RESUMO: Este trabalho apresenta uma pesquisa voltada para o estudo de processos de construção das relações entre teoria e prática na formação de professores. A investigação ocorreu em uma disciplina acadêmica de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. A disciplina era oferecida em um Instituto de Ciências Biológicas, abordando o ensino de saúde na educação básica a partir do conteúdo específico de Patologia. Investigamos aspectos das práticas sociais em diferentes atividades da disciplina e buscamos caracterizar conhecimentos mobilizados. Empregamos um desenho naturalista, utilizando métodos de pesquisa qualitativa. As análises partem de modelos de formação docente discutidos na literatura. Os resultados indicam que as relações entre teoria e prática variavam de acordo com o tipo de atividade desenvolvida. Apesar de certa predominância do conhecimento biológico, observamos iniciativas da professora que evidenciam preocupação com conhecimentos educacionais, do contexto escolar e do aluno.
Neste texto, apresentamos reflexões em prol da aprendizagem enquanto afetação dos corpos dos aprendizes para os conteúdos do som no ensino de Ciências. Para tanto, buscamos estabelecer relações com as propostas de Latour e de outros autores, que assumem os espaços sociais como sendo performados por redes sociomateriais em que atores humanos e não humanos se inter-relacionam simetricamente. Tal concepção compreende a aprendizagem enquanto um resultado da performance de atores e que um corpo que aprende é aquele que é afetado por essa rede sociomaterial. Por meio de uma pesquisa qualitativa em educação, desenvolvemos uma análise documental sobre o Currículo Referência do Estado de Minas Gerais (CREMG) entendendo-o como uma entidade que se propõe a estabilizar as redes de ensino no Estado. Em nossas análises, constatamos que, nas partes relacionadas aos conteúdos do som para as Ciências das séries finais do Ensino Fundamental, o documento oferece abordagens que pouco afetariam o corpo/ouvido desse aluno. Contudo, verificamos outras possibilidades de resgatar ontologias sobre “o som” e “o mundo” presentes no próprio CREMG quando analisamos as proposições nos campos das experiências para Educação Infantil, do corpo na Educação Física e da dimensão estésica da aprendizagem na Educação Artística.
Neste texto, apresentamos resultados de uma pesquisa que investigou performances em uma disciplina denominada “Prática de Ensino de Ciências”, em um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas de uma universidade situada no estado de Minas Gerais. Com referências nos estudos de Sørensen e Latour, entendemos como performances os agenciamentos entre atores humanos e não humanos e os movimentos decorrentes destes, os quais permitem atingir um determinado fim. Os dados da pesquisa foram coletados por meio da observação-participante com registro em caderno de campo, em áudio e em vídeo, em um total de nove aulas, no período de agosto a outubro de 2017. A disciplina observada estava localizada no sexto período do curso, porém contava com a participação de estudantes de outros períodos. Em nossas análises, identificamos que as performances das práticas de ensino foram compostas por entidades com as quais os licenciandos interagiam em seus planejamentos de aulas. Uma delas, o tempo, foi seguida nas modulações verbais que levaram os professores em formação a se moverem ao passado, presente e futuro. Além disso, atores humanos e não humanos figurados nessas performances de aulas fizeram emergir uma escola imaginada por eles, a qual contingenciava suas ações. Se, por um lado, isso ofereceu possibilidades de se flexibilizarem os planejamentos de aula adequando-os às diferentes realidades escolares, por outro, limitou, impediu, fragilizou e/ou conferiu certa angústia às suas possibilidades de atuação no contexto escolar. Destacamos a relevância de disciplinas acadêmicas como a investigada, uma vez que se configuram enquanto espaço-tempo curricular especial em programas de formação de professores, nos quais se permite melhor compreender os complexos e intricados processos de preparação para a docência.
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No início dos anos 2000, no Brasil, normatizações oficiais que orientam os currículos dos programas de formação de professores passaram por uma reforma que, entre outros aspectos, buscou enfatizar o papel da vivência em escolas nesse processo de formação, aumentando o tempo de estágio nesses espaços. Além disso, a mesma legislação também exigiu que as universidades delimitassem espaços privilegiados para a construção de relações teoria-prática em disciplinas ministradas. Esse elemento do currículo foi denominado “prática como componente curricular” (PCC). Neste trabalho, investigamos processos de construção discursiva de relações teoria-prática, no nível das interações face-a-face, no cotidiano de uma sala de aula de uma disciplina do PCC. No diálogo com Stephen Ball e colaboradores, entendemos esse contexto específico – o cotidiano da sala de aula de uma disciplina universitária – como parte de um ciclo contínuo produtor de políticas de currículo, no qual diversos sujeitos e variados contextos se articulam de forma permanente e simultânea, elaborando discursos que circulam e que são ressignificados continuamente. Adotando uma abordagem naturalista de pesquisa nos orientamos por perspectivas da Etnografia em Educação. A principal fonte de dados foi a observação participante, com registro em caderno de campo e em vídeo. Nossos resultados apontam que as RTP são construídas em vários espaços/tempos da formação de professores, em especial, quando são estabelecidos debates em torno das atividades do professor na escola. Identificamos que na construção de RTP, os participantes mobilizam experiências, vivenciadas ou imaginadas. Discutimos algumas relações desses resultados com transformações nas políticas públicas para a formação de professores.
