Este artigo analisa mecanismos de estabilidade e mudança curriculares produzidos no Colégio Pedro II que influenciaram os rumos da disciplina escolar Ciências no 2º segmento do Ensino Fundamental, durante os anos 1960-1970. Investigando fontes orais e escritas, afirmo que aspectos institucionais puderam contribuir para que esta sofresse influências do movimento de renovação do ensino de Ciências ocorrido no período. Tais aspectos dizem respeito ao baixo status da disciplina escolar, que possuía um caráter mais generalista, era preterida pelo catedrático e não possuía espaço físico próprio. Essas características viabilizaram mudanças em uma instituição com arraigadas tradições e com as decisões centralizadas nos catedráticos. Tais mudanças, no entanto, articularam as inovações com conteúdos e práticas do passado, inventando uma tradição que pôde agregar o tradicional/antigo com o moderno/renovado e manter o prestígio da disciplina escolar tanto internamente quanto no nível externo.
O estudo analisa o conhecimento escolar em ciências expresso em livros didáticos brasileiros, focalizando as ilustrações sobre o tema estações do ano em quinze exemplares voltados para as séries iniciais do ensino fundamental. Grande parte das representações encontradas contrasta com o que observamos no Hemisfério Sul e, mais especificamente, em diversas regiões do Brasil. Argumentamos que boa parte dos problemas encontrados nessas ilustrações é fruto de uma importação acrítica de representações didáticas elaboradas em regiões do Hemisfério Norte. Tal importação não se deu de forma isolada, possuindo raízes históricas que remontam ao próprio processo de escolarização do Brasil. Considerando o importante papel que os livros didáticos têm historicamente assumido na educação brasileira, o presente estudo aponta-nos para caminhos formativos que problematizem tanto a seleção e organização dos diversos conteúdos quanto a homogeneidade apresentada nos diversos materiais curriculares.
RESUMO: Este trabalho apresenta uma pesquisa voltada para o estudo de processos de construção das relações entre teoria e prática na formação de professores. A investigação ocorreu em uma disciplina acadêmica de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. A disciplina era oferecida em um Instituto de Ciências Biológicas, abordando o ensino de saúde na educação básica a partir do conteúdo específico de Patologia. Investigamos aspectos das práticas sociais em diferentes atividades da disciplina e buscamos caracterizar conhecimentos mobilizados. Empregamos um desenho naturalista, utilizando métodos de pesquisa qualitativa. As análises partem de modelos de formação docente discutidos na literatura. Os resultados indicam que as relações entre teoria e prática variavam de acordo com o tipo de atividade desenvolvida. Apesar de certa predominância do conhecimento biológico, observamos iniciativas da professora que evidenciam preocupação com conhecimentos educacionais, do contexto escolar e do aluno.
Trabalho produzido no âmbito da pesquisa Sentidos das relações entre teoria e prática em cursos de formação de professores em Ciências Biológicas: entre histórias e políticas de currículo, desenvolvida com financiamento do CNPq. Uma versão preliminar do mesmo foi apresentada no VI Congresso Brasileiro de História da Educação (VILELA et al., 2011). * Pedagoga na Marinha do Brasil. Mestre em Educação (UFRJ), Doutoranda do PPGE/ UFRJ. Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Currículo (NEC). Bolsista CAPES.
O trabalho analisa aspectos produtores de significados curriculares para a disciplina escolar Ciências durante as décadas de 1950/70: as políticas internacionais e nacionais que influenciaram a educação brasileira; as mudanças curriculares que marcaram a disciplina no âmbito de um 'movimento renovador'; as ações curriculares expressas em livros didáticos. Com base em estudos sócio-históricos no campo do Currículo e, particularmente, sobre as disciplinas escolares, compreendemos as 'inovações' como construções que resultam de tensões entre o tradicional e o 'novo'. Nessa perspectiva, defendemos que a introdução de conhecimentos ecológicos, nos anos de 1970, na disciplina escolar Ciências, pode ser considerada uma 'inovação' curricular que dialoga com 'tradições' já existentes. Tomando os livros didáticos como materiais curriculares que participam das 'invenções de tradição', percebemos as coleções de Paulo Maurício Silva e Sebastião Rodrigues Fontinha Filho, publicadas no período, trazendo esses conhecimentos ecológicos em meio às influências sofridas pelos padrões e retóricas hegemônicos.
Resumo O artigo aborda a história da disciplina escolar ciências na produção acadêmica brasileira entre 1981 e 1995. Analisa nove dissertações e teses que focalizam o ensino fundamental e que possuem um viés histórico. Com base em Goodson, argumenta que o entendimento do processo de construção social de uma determinada disciplina exige a consideração de fatores internos e externos. Destaca, ao mesmo tempo, a importância de se analisarem, entre os diversos fatores internos, as teses e dissertações defendidas nos programas de pós-graduação. Afirma que ainda há muito a ser investigado sobre a área em pauta, uma vez que boa parte dos trabalhos realizados são muito descritivos. Ou seja, os estudos históricos não têm sido privilegiados nas pesquisas em ensino de ciências. Os trabalhos analisados, apesar de não desconsiderarem a existência de conflitos, acabam por minimizar suas influências no quadro geral de constituição das disciplinas escolares em ciências.Palavras-chave: currículo, ensino de ciências, história das disciplinas.
AbstractThe article focuses on how science as a school subject has been discussed in Brazilian theses and dissertations between 1981 and 1995. It analyses nine dissertations and theses that investigate elementary school teaching and that adopt a historical approach. Drawing on Goodson's history of the school subjects, the article argues that internal and external factors are necessary to understand the steps followed by a school subject. It stresses the importance of analysing dissertations and theses submitted to Brazilian graduate programmes. It suggests that there is much left to be researched on the development of science as a school subject, since most of the studies carried out are very much descriptive. In other words, historical studies have not been a concern of science education researchers. The studies tend to understress the influence of conflicts on the general context of the constitution of scientific school subjects.
Investigamos os discursos que regulam os processos de subjetivação de professores em formação inicial para a atuação na Educação de Jovens e Adultos. Interessa-nos compreender os enunciados produzidos em diferentes contextos discursivos de produção de conhecimentos que normatizam o que podemos pensar sobre a modalidade e seus sujeitos, em processos que incluem e, simultaneamente, excluem os estudantes. Percebemos a produção de um estudante – e de um professor – fora da norma, produzindo efeitos de poder que regulam a produção das subjetividades discentes e docentes. Assim, ao nos referirmos ao estudante jovem e adulto como o cidadão que necessita de estratégias de produção de igualdade, situamos esses estudantes em espaços intermediários entre a inclusão e a exclusão.
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