O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte dele até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço. (Calvino, 2003, p.158) Junho, 2008, Vitória, Seminário "A Humanização do SUS em Debate". O chamado Coletivo PNH e pesquisadores da área da saúde, de várias partes do Brasil, reúnem-se para colocar em análise os cinco primeiros anos da Política Nacional de Humanização (PNH). Dois dias inteiros de diálogos acalorados em rodas de conversa, nas quais circularam muitas idéias e afetos: convergentes, divergentes... heterogêneos, heterogenéticos -capazes de fazer diferença em corações e mentes.Funcionamento absolutamente compatível com algo que a PNH também deseja favorecer em sua efetuação pelo país: escuta e conversa de verdade, como dispositivos que auxiliem na enunciação, no equacionamento e na solução de problemas concretos das ações em saúde, tentando interferir de maneira produtiva e democrática em serviços, em procedimentos, em rotinas, em especialidades, em sentidos e modos de relação entre usuários, profissionais e gestores.Saímos de Vitória com esta percepção e com várias questões, que as conversas deram a pensar ou fomentaram. Não seria possível tratá-las todas, por isso, recortamos um campo de continuidade, de desdobramento do diálogo em torno de uma questão em particular, cuja recorrência nos últimos anos 3 , bem como durante o Seminário, parece tornar razoável seu acolhimento ainda uma vez.Trata-se de questão derivada do caráter polissêmico do termo humanização, cujas acepções são variadas e, por vezes, divergentes. Este fato, desde o nascedouro da PNH, gerou e ainda gera polêmicas, em relação à pertinência do uso do termo para nomear uma política pública; e, sobretudo, em relação aos sentidos que o conceito de humanização deve assumir no escopo da política, em termos de favorecer, de potencializar a operacionalização de ações, digamos assim, humanizadoras.
The co-occurrence of oral language problems and eating disorders is not just a coincidence. Both disorders configure themselves as oral disturbances. It is suggested that speech-language pathologists investigate eating difficulties during the diagnostic process of clients with complaints and/or symptoms that have manifestations on oral language.
OBJETIVO: caracterizar e analisar, do ponto de vista fonoaudiológico, o(s) letramento(s), os modos de circulação e uso de gêneros discursivos escritos por 69 escolares de duas classes de terceiro estágio de uma escola municipal de ensino infantil da cidade de São Paulo. MÉTODO: construção e aplicação de protocolo composto por diversos gêneros discursivos escritos, para verificação do grau de reconhecimento, de familiaridade e de uso dos mesmos pelos 69 escolares pesquisados. A faixa etária dos escolares é de 5 anos e 1 mês a 6 anos e 1 mês, sendo 58% do sexo masculino e 42%, feminino. A análise dos dados foi feita a partir do mapeamento dos índices de letramento dos escolares, em função dos níveis e tipos de letramento consignados na literatura especializada. RESULTADOS: entre os gêneros discursivos escritos apresentados, foi encontrado, para essa faixa etária, um reconhecimento significante para os gêneros: carta; jornalístico; narrativas infantis; placas de trânsito; quadrinhos e receitas, sendo estes visualizados e/ou utilizados por e/ou com familiares em casa, no trajeto à escola e em outros espaços sociais. CONCLUSÃO: é considerável a presença de práticas letradas entre os pesquisados, o que sugere a relevância em se considerar os processos de letramento, tanto nas estratégias pedagógicas da educação infantil, quanto no trabalho fonoaudiológico com escolares que apresentem dificuldades e/ou distúrbios na aquisição da escrita.
OBJETIVO: mapear e caracterizar a ocorrência de distúrbios de comunicação oral e/ou escrita em um grupo de jovens infratores institucionalizados, verificando possíveis impactos das dificuldades de linguagem e comunicação na vida social desses sujeitos. MÉTODO: estudo exploratório e descritivo, com 40 internos da Fundação Casa, entre 15 e 18 anos, da unidade UI 25 - Rio Negro, do complexo da cidade de Franco da Rocha - SP. Para a coleta de dados, foram aplicados o Teste do Mini-Exame do estado mental, com o objetivo de detectar eventuais alterações cognitivas; o Teste Montreal, que analisou habilidades simples de linguagem oral e escrita; e uma entrevista semi-estruturada, cujo roteiro versou sobre Saúde Geral, Trajetória Escolar, Trajetória Profissional e percepções sobre o comportamento infracional. RESULTADOS: verificou-se que a maior parte da população era alfabetizada e que não houve ocorrência de déficits cognitivos. Houve índice alto de abandono escolar, oriundo de dificuldades em acompanhar conteúdos escolares e se adaptar às regras e dinâmica escolar, o que indica impactos das dificuldades de linguagem, especialmente da linguagem escrita, em condição que, associadas a outros fatores, favoreceram os comportamentos infracionais. CONCLUSÃO: os jovens infratores apresentaram problemas para se desenvolver e se engajar a valores e normas sócio-culturais, como também escolares, o que impõe limites ao acesso e circulação discursiva desses sujeitos, restringindo os usos da linguagem, na condição de prática social ao desenvolvimento pessoal e da cidadania. Tais achados dão indícios, entre outros fatores, do impacto social que a precária escolarização e socialização dos jovens pode ajudar a acarretar. O estudo demonstra que a linguagem deve ser concebida como prática social, sobretudo, nas formas de expressão e de comunicação desses sujeitos.
