Uma tendência atual é a incorporação de serviços por empresas de manufatura na tentativa de agregar valor ao seu negócio incluindo-os em suas ofertas. Esse movimento vem sendo chamado de “servitização” na literatura. Nesse contexto, o presente trabalho realiza uma revisão bibliográfica nesse tema, buscando identificar os seus diferentes modos e como ele ocorre. Além disso, o trabalho busca caracterizar as diferentes classificações de ofertas nesse movimento. Baseado no levantamento bibliográfico é proposto um modelo de decisão do processo de servitização que representa as etapas e o conteúdo das decisões nesse processo. Uma tipologia do processo de servitização é também proposta, para auxiliar na definição dos modos de servitização e no entendimento de como o processo de servitização ocorre.
S e hoje estamos acostumados a ouvir falar de Jean-Baptiste Debret como pintor que retratou cenas do Brasil oitocentista e cujas telas trazem imagens dentre as mais famosas do período, reproduzidas atualmente ao ponto de se destacarem das paredes dos museus para comparecerem até em mercadorias, isso se deve a um momento preciso de sua "redescoberta" na primeira metade do século XX, período em que foi retirado de certo ostracismo que marcara sua obra até então. Um outro modo de dizer isso é reconhecer a existência de movimentos sucessivos interessados na obra de Debret, capazes de mobilizar os meios necessá-rios para o resgate, reconhecimento e consagração, ainda que a posteriori, e agora de modo mais genérico, de uma obra de arte. O livro de Anderson Ricardo Trevisan, mais do que perseguir os caminhos que levaram a essa valorização de Debret, na verdade os constrói, porque se interessa pelo mapeamento minucioso de uma trajetória que até então não estava esclarecida.A inscrição do livro em uma sociologia da cultura, com ênfase na relação entre pintura e sociedade, logo se flagra pela preocupação do autor em detalhar o percurso de Debret desde sua formação neoclássica na França, importante para desautorizar uma tentativa de apreensão da trajetória do pintor a partir de concepções afeitas mais ao culto da individualidade, ao caso excepcional, que à compreensão de dinâmicas sociais. Corresponde a essa pretensão toda a discussão do primeiro capítulo, uma exposição interessada em mostrar os pontos mais importantes do neoclassicismo francês, com destaque para o pintor David, e a formação de Debret nesse ambiente. Os eventos políticos da França napoleônica são elementos decisivos, tanto para a chegada de Debret ao Brasil, como para se compreender a feição de toda sua obra pictórica. Debret vem para o Brasil após a queda de Napoleão, em meio à Restauração na França, no âmbito da Missão Artística Francesa de 1816, e traz na bagagem uma intenção civilizadora:
Discute-se no presente artigo as possibilidades de conhecimento sobre a história proporcionadas pelos discursos historiográfico e literário. De proporções gigantescas, o tema foi obviamente abordado a partir de um enfoque delimitado. Em um primeiro momento, procura-se apontar alguns problemas de se alçar a escrita ficcional ao estatuto de documento, ocasião para se criticar o uso da literatura como fonte de conhecimento no mesmo sentido em que a história se utiliza de documentos para fazer afirmações sobre o passado. Em seguida, após uma vista d’olhos sobre a discussão historiográfica propriamente dita, propõe-se uma possibilidade de conhecimento a partir da literatura, tendo em vista o romance de John Updike.
Resumo:Explora-se aqui o ambiente de circulação dos primeiros folhetins, de modo a mostrar seus possíveis papeis na sociedade parisiense de meados do XIX. Nesse sentido, as práticas de leitura recebem uma atenção especial, pois tanto os folhetins como os romances de autores como Balzac, dentre outros, servem não só como entretenimento, mas também como veículos de debates de questões sociais as mais diversas. As práticas de leitura, desse modo, revelam modos concretos e diversos de apropriação de um mesmo objeto literário, observação que convida historiadores e críticos literários a estarem atentos ao cruzamento de questões que interessam às duas disciplinas de que fazem parte. Palavras-chave: história; romance; folhetim Résumé:On explore ici l'environnement de la circulation des premiers feuilletons afin de montrer leurs rôles possibles dans la société parisienne du milieu du XIXe. En ce sens, les pratiques de lecture reçoivent une attention particulière, parce que les feuilletons aussi bien que les romans d'auteurs comme Balzac, entre autres, servent non seulement comme un divertissement mais aussi comme véhicules de débats des questions sociales les plus divers. Les pratiques de la lecture révèlent ainsi des moyens concrets et différences d'appropriation du même objet littéraire, ce qu'invite les historiens et critiques littéraires pour être au courant des questions d'intérêt réciproque pour les deux disciplines auxquelles ils appartiennent.Mot-cléss: histoire; litterature; feuilleton A ambição das linhas que seguem é restrita: trata-se somente, a partir de um olhar de historiador sobre a literatura, de militar em favor de um alargamento dos objetos e dos métodos da história literária do século XIX e de esboçar um terreno comum à história e aos estudos literários. Essas proposições advêm de uma experiência de pesquisa consagrada às leituras do romance sob a monarquia de Julho i .Os anos 1830 são marcados, sabemos, por uma explosão do gênero romanesco.Se as obras religiosas e morais, os livros de educação e os fundos clássicos continuam a suscitar as tiragens mais elevadas, os romances adquirem um lugar central no seio da produção impressa, a despeito de tiragens médias menores, tanto pelo aumento das "novidades" quanto pela difusão que lhes asseguram os gabinetes de leitura ii . Enquanto a poesia permanece no topo da hierarquia dos gêneros, o público, ampliado pelo 1 Professora na École des Hautes Études en Sciences Sociales.
