Com esta reflexão, objetivamos descrever os elementos constituintes das qualidades vocais inovadoras de Belchior, Ednardo e Fagner, surgidos na cena musical brasileira na década de 70 como componentes do chamado Pessoal do Ceará. Da Análise do Discurso delineada por Maingueneau, além dos conceitos posicionamento e investimento, aplicados por Costa (2012) ao discurso literomusical brasileiro, adaptamos à análise da dimensão vocal das canções os conceitos interdiscurso e metadiscurso, que resultaram em intervocalidade (constitutiva e mostrada) e metavocalidade (MENDES, 2013). Comparamos quatro fonogramas da canção “A Palo Seco” (Belchior, 1974, 1976; Ednardo, 1974 e Fagner, 1976) e concluímos que pode ser ouvida uma estridência nas qualidades vocais de Fagner e Ednardo e uma hipernasalidade em Belchior, cuja intensidade vocal é camuflada por harmônicos mais graves, além de mostrar uma articulação menos definida, com acentuação silábica mais próxima da voz falada, quando comparado aos outros dois cearenses. Quanto à escansão dos versos, ocorre um maior número de pausas e alongamentos vocálicos na primeira gravação de Belchior, os quais são substituídos por suspiros, em Fagner, e apagados em Ednardo. Isso mostra que, apesar das particularidades de cada um, podemos pensar em um arqui-investimento vocal que identifica os três cantores ao posicionamento Pessoal do Ceará.
Este estudo investiga a construção e representação dos relacionamentos afetivos, com realce para o aspecto amoroso, no posicionamento Pop-rock para crianças, tendo como corpus as produções do grupo Pato Fu (2010, 2017), do heterônimo Adriana Partimpim (2004, 2009, 2012), e do grupo Pequeno Cidadão (2009, 2012, 2016). Para isso, tomamos como referencial os teóricos discutidos no projeto INVOCANÇÕES, ligado ao Grupo Discuta (UFC), tais como Maingueneau (2001a, 2001b, 2005, 2006, 2015), Costa (2012, 2013), Mendes (2013), Gonzalez (2014), Mendes (2017), entre outros. Assim, investigamos qual o tratamento dado a esse aspecto por meio da análise do ethos discursivo dos distintos enunciadores, da construção cenográfica e do investimento vocal do locutor. Dessa maneira, pensamos como essas características contribuem para o delineamento do posicionamento em que se inscrevem no campo literomusical. A análise aponta que o amor constitui, para além de uma temática rica e recorrente no posicionamento, uma bandeira que compõe o núcleo identitário “revolucionário” do Pop-rock para crianças
Neste trabalho, objetivamos tratar das interações entre o discurso científico e o discurso filosófico suscitadas no livro A origem da linguagem, do filósofo Eugen Rosenstock-Huessy, considerando a nova situação de comunicação da edição brasileira. Tendo como base teórica a Análise do Discurso delineada por Dominique Maingueneau, aplicamos a análise da polêmica, enquanto registro, em suas três dimensões (enunciativa, genérica e semântica), ao passo que buscamos relacionar a disputa das identidades como constitutiva de uma interincompreensão entre posicionamentos dos discursos constituintes em questão. Para além disso, distinguimos as relações polêmicas em suas situações comunicativas, aquela da primeira publicação e a da tradução e edição brasileira, percebendo, nesta última, novos participantes e interdiscursos, principalmente religiosos e políticos.
Partindo da observação do discurso sobre a leitura acadêmica e percebendo algumas lacunas relacionadas à naturalização e elitização desse processo de letramento, ao enfoque grafocêntrico, como também às práticas de ensino de caráter imediatista voltadas à produção, propomos, neste estudo, refletir sobre a leitura como prática discursiva e as implicações pedagógicas disso para o ensino de metodologia científica no contexto universitário. Apoiados nas discussões desenvolvidas por Orlandi (2007; 2008), Possenti (1992; 2009a) e, principalmente, Maingueneau (1997; 2004; 2008; 2015), apresentamos os conceitos que podem fundamentar uma perspectiva discursiva da leitura, tais como campo discursivo, posicionamento, investimentos discursivos, formas de textualidade e competência (inter)discursiva. Tal aporte não aparece desconexo de uma sistematicidade didática, por isso, também enfatizamos o papel basilar da leitura para as práticas de pesquisa exploratória e, de forma geral, para as demais práticas nucleares do campo. No centro das discussões, o tipo de comunidade fechada, as características gerais das práticas genéricas, os papéis dos parceiros legítimos em relação com a especificidade das cenas genéricas científicas e a coincidência dos sujeitos produtores e consumidores reforçam que, na ciência, os atos de leitura são aliados aos de produção. Dessa forma, esperamos contribuir com as discussões sobre um ensino de metodologia científica mais reflexivo que não subentenda a leitura como dada, nem a relegue a um lugar menor, mas busque compreendê-la, na medida em que enfocamos as competências genérica e (inter)discursiva, enquanto prática clivada e constitutiva do trabalho investigativo
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