O propósito deste artigo é investigar a atuação do jornal O Philantropo (1849-1852), bem como da "Sociedade contra o Tráfico de Africanos e Promotora da Colonisação e da Civilização dos Indígenas", que sustentou o jornal. Procura-se atentar para a especificidade dos segmentos presentes na Sociedade em relação ao projeto de fim do tráfico, no momento em que ocorriam os debates no Parlamento. No jornal, a bandeira antitráfico combinava em suas propostas a defesa da mão-de-obra livre e um nacionalismo que muitas vezes lançava mão de argumentos racialistas. Interessa-nos, assim, destacar aspectos do debate da Sociedade através de um exame do perfil de seus sócios e na articulação que apresentaram entre as questões da colonização e da formação do povo, através dos temas da raça, das doenças e da escravidão.
The article "The Negro slave trade considered as the cause of yellow fever" (in Port.), by French physician Mathieu François Maxime Audouard (1776-1856), was published in 1850 in the newspaper O Philantropo, an organ of anti-slave trade propaganda that circulated in Rio de Janeiro from 1849 to 1852, with a number of physicians as members. Translated from the original and published during the yellow fever epidemic that hit Rio de Janeiro, the text affords an opportunity to reflect on the positions about slavery that were held by Brazilian physicians at the time the law against the slave trade was promulgated in Brazil.
Apresenta uma primeira análise do perfil sociodemográfico dos óbitos registrados durante a primeira epidemia de cólera no Rio de Janeiro, a partir de dados coletados nos registros de óbito da Santa Casa de Misericórdia. Desde a manifestação do cólera, em 1855, relatos médicos brasileiros apontam seu viés social, que, no caso do país, implicava a alta mortalidade de escravos e livres pobres. Do ponto de vista histórico, entretanto, a epidemia e sua dinâmica foram pouco estudadas. A recuperação de dados originais sobre o cólera e a análise das taxas de mortalidade associadas à doença auxiliam-nos a melhor compreender aspectos do universo escravo na zona urbana da cidade, no período subsequente ao fim do tráfico negreiro.
O artigo aborda a etnografia do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em meados do século XIX, dando destaque à produção etnográfica do sócio da instituição, Antônio Gonçalves Dias. Chama a atenção para alguns aspectos que caracterizaram os estudos indígenas do momento: a visão dicotômica entre índios do passado e índios do presente que se desdobrava na percepção dos grupos de origem tupi e os 'tapuias', conhecidos também como não falantes do tupi ou índios do sertão; e a dependência da disciplina etnográfica do campo da história, então em pleno desenvolvimento no IHGB. Tais aspectos, que invariavelmente anunciavam uma perspectiva 'decadentista' sobre os índios, repercutiram nas ações políticas que os envolveram no período e, ao mesmo tempo, impossibilitaram a percepção da imensa variabilidade étnica existente no interior do Brasil, quando os intelectuais da instituição seguiram em viagem às províncias do Norte. Não obstante o anúncio constante do desaparecimento dos índios, algum legado dessa viagem permite entrever a riqueza do material coletado junto àquelas populações, que, sob formas distintas de presença na atualidade, continuam a nos fornecer reflexões sobre a complexidade da formação nacional.
O artigo pretende analisar parte dos trabalhos do médico militar francês Mathieu François Maxime Audouard, que observara a epidemia de febre amarela em Barcelona em 1821. Audouard passaria a acusar o tráfico negreiro como principal causa da doença. Embora suas idéias fossem controversas e nem sempre aceitas pelos médicos de diferentes partes do mundo, elas apresentaram repercussão entre aqueles engajados no fim do tráfico e no movimento contra a escravidão da primeira metade do século XIX. Um caso de particular interesse para análise é a recepção de seus trabalhos no Brasil, frente ao momento de fim do tráfico negreiro no país, e a concomitância com a chegada da grande epidemia de febre amarela.
Cómo citar este artículo/Citation: Kodama, Kaori (2017), "Louis Figuier en Brasil: algunas consideraciones acerca de los vulgarizadores de las ciencias en el último cuarto del siglo XIX", Asclepio, 69 (1): p175. doi: http://dx.doi.org/10.3989/asclepio.2017.07 RESUMEN:Este artículo pretende abordar aspectos de la historia de la divulgación científica en Brasil en el siglo XIX, a través del analisis de la circulación de algunas traducciones para el portugués de las obras del vulgarizador de la ciencia francés, Louis Figuier. Sus obras, que fueron traducidas para diversas lenguas, recibieron ediciones en Brasil y en Portugal a partir de fines de la década de 1860. En este período, ganaba terreno un modelo de divulgación de las ciencias que se alineaba con la idea de ampliación de conocimientos científicos, con énfasis en las ciencias aplicadas para no especialistas -clase trabajadora, mujeres y jovenes. Sin embargo, ese modelo fue marcado igualmente por limitaciones y discontinuidades que reflejan cuestiones sociales de fondo, en el pasaje al siglo XX. Este trabajo pretende, destacar el papel de los traductores y editores, entendidos como mediadores de las ciencias, que tenían en vista proyectos cuyo principal enfoque era la educación.PALABRAS CLAVE: Historia de la Divulgación Científica; Mediación Cultural; Vulgarizadores Franceses; Traducción; Brasil; Siglo XIX. ABSTRACT:This article aims to address aspects of the history of the divulgation of sciences in Brazil in the nineteenth century, through the analysis of the circulation of some translations into Portuguese of the works of French popularizer of science, Louis Figuier. His works, which were translated to different languages, received editions in Brazil and Portugal since late 1860. During this period, a model of popularization of science for non-specialists -working class, women and youth -with emphasis on applied science was gaining terrain. However, this model was also marked by limitations and discontinuities that reflect social issues in the passage to the twentieth century. This paper attempts to highlight the role of translators and editors, understood as mediators of science, whose projects of social reform was primarily focused in popular instruction.
A proposta do artigo é analisar os discursos católicos sobre educação sexual durante a década de 1950 a partir de seções de correspondência com leitores publicados nos impressos Lar Católico e Família Cristã. Consideramos que tais seções, escritas e mantidas por Maria Madalena Ribeiro de Oliveira e Padre Videns, respectivamente, eram espaços privilegiados de mediação e evangelização dos leigos. Os anos 1950 são um período marcado por transformações institucionais significativas na Igreja Católica, em particular por maior aproximação junto aos discursos científicos e a evangelização através do apostolado laico. Dentre os preceitos da ‘boa educação sexual’ estava a recomendação da prática da leitura, que servia de guia tanto para incorporar os preceitos científicos considerados válidos quanto para reafirmar o valor da moral e preservar as diferenças sexuais.
Chazkel, Amy (2011) Laws of Chance. Brazil's Clandestine Lottery and the Making of Urban Public Life, Duke University Press (Durham, NC and London), xii + 346 pp. £67.00 hbk, £16.99 pbk.When the negative or deleterious aspects of Brazilian reality are pointed out, misdemeanour is something that seems to be extremely commonplace. The so-called 'jogo do bicho' (animal lottery) -and its popularity -is perhaps one phenomenon that best synthesises certain features almost considered to be original evils, which include corruption and impunity. Thus, the game's relevance in national life is reinforced both by its obviously problematic side and by the characterisation of popular culture, given its typical informality and ambivalence. Amy Chazkel's book deals with the period when the two faces of the game (criminal and popular) were formed, the first few decades of the republican period in Brazil.
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