Este artigo descreveu o perfil das atletas e o contexto do futsal feminino e analisou a relação entre o perfil socioeconômico, a formação esportiva e a carreira esportiva destas jogadoras no estado de São Paulo. Para tanto, aplicamos um questionário misto para 87 atletas, abarcando todas as que disputaram o campeonato paulista, de 2015. Nossos resultados apontam que a carreira no futsal de mulheres é pouco estruturada, o que ajuda a compreender o motivo pelo qual o perfil das atletas é direcionado àquelas de famílias de baixo capital cultural e poder aquisitivo. Para as mulheres, a carreira no futsal constitui um paradoxo, pois não é um projeto de vida em si, mas a fonte de acesso a outro, que pode se consolidar como uma possibilidade de mudança social para elas.
Este artigo exploratório analisou a carreira esportiva de jogadoras de futsal das seleções sul-americanas, a partir de indicadores referentes à idade de início da prática do futsal, local onde se deu essa iniciação, quem as incentivou a praticar, a idade da primeira participação em campeonatos, a frequência semanal de treinos e dedicação atual ao futsal. A fim de traçar esse panorama da excelência da modalidade no continente, realizou-se um survey com as atletas das seleções de futsal feminina sul-americanas que disputaram o Campeonato Sul Americano de Futsal, de 2009, excetuando a brasileira. Buscou-se, baseado nesses indicadores, a construção de um primeiro panorama da realidade da carreira do futsal de mulheres de alto rendimento da América do Sul, bem como indicar alguns elementos predominantes nela. Este panorama indicou um contexto paradoxal, com condições de envolvimento na base em clubes e escolas, com apoio dos pais e familiares, mas marcado pela ausência de participação em competições. A maior parte das atletas não recebe remuneração para jogar e boa parte não se dedica exclusivamente àquele, exercendo outras atividades. Consequentemente, a frequência semanal de treinos pode ser considerada baixa. Nesse sentido, o futsal feminino sul-americano, ainda apresenta uma carreira de elite pouco estruturada e amadora.
Com base na teoria da “relação com o saber” de Bernard Charlot, esta investigação teve comoobjetivo analisar as relações de sentido e a mobilização das meninas com os saberes das lutas.Para tanto, este estudo utilizou: (i) observação de aulas do conteúdo judô em uma turma do 7ºano do Ensino Fundamental; e (ii) entrevistas semiestruturadas com 17 alunos da turma. Osresultados indicaram menor mobilização das meninas em comparação aos meninos. Oselementos desfavoráveis à mobilização feminina foram separados em três categorias: (i) amasculinização e o machismo na luta; (ii) o medo de se machucar; (iii) vergonha de se expor.Ressaltar as dificuldades do tema gênero e lutas não significa descartá-las do processopedagógico, por isso, concluímos o artigo apontando a criação de experiências que subvertame transgridam tais barreiras.
O objetivo do estudo é compreender, sob perspectiva discente, a interferência do marcador gênero nas relações dos/as estudantes de Ensino Médio com a Educação Física (EF). Trata-se de uma pesquisa descritiva com 94 alunos e 88 alunas de 8 escolas estaduais de São Paulo (Brasil), que levantou informações de gosto, importância e participação na disciplina EF, a partir de aplicação de questionário estruturado. Os resultados indicam que meninos atribuem maior importância, gostam e participam mais do que as meninas. Contudo, não é possível afirmar que meninas desgostam, não participam e não atribuem importância. Em cotejo com a literatura, a participação das alunas na EF, além do fator gosto, está concatenada a obrigação ou via “obediência-subversiva” no ambiente ambíguo escolar, de discursos explícitos de igualdade de condições e de práticas implícitas segregacionistas de gênero; por sua vez, a referida ambiência implícita favorece a “colonização” de meninos nas aulas de EF. Concluímos que são os docentes (homens e mulheres) que podem problematizar a desigualdade e ajudar a instituir uma EF com equidade de gênero.
O objetivo deste artigo é reconstituir a narrativa da integração de jogadores da Democracia Corinthiana com o Sindicato dos Atletas Profissionais, de modo a compreender como o movimento alvinegro influenciou a atuação sindical desta categoria. A partir de um levantamento histórico a partir de reportagens buscadas no jornal A Folha de São Paulo e a Revista Placar, e de uma entrevista semiestruturada concedida pelo jogador Wladimir, reconstituímos a narrativa dessa integração e discutimos a atuação sindical destes sujeitos. Deste modo, a participação dos jogadores corinthianos no sindicato levava as demandas daquela experiência para o conjunto da categoria e possibilitava a criação de novas reivindicações, forjadas num ambiente relativamente mais autônomo.
resUMoNeste texto, buscamos analisar em que medida e como as principais leis e documentos que embasam as políticas públicas brasileiras para atletas e torcedores de futebol estabelecem e sustentam relações de dominação. Para tanto, apoiamo-nos na literatura disponível sobre o tema. A fim de termos acesso a essa literatura, realizamos revisão bibliográfica em diversos bancos de dados, onde utilizamos e cruzamos palavras-chave que variaram de acordo com o modo de organização e a terminologia dos locais. Entre outras coisas, concluímos que essas políticas mantém a dominação de clubes e empresários sobre os atletas e do Estado sobre os torcedores -especialmente, sobre os torcedores organizados.
Palavras-chave:Futebol; Políticas Públicas; Dominação. Motrivivência v. 26, n. 42, p. 115-130, junho/2014 1 O subtítulo faz referência à obra "Municiones para disidentes: realidad-verdad-politica", de Tomás Ibañez (2001).
O campo de pesquisas sobre o futebol de mulheres cresceu no Brasil nas últimas duas décadas. Contudo, há ainda uma lacuna sobre como marcadores sociais, como classe e raça, interseccionam o gênero na constituição dessa prática. Para preenchê-la, analisamos, com base em estatística descritiva e inferencial, o suplemento especial sobre esporte da PNAD de 2015. Assim, descrevemos o perfil das mulheres que jogam futebol no Brasil contemporâneo e o comparamos em relação aos homens e às demais mulheres que praticam esportes diferentes do futebol. Nossos resultados apontam que, em comparação ao que ocorre com mulheres que praticam esporte em geral, classe e raça impactam de forma oposta na adesão ao futebol. A maioria das mulheres que pratica o futebol advém de classes mais baixas e é negra. Ao indicar esta relação, demonstramos a necessidade de enegrecer as narrativas sobre o futebol de mulheres no Brasil.
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