Quando surgem novas controvérsias científicas como a relação entre vírus zika e microcefalia, que a ciência não tem condições de fornecer respostas em curto prazo, o clima de incertezas acaba favorecendo o medo e a insegurança na população, dando margem ao aparecimento de fake news. Diante do exposto, objetiva-se discutir como as controvérsias científicas colaboraram para um clima de incerteza dando margem ao surgimento das fake news. Ao final, considerar uma proposta de um roteiro didático para o desenvolvimento de uma oficina pedagógica voltada à formação de professores no ensino de ciências.
No presente artigo, tem-se como objetivo analisar quais são as visões sobre a natureza da ciência e a construção do conhecimento científico, presente em um vídeo educativo sobre a origem da vida, em um canal da plataforma YouTube Edu. Trata-se de um recorte da pesquisa de doutorado em andamento. Diante do aumento exponencial do uso de videoaulas por estudantes de ensino médio, considera-se importante entender como ocorre a circulação e o uso desses produtos educativos. A revisão de literatura apontou uma ausência de estudos sobre canais de audiovisuais que tivessem como referente o tema da origem da vida ou que investigassem como as controvérsias científicas circulam nesses canais de vídeo. Para o trabalho, utiliza-se como referencial teórico a epistemologia de Thomas Samuel Kuhn. Foi realizado um recorte dos primeiros dezesseis minutos da videoaula Origem da Vida, postado no Canal Biologia Total do professor Jubilut e se procedeu à decupagem (desconstrução) do vídeo, que corresponde a sua decomposição em seus elementos constitutivos. Os resultados das análises mostram que a videoaula trata o tema de forma muito semelhante àquela encontrada nos livros didáticos de biologia. O professor faz muitas afirmativas, não deixando espaço para reflexão nem para pensar em outras hipóteses, reduzindo o trabalho da ciência e dos cientistas. A análise da videoaula aponta alguns problemas a respeito do trabalho dos cientistas e sobre a natureza da ciência. Pode-se concluir que há uma predominância da concepção empírico-indutivista no vídeo analisado, o que ratifica outros trabalhos de pesquisa que analisaram as concepções de professores de ciências. Essas questões podem repercutir negativamente no ensino de ciências, principalmente com relação aos temas mais polêmicos e controversos.
Quando surgem novas controvérsias científicas como a relação entre vírus zika e microcefalia, que a ciência não tem condições de fornecer respostas em curto prazo, o clima de incertezas acaba favorecendo o medo e a insegurança na população, dando margem ao aparecimento de fake news. Diante do exposto, objetiva-se discutir como as controvérsias científicas colaboraram para um clima de incerteza dando margem ao surgimento das fake news. Ao final, considerar uma proposta de um roteiro didático como metodologia para o desenvolvimento de uma oficina pedagógica voltada à formação de professores no ensino de ciências. A formação de professores para o ensino médio também deve incorporar tecnologias e novas linguagens. Dependendo da configuração proposta pelo sistema de ensino e do professor em sala de aula, o roteiro didático proposto pode indicar possibilidades para a construção de novos caminhos para o ensino de ciências como o caso da autoria desenvolvida pelos alunos.
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