Ao propormos um dossiê intitulado "As verdades da ficção", é claro que estávamos pensando na série de debates que se travou, ao longo das décadas de 1960 e 1970, no campo da historiografia. As palavras "verdade" e "ficção" remetem, para todos que têm uma certa familiaridade com essa produção intelectual, em especial à obra de Hayden White, que, sob forte influência de um aparato teórico forjado no campo da teoria literária, tirou o sono dos historiadores tradicionais. O uso de obras ficcionais como fonte de conhecimento histórico ou social vem de longa data, contudo.i White, por sua vez, ao aproximar ambos os termos, inverte o sentido epistemológico: não é mais a obra ficcional que dá acesso, em alguma medida, a um conhecimento histórico ou sociológico -a alguma dimensão do que chamamos de real; se trata, agora, de ressaltar que o uso de elementos ficcionais pela narrativa histórica impossibilita ver a história como fonte objetiva de conhecimento.O dossiê tem exatamente a finalidade de revisitar essa questão, que, verdade seja dita, já não causa o mesmo furor de outrora. O próprio Hayden White andou fazendo, recentemente, uma mea culpa, ainda que pela metade. Em The Practical Past, ele reconhece que ter usado, para tratar da escrita historiográfica, o conceito de ficção sem ressaltar que este seria "um tipo de invenção ou construção baseada em hipóteses, mais do que uma maneira de escrita ou pensamento focada em entidades puramente imaginárias ou fantásticas" (WHITE, 2014, p. xii), abriu espaço para mal-entendidos desnecessários. Em certa medida, o livro de Peter Gay, Represálias selvagens -cujo título do epílogo, "As verdades das ficções", não custa lembrar, inspirou o presente dossiê -, é uma reposição da questão entre literatura (ou ficção) e história (ou verdade) em tempo do refluxo da vaga cética. Daí que possa sair mais ou menos incólume com uma afirmação como a de que "pode haver história na ficção, mas não deve haver ficção na história" (GAY, 2010, p. 150), a qual seria tachada de conservadora um quarto de século atrás.
RESUMO: O presente artigo procurou resgatar alguns elementos do debate crítico suscitado pela literatura naturalista e relacioná-los com discussões recentes no Brasil sobre a inadequação de alguns livros para uso na educação básica, baseando-se nos exemplos de Monteiro Lobato e Adolfo Caminha. Para isso, realizou-se um levantamento de algumas acusações, tais como as de obscenidade e imoralidade lançadas a muitos romances escritos em finais do século XIX, os quais despertaram reação e defesa por parte dos escritores, notadamente o francês Émile Zola, cujos romances e obra teórica foram bastante discutidos no Brasil. A partir disso, esperou-se mostrar que o texto literário exige uma leitura capaz de considerar as especificidades de sua composição, o que levaria a uma abordagem do texto polêmico na educação diferente de sua simples condenação.Palavras-chave: Literatura naturalista. Educação. Romance. The usefulness of an exact investigation: literature and educationABSTRACT: This article sought to address some elements of the critical debate elicited by naturalist literature and to associate them with recent discussions in Brazil about the inadequacy of some books for use in primary education, based on the examples of Monteiro Lobato and Adolfo Caminha. Thus, a survey on some accusations, such as obscenity and immorality released against many novels written in the late 19 th century, was carried out. These novels aroused reaction and defense by the writers, notably the French Émile Zola, whose novels and theoretical work were extensively discussed in Brazil. Therefore, it was expected to show that the literary text requires a reading able to consider the specificities of its composition, which would result in an approach to the controversial text in education other than its simple condemnation.
Apresentação à conferência de Jean-Yves Mollier, intitulada Tradução e globalização da ficção: o exemplo de Alexandre Dumas Pai na América do Sul, situando-a dentro de alguns aspectos das teorias da globalização, com o objetivo de evocar a discussão sobre a questão das transferências culturais. Creative Commons License This work is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.
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