Dossiê "Ser criança no Brasil Hoje: (re)invenções da infância em contexto de mudança social" Latitude, Vol. 10, nº 2, pp. 251-285, 2016 251 Ser um trabalhador/tornar-se um abacataense: criança, socialização e aprendizagem em uma comunidade quilombola da Amazônia-PATo be a worker/becoming abacataense: child, socialization and learning in a Quilombola community Amazon-PA Maria Amoras 1 Maria Angelica Motta-Maués 2Resumo: Este estudo analisa o tornar-se abacataense, visando compreender o significado nativo do trabalho na perspectiva das crianças que crescem na comunidade do Abacatal (PA), o qual é aqui traduzido como suas tarefas obrigatórias e espontâneas, isto é, aquilo que elas definem como ajudas e chamam de (cuidar d') as minhas coisas, envolvendo obrigação, solidariedade, dever e gosto, ou como as crianças dizem lá: "a criança trabalha ajudando". Apresenta a criança e suas configurações familiares e focaliza aspectos do "ser criança" e da experiência da infância, de modo que seja possível compreender quem são essas crianças, o lugar que ocupam na vida social de Abacatal e como se tornam um trabalhador/um abacataense. Abacatal, que se autodefine como rural e quilombola, localiza-se na área metropolitana da grande Belém-PA. A análise busca entender os processos de aprendizado e de desenvolvimento infantil através das próprias concepções locais de criança e do crescimento e considera o modo como as crianças intervêm ativamente nesses processos. A família e a organização doméstica são abordadas como espaços de experiências onde as crianças tornam-se trabalhadoras, compreendidas como uma prática de autopoiesis, isto é, de produção de significados sobre o seu mundo. Experiência que também é motivada pelos processos de aprendizagem e socialização no e para o trabalho. Presents the children and their family configuration, and focuses on aspects of "being a kid" and the experience of childhood, in a way to turn possible the comprehension of who these children are, their place in the social life of Abacatal and how they become a worker/one abacataense. Abacatal, which describes itself as rural and quilombola, located in the metropolitan area of Greater Belém-PA. The analysis aims to understand the learning and child development processes through their own local child and growth conceptions and considers how children are actively involved in these processes. The family and family organization are considered to be spaces of experiences where children become workers, understood as a practice of autopoiesis, that's production of meanings of their world. Experience which is also motivated by learning and socialization processes in and for the work.Keywords: Anthropology of the Child. Quilombola childhood. Child. Work. Abacatal-PA. Introdução 3Este trabalho comunga do argumento de que as crianças são agentes sociais, pois, nesta consideração, as crianças de qualquer grupo social ou cultura, sabem de si, sabem onde estão, o que faz parte da dinâmica de suas vidas; e se confrontam com os princípios de pertença e identidade...
Este texto analisa dados sobre como são apropriados e gerenciados coletivamente territórios de comunidades que manifestam aspectos da transição urbano/periurbano/rural em duas regiões metropolitanas paraenses: Belém e Santarém, a partir de resultados parciais da pesquisa intitulada “Alternativas de Desenvolvimento: cartografia social de territórios de populações tradicionais do Pará e Minas Gerais”. Trata-se de uma contra-cartografia para territórios periurbanos e periféricos, construída a partir de narrativas próprias dessas comunidades. A metodologia se valeu da pesquisa participante, tomando como interlocutor e pesquisador os discentes/bolsistas da pesquisa, nativos dessas comunidades, contemplados pela política de cotas raciais, e pelos demais discentes/bolsistas e pesquisadores envolvidos com as lutas desses grupos. As primeiras investidas no campo possibilitaram mapear e compreender aspectos históricos, geográficos e socioterritoriais presentes na dinâmica da organização social e política de comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, ribeirinhas) e camponesas assentadas. As reflexões apontaram que esses territórios vivenciam conflitos diversos, internos e externos, e mantêm estratégias de resistência para enfrentar tensões resultantes das dimensões materiais e imateriais, provocadas por processos que desencadeiam situações de ameaças de perda do espaço habitado, abandono dos seus modos de vida e a inserção de seus membros como subalternizados na sociedade urbana. O modo como lutam para serem reconhecidos, expressa territorilidades específicas dessas comunidades, as quais desmontam visões estáticas e essencializadas acerca desses povos.
Este artigo é parte de uma pesquisa maior que investiga o protagonismo das mulheres quilombolas na luta pelo território em duas regiões brasileiras: Norte e Sul. Ele apresenta os resultados de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), artigos, teses e dissertações, que buscou responder à seguinte pergunta: quais as condições de vida e as estratégias de resistência das mulheres negras escravizadas no contexto de colonização da América Latina e, particularmente, do Brasil? Para isso, analisa a produção científica dos últimos cinco anos a respeito das estratégias de organização social e política dessas mulheres nos séculos XVIII e XIX. Os resultados das análises apontam que a “abolição ou anulação” da escravidão não se deu sem os ativismos dessas mulheres, que resistiram de diversas formas nos espaços público e privado, embora tenham permanecido invisibilizadas pelas intersecções de gênero, raça e classe e suas inúmeras tessituras nos sistemas de dominação.
Este artigo discute a identificação quilombola dos abacataenses a partir da etnografia sobre/com as crianças. Abacatal é uma comunidade quilombola localizada na área rural de Ananindeua, município integrante da região metropolitana de Belém-PA, remonta ao início do século XVIII com o projeto escravocrata de africanos na colonização da Amazônia. A metodologia orientou-se pelos estudos contemporâneos da antropologia da criança para compreendê-las como como agentes da construção e determinação de sua vida social, daqueles que as rodeiam e, bem como, da sociedade na qual vivem. Nesse sentido, as crianças influenciam e são influenciadas pela cultura, logo, tanto quanto os adultos participam da produção de sentidos e significados, imprimindo-lhes uma dinâmica nas relações entre estabilidade e mudança em Abacatal. O estudo possibilitou compreender a contribuição criativa das crianças abacataenses para o repensar dos esquemas convencionais que envolvem as experiências infantis com as referências e os processos identitários e, no caso de Abacatal, particularmente, evidenciou a participação ativa delas na luta pelo território.
T erra Firme é um bairro periférico da área metropolitana de Belém-PA, remonta sua origem ao século XVIII, período marcado pela escravidão de negras e negros africanos na Amazônia. Quase nada se fala sobre essa história, poucos estudos chegam a mencioná-la. O que se tem divulgado nos documentos e sites oficiais são informações referentes ao bairro mais populoso da periferia de Belém, que tem mais ou menos 60 anos, que surgiu de um processo de ocupação urbana, nos meados da década de 1960de (SANTOS, 2010
O presente artigo pretende refletir sobre as situações de conflitos e processos de expropriação na Amazônia. Para isso, utiliza-se a Revisão Sistemática de Literatura como metodologia de pesquisa, priorizando a análise dos resultados apresentados em 68 estudos publicados no período de 2014 a 2019, os quais apontaram que diferentes formas de expropriação em territórios tradicionalmente ocupados, induzem a conflitos de caráter territorial, socioambiental e de identidade.
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