A lacuna de cuidados em Saúde Mental (SM) é um problema mundial. A Atenção Primária à Saúde (APS) é a base para estruturação da rede assistencial integral que o solucione. Sua integração com a Psiquiatria é parte deste desafio. Partindo da pergunta norteadora "Como vem sendo desenvolvida a inserção da APS no cuidado em Saúde Mental através da integração com a Psiquiatria pelo Matriciamento?", este artigo analisa a participação da Psiquiatria na organização da assistência em saúde mental centrada na APS, dentro de um modelo integral de cuidado em saúde. Foi utilizada metodologia qualitativa baseada na problematização da integração do Psiquiatra com as equipes da Estratégia de Saúde da Família no processo de matriciamento, sistematizam-se as experiências e conhecimento desenvolvidos pelos autores nos projetos do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em APS da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A partir dos referenciais conceituais dos Cuidados Colaborativos, Apoio Matricial, Matriciamento e Cuidado Integral, e da caracterização das demandas clínicas de SM mais frequentes na APS, discutem-se as repercussões destes na estruturação do cuidado em SM, na formação médica e na transformação da Psiquiatria. Conclui-se que a APS é um novo campo de atuação da Psiquiatria trazendo desafios importantes para a formação e a assistência em SM.
Resumo Os cuidados adequados em saúde mental são considerados um desafio para a saúde pública. A integração desses cuidados com a Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal estratégia segundo a OMS. Nesta direção, no Brasil, a criação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) foi um avanço, composto por uma equipe multidisciplinar que tem como principal ferramenta de trabalho o apoio matricial. O objetivo deste estudo foi analisar e explorar as percepções do trabalho dos matriciadores de saúde mental do município do Rio de Janeiro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que usou grupo focal integrado à técnica do aquário, com 26 matriciadores de oito áreas programáticas. A análise de conteúdo se deu pela Análise Estruturada. Foi possível identificar questões que versam sobre os dilemas da formação de profissionais para APS e Saúde da Família, concepções diversas sobre apoio matricial, os impactos para profissionais e pacientes de questões sobre violência e sobrecarga de trabalho, além do suporte da gestão. Concluiu-se que, embora o NASF tenha apresentado avanços importantes na atenção à saúde, ainda é preciso haver uma integração maior dos profissionais e usuários para maior clareza do trabalho dos matriciadores, visando a um fortalecimento das ações no âmbito do SUS.
Resumo O Apoio Matricial (AM) é considerado um dos pilares da integração entre os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e os profissionais de Saúde Mental (SM). À luz de um breve histórico dos processos de reorganização da APS que levaram à criação da proposta de AM e de considerações sobre seus conceitos fundantes, realizou-se uma revisão narrativa dos artigos sobre AM em SM publicados nas bases de dados nacionais de 1998-2017. Procurou-se compreender os sentidos atribuídos aos termos “horizontalidade” e “supervisão”, assim como as descrições de AM. Buscou-se identificar fatores contribuintes para as dificuldades que têm sido descritas nas práticas, partindo-se do pressuposto de que estes conceitos são polissêmicos e podem gerar ambiguidades que operam prejudicando as ações interprofissionais. Dos 106 artigos encontrados, 39 citaram o termo “horizontalidade’ e 29 citaram “supervisão”. Na análise destes textos concluiu-se que, para além da polissemia, os obstáculos têm sua força no modelo ainda hegemônico de formação profissional em Saúde, tradicional, hierárquico e uni-profissional dificultando o desenvolvimento de relações dialógicas que favoreçam a integração das equipes de apoio matricial e da APS e consequente resolubilidade e qualidade assistencial.
Resumo: Introdução: Cuidados paliativos é um direito que deve ser assegurado. Diante da pandemia causada pela Covid-19, a recomendação de isolamento social foi uma das estratégias para o enfrentamento. Relato de experiência: A equipe do Núcleo de Cuidados Paliativos do Hospital Universitário Pedro Ernesto organizou o fluxo de atendimento aos pacientes por meio do acréscimo ao atendimento presencial das modalidades de teleconsulta. Essa ampliação gerou um aumento da comunicação do paciente e da família dele com a equipe de saúde, preservando, dessa forma, um plano terapêutico baseado no cuidado, acolhimento e respeito adequado a esse período de enfretamento do novo coronavírus. Discussão: A comunicação entre os profissionais das diversas áreas de saúde do núcleo se intensificou quanto às discussões dos casos e desfechos apresentados. Apresentam-se as principais estratégias, os processos, as percepções e os desafios desenvolvidos e enfrentados pela equipe interdisciplinar. Destaca-se o papel da equipe de agente facilitador da integração e comunicação entre o paciente, o Hupe e a rede SUS. Conclusão: A equipe do núcleo foi fundamental para que os pacientes e familiares assistidos pudessem atravessar o momento com mais tranquilidade, segurança e cuidado integral.
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