A vigilância sanitária nas políticas de saúde no Brasil e a construção da identidade de seus trabalhadores (1976-1999)Health surveillance in the Brazilian health policies and the constructions of the identity of the health workers
Based on documentation from the institution known as Fisicatura-mor (1808-28), and mainly on proceedings involving its official 'accreditation' of medical activities, this analysis of popular therapists opens access to categories like bleeders and healers, who were persecuted for their activities down through the nineteenth century. The curing practices employed by these bleeders and curandeiros ranked low on the hierarchy of procedures acceptable by the Fisicatura-mor. Quantitative data analysis demonstrates a link between these practices and disadvantaged social positions. Also analyzed was information that popular therapists and their clientele provided on these practices and on how they are accepted.
Este artigo tem como objetivo analisar as transformações pelas quais passou o exercício das práticas de curar entre os anos 1828 e 1855, sobretudo no Rio de Janeiro. Observa-se, nesse período, a organização dos médicos acadêmicos em torno da Faculdade de Medicina, da Academia Imperial de Medicina e de periódicos especializados, ao mesmo tempo que os terapeutas populares perdiam espaço para legalizar as suas atividades. Comparamos então as mudanças na legislação e a ação dos órgãos fiscalizadores com a atuação dos terapeutas não-oficializados e a procura da população por seus serviços. Sobressaem da análise os conflitos derivados da tentativa de a medicina acadêmica se impor sobre as demais artes de curar, demonstrando a dificuldade daquela em estabelecer o monopólio das atividades terapêuticas.
Resumo Nesse artigo pretende-se analisar a medicina praticada por médicos e cirurgiões, contribuir para a identificação de práticas e do perfil desses terapeutas nas primeiras décadas do século XIX na corte, bem como em outros centros populacionais nos quais havia fiscalização do exercício das artes de curar. Aprofunda-se, ainda,a análise dos processos da Fisicatura-mor (1808-1828) a partir de casos em que é possível identificar partes de trajetórias de médicos e cirurgiões. Este órgão era responsável por regulamentar e fiscalizar todos os assuntos relacionados aos ofícios de cura e por conceder autorização àqueles que praticavam artes de curar. Por meio, sobretudo, dessa documentação, são abordadas questões como a relação entre médicos e cirurgiões que curavam demedicina prática, o conhecimento exigido para serem autorizados a exercer suas atividades, a nomeação desses indivíduos para cargos da própria Fisicatura-mor, sua mobilidade geográfica, a cobrança e o pagamento por seus serviços.
RESUMO: Durante a primeira metade do século XIX, a atividade do sangrador (fundamental na terapêutica do período) passou por mudanças relacionadas à progressiva organização dos médicos -sobretudo por meio da institucionalização de sua educação com a criação de faculdades. Estes lutavam pelo monopólio das atividades terapêuticas, buscando desautorizar e desqualificar a prática da sangria por aqueles que não fossem médicos e/ou cirurgiões formados na academia. O artigo pretende analisar tais mudanças, focando a atenção na relação entre os sangradores e os médicos acadêmicos e a crescente preocupação destes com a higienização.Palavras-chave: História da medicina. Sangradores. Médicos. Brasil.Século XIX. BLEEDERS AND PHYSICIANS: PRACTICES AND MEDICAL EDUCATION IN THE FIRST HALF OF THE XIX TH CENTURYABSTRACT: During the first half of the XIX th Century, the activity of bleeder (crucial in the therapeutics of the period) experienced changes related to the gradual organization of the physicians -above all through the institutionalization of their education with the creation of medical schools. They fought for the monopoly of the medical care activities, and searched to make illegal and to disqualify the practice of bleeding exercised when practiced by anyone who wasn't a doctor and/or a surgeon graduate in the academy. This paper intends to analyze such changes, focusing on the relation between bleeders and doctors and the increasing concern of these for hygiene.
Apresenta uma primeira análise do perfil sociodemográfico dos óbitos registrados durante a primeira epidemia de cólera no Rio de Janeiro, a partir de dados coletados nos registros de óbito da Santa Casa de Misericórdia. Desde a manifestação do cólera, em 1855, relatos médicos brasileiros apontam seu viés social, que, no caso do país, implicava a alta mortalidade de escravos e livres pobres. Do ponto de vista histórico, entretanto, a epidemia e sua dinâmica foram pouco estudadas. A recuperação de dados originais sobre o cólera e a análise das taxas de mortalidade associadas à doença auxiliam-nos a melhor compreender aspectos do universo escravo na zona urbana da cidade, no período subsequente ao fim do tráfico negreiro.
Resumo A historiografia menciona de modo recorrente a utilização das plantas por escravizados e libertos, o que suscita o interesse por uma análise sobre o tema. Neste artigo, aborda-se diferentes utilizações das plantas por esse grupo. Eram usadas para tratar de doenças, causadas por condições físicas ou por malefícios e desequilíbrios espirituais, assim como para amenizar ou resolver a exploração por parte dos senhores através de envenenamento. Ao longo do século XIX, observa-se a valorização do conhecimento de recursos vegetais nativos para o tratamento de enfermidades, mas também a repressão ao uso em rituais religiosos e ao envenenamento de senhores e suas famílias. Para o desenvolvimento do estudo, recorreu-se à bibliografia que aborda o tema, ainda que de forma lateral, e a fontes primárias. A pesquisa foi realizada na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, por meio de palavras-chave, entre as décadas de 1820 e 1850, e também por meio de uma revisita aos processos da Fisicatura-mor, relativos ao período de 1808 a 1828, além da consulta à legislação pertinente. A análise do uso de plantas no cotidiano de africanos e seus descendentes contribui para ampliar a compreensão sobre as condições de vida e sobre a agência dessas pessoas.
ResumoDurante o século XIX, no Brasil, observou-se um processo de institucionalização da medicina com implicações nos diferentes ofícios relacionados às artes de curar. As parteiras tradicionais passaram a ser desqualificadas, mas aquelas que tivessem formação acadêmica, nos cursos oferecidos na faculdade de medicina do Rio e da Bahia ou no exterior, teriam espaço legal para atuarem dentro de certos limites. A atuação crescente das parteiras diplomadas, contudo, não significou o desaparecimento das parteiras tradicionais. Percebemos a coexistência de diversos perfis de mulheres exercendo o ofício. Nesse artigo, pretendemos analisar a atuação de parteiras atentando para o seu cotidiano e as redes construídas entre elas e com os médicos. Para tanto, procuramos conhecer melhor as seguintes questões: onde, com quem e para que público essas mulheres trabalhavam. Destacamos a interação entre as parteiras, sobretudo as com formação acadêmica, verificada através do compartilhamento de endereços. As principais fontes utilizadas são os anúncios de parteiras publicados no Almanaque Laemmert (anual) e n'O Diário do Rio de Janeiro, abrangendo o período de 1822 a 1889.Palavras-chave: Parteira; Parto; Maternidade; Rio de Janeiro AbstractThere was a process of institutionalization of medicine with implications in different crafts related to the healing arts during the nineteenth century, in Brazil. Midwives were disqualified, but those who had academic training in the Faculty of Medicine of Rio de Janeiro and of Bahia or abroad, would have legal space to work within certain limits. The increasing role of midwives, however, did not mean the disappearance of traditional birth attendants. We observe the coexistence of different profiles of women exercising their craft.In this article, we analyze the performance of midwives paying attention to
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