TEMA: o objetivo deste estudo é descrever e analisar os efeitos do trabalho fonoaudiológico em Oficina de Cozinha, em processo terapêutico de um paciente portador da síndrome de Prader-Willi. PROCEDIMENTOS: a pesquisa é um estudo de caso de uma criança de 5 anos portadora da Síndrome de Prader-Willi, que apresentava atraso de linguagem e transtornos alimentares. A criança participou durante sete meses do processo terapêutico em Oficina de Cozinha, associado à terapia fonoaudiológica individual. O registro do material clínico foi realizado sistematicamente por escrito, ao longo de cada uma das sessões. RESULTADOS: o caso estudado modificou para melhor seu funcionamento miofuncional oral e de linguagem, como por exemplo: organizando sua função mastigatória e ganhando autonomia da capacidade discursiva. Assumindo a indissociabilidade entre o orgânico e o psíquico, a criança, que apresenta marcas orgânicas advindas da Síndrome, usufruiu de potencialidades da Oficina de Cozinha. CINCLUSÃO: as Oficinas de Cozinha, na condição de dispositivo terapêutico fonoaudiológico, mostrou-se pertinente à articulação biopsíquica no tratamento de pacientes cujas marcas orgânicas determinam limites e especificidades à aquisição e à circulação na linguagem, como são os casos de portadores da síndrome de Prader-Willi.
Trata-se de estudo descritivo-exploratório de natureza qualitativa que adota como método de coleta de dados a observação-participante dos processos de cuidados à saúde realizados pelos cuidadores de pacientes acamados, pertencentes à área de abrangência de uma Equipe de Saúde da Família que atua em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), localizada em São Paulo (SP). O objetivo deste estudo de caso foi o de relatar a construção do "Guia para cuidadores de pacientes acamados e/ou com restrição ao lar". Este guia foi elaborado a partir de uma parceria entre as Equipes de Saúde da Família (EqSF), fonoaudiólogos, e os cuidadores de pacientes usuários de uma UBS. O guia foi fundamentado pela construção de um saber comum, com o intuito de contribuir com a criação de redes colaborativas, que possam ser espaços de discussão e troca de saberes. Estas redes foram extremamente úteis na potencialização da capacidade dos cuidadores em identificar, precocemente, as situações que requerem intervenção. As redes também trabalharam com a valorização do papel do cuidador; seu saber quanto à forma de atuar nas atividades de vida diária; superação das limitações; demonstração de ações que visam o bem estar físico e psíquico do sujeito doente; ampliação da capacidade de apropriação dos processos de adoecimento, da autonomia e da co-responsabilidade no cuidado à saúde. Após a impressão do guia, o mesmo foi entregue as EqSF, aos profissionais de saúde e a comunidade. O feedback foi positivo e, sendo assim, conclui-se que o guia atingiu o objetivo proposto.
O objetivo deste trabalho é analisar as tendências e perspectivas da produção recente sobre as práticas fonoaudiológicas em Saúde Pública. A metodologia está centrada na realização de um levantamento da produção bibliográfica da área (sem a pretensão de esgotá-la), de 1990 até 2005. O período cronológico foi definido em função do fato de que, com o advento do Sistema Único de Saúde, houve um incremento de pesquisas, atuações e publicações na área de Saúde Pública devido à maior presença e efetividade da atuação fonoaudiológica nos serviços públicos de saúde. Para tanto, foram adotadas como fontes de pesquisa as produções elaboradas em forma de dissertações e/ou teses, livros e/ou capítulos e artigos em periódicos. A análise dos dados levantados aponta que a Saúde Pública é uma área importante para a Fonoaudiologia, um campo aberto a ser explorado na atuação e na pesquisa. Conclui-se que, se o tema Fonoaudiologia e Saúde Pública entrou mais intensamente para a agenda das atuais produções, então é preciso maior investimento e investigação por parte dos fonoaudiólogos.
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