Discutiremos, no presente texto, as análises conduzidas sobre uma experiência compartilhada entre quatro graduandos do curso de Ciências Biológicas com um jogo didático por nós desenvolvido para o ensino de Evolução Biológica (EB). Nosso objetivo foi verificar as potencialidades em termos de ensino e aprendizagem desse conteúdo através das relações construídas entre os jogadores e o jogo. Fizemos o uso de uma abordagem qualitativa de pesquisa. Nossa coleta de dados utilizou-se da gravação em áudio e vídeo dos participantes jogando. Em seguida, transcrevemos parte das falas que teciam relações com o conteúdo de EB. Para a seleção dos eventos, buscamos por controvérsias, momentos em que houve discordância entre os jogadores e o jogo, assim como identificamos ocasiões em que o jogo evidenciou situações em torno do ensino-aprendizagem de conceitos de EB. Nossos resultados identificaram três categorias, a saber: i) Estabelecendo controvérsias: jogabilidade e realidade se chocam; ii) Identificando lacunas em torno da aprendizagem de conteúdos de Ciências; e iii) Ampliando ou ressignificando sentidos dos conceitos de EB aprendidos. Percebemos que o jogo permite diferentes relações entre a realidade (mundo físico) com o mundo jogado (mundo virtual), mas que foi preciso fazer adaptações para que essas relações se mostrassem possíveis. Consideramos que o jogo elaborado apresenta um significativo potencial de recurso auxiliar no ensino de conteúdos tão abstratos e complexos como os da EB, ao mesmo tempo em que entretém e permite uma interação maior entre os aprendizes-jogadores.
Resumo Este trabalho visa a contribuir com a discussão sobre a aprendizagem enquanto afetação do corpo, a partir da análise das práticas de divulgação científica com crianças de cinco e seis anos no âmbito do projeto de extensão Universidade das Crianças da Universidade Federal de Minas Gerais. Como repertório teórico-metodológico e analítico, explorou-se a Teoria Ator-Rede. As análises realizadas deram visibilidade a uma aprendizagem que se dá não enquanto processo individual e mental, mas que emerge das relações; um processo centrado não apenas na racionalidade, mas também na potência dos corpos de se afetarem, de se sensibilizarem para as diferenças. Ao final, conclui-se que, a partir dessa perspectiva de aprendizagem, o objetivo da divulgação científica com crianças passa a ser menos a difusão de conceitos, e mais a construção de corpos sensíveis, que se deslocam, se transformam e se descobrem enquanto produtores de conhecimento.
Em Belo Horizonte, entre os dias 29 e 31 de agosto de 2007, no campus da UFMG situado na região da Pampulha, foi realizado o seminário intitulado "Formação de Professores para a Educação Básica: dez anos da LDB". Esse evento contou com a participação de professores, pesquisadores, estudantes, representantes de várias instituições e interessados em educação. A proposta principal era de se discutir as implicações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDBEN 9.394/96, que recém-completara dez anos, para a formação de professores que atuam na educação básica. O livro, organizado pelo também organizador do evento, professor da UFMG, João Valdir Alves de Souza, abarca os elementos centrais que foram debatidos e reflete o alto nível das discussões que emergiram nesse encontro.Gostaria de convidar o leitor a conhecer os trabalhos de cada um dos autores que compuseram essa obra por meio de breves descrições de seus artigos. Tomei a liberdade de agrupar os textos por bloco temático, que foi organizado com base nos assuntos tratados em cada artigo. Acredito que essa forma de apresentação se mostra mais didática, além de proporcionar ao leitor uma leitura menos cansativa, em vez de simplesmente trazê-los na ordem em que aparecem na obra. Tenho a intenção, com isso, de levar àqueles que não tiveram a oportunidade de participar do seminário, e que ainda não leram o livro, um pouco das importantes críticas feitas sobre o tema por autores renomados da área e de também tentar expressar um pouco do clima daquele momento.Num primeiro bloco ou eixo temático, encontram-se aqueles artigos que se propuseram descrever a situação de cursos de formação docente a partir de uma realidade específica e de sua relação com a LDB.
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