé, religião de matriz africana, do segmento jeje mahi.
Como membro doTriângulo Rosa, que protagonizou o início do movimento homossexual brasileiro, gostaria que nos contasse suas impressões sobre a história do movimento no Brasil, inclusive sobre a participação das travestis e lésbicas desde a origem, a despeito da posterior afirmação destas identidades na sigla LGBT? Marco José Duarte: São impressões mesmo, uma narrativa-de-si, pois naquela época não tinha a maturidade de hoje, com 55 anos, nem mesmo a crítica que com o tempo vamos 1 Revisão textual de Bruna Andrade Irineu & Ayrton S. S. do Amaral.
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