Introdução: A saúde como um direito inerente à cidadania na Constituição de 1988 foi uma conquista de grupos sociais que, à época, insatisfeitos com as desigualdades e exclusão de parte da população aos serviços de saúde, lutaram pela consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Através desta conquista, políticas públicas foram implementadas para garantir este direito. No entanto, as desigualdades de acesso aos serviços de saúde são, ainda, um problema presente que impede o efetivo exercício do SUS em virtude de barreiras encontradas em diferentes dimensões, como a estrutural, operacional e relacional. Objetivo: Revisar a produção científica sobre a acessibilidade aos serviços odontológicos do SUS, caracterizando as principais barreiras de acesso. Método: Revisão integrativa da literatura com busca ativa de artigos publicados no período de 2010 a 2017 nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando os descritores “acesso”, “acessibilidade”, “serviços odontológicos” e “saúde bucal”. Resultados: Um total de 24 artigos foram selecionados, apresentando como principais barreiras de acesso a falta de informação sobre os serviços e da importância da saúde bucal, a autoavaliação quanto à saúde bucal, a falta de materiais, recursos humanos e insumos, a não efetivação das políticas públicas vigentes, dentre outros. Conclusão: A superação das barreiras de acesso é fundamental para diminuir as iniquidades sociais e promover a justiça social, bem como novos estudos voltados para os grupos considerados mais vulneráveis.
Em dezembro de 2019, casos inexplicáveis de pneumonia foram relatados em alguns hospitais na cidade de Wuhan, China, com histórico de exposição ao grande mercado de frutos do mar desta cidade. Foi confirmado ser uma infecção respiratória aguda causada por um novo coronavírus, cujo patógeno é o SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19 [1].A partir de então, o novo coronavírus tornou-se pandêmico devido à sua alta transmissibilidade e à disseminação assintomática, a qual dificulta a detecção para o controle através da quarentena. Isso facilita o crescimento de casos fatais em populações vulneráveis, como idosos e portadores de comorbidades, sendo agravado ainda mais pelo fato de atualmente não haver vacina ou tratamento antiviral para o novo coronavírus, cujo tratamento é sintomático, com apoio da terapia intensiva para pacientes graves [1,3,4]. No entanto, a emergência desta nova doença traz outros impactos que vão além dos casos confirmados e óbitos. Ela coloca à prova a estrutura de vigilância sanitária do país, sobretudo no atual momento de redução de investimentos em pesquisa e no Sistema Único de Saúde (SUS), que dificulta respostas ao avanço da doença bem como a detecção precoce. Assim, esta pandemia pode estabelecer a necessidade de racionar equipamentos médicos e intervenções, tendo em vista uma possível escassez de leitos hospitalares e de terapia intensiva, além de afetar a disponibilidade de mão de obra especializada, em razão dos trabalhadores de saúde estarem adoecendo, por falta de equipamentos de proteção e contato com os pacientes infectados [3-5].Observa-se, pois, que os trabalhadores dos serviços de saúde fazem parte de um grupo de alto risco para a COVID-19, de forma que o adoecimento destes profissionais acende um alarme para a redução de recursos humanos, o que compromete o potencial de resposta à doença [3]. Este cenário estende-se à atenção básica de saúde, cuja política (Política Nacional de Atenção Básica – PNAB), aprovada no ano de 2006, abrange ações de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico e tratamento, no âmbito individual ou coletivo, de forma a reorganizar e reorientar as práticas em saúde [6]. Os trabalhadores deste modelo de atenção à saúde estão expostos à realidade dos conflitos sociais das comunidades e ao estresse decorrente da violência nestas áreas. Além disso, convivem diretamente com o sofrimento do próximo, com a escassez de recursos e a imensa demanda de responsabilidades, que afetam a resolutividade das ações, contribuem para o desenvolvimento de doenças ligadas ao trabalho e influenciam no processo de viver humano [7-10].Entende-se que as dificuldades e adoecimento dos trabalhadores de saúde da atenção básica podem ser exacerbados durante a epidemia da doença COVID-19 e não se restringem ao contágio pelo vírus e seus sintomas, mas também ao adoecimento mental em virtude do estresse e da carga de trabalho que a situação exige [11].Dessa maneira, os principais motivos que levam os profissionais de saúde ao sofrimento mental durante a pandemia são: medo de ser demitido e perder seus meios de subsistência; medo de ser infectado e ser colocado em isolamento, separando-se da família; sobrecarga física e mental; filhos em casa em virtude do fechamento das escolas; necessidade de se atualizar sobre a nova doença; decisões difíceis em relação as escolhas terapêuticas; luto pelas perdas dos pacientes e colegas; estigma gerado na população com relação aos profissionais de saúde que estão em contato com portadores da COVID-19; baixa remuneração; ausência de equipamentos de proteção individual, dentre outros [3,12,13].Portanto, cuidar da saúde mental dos trabalhadores da saúde durante a pandemia da COVID-19 é essencial para a segurança deles e dos pacientes. O gerenciamento da saúde mental, do bem-estar psicossocial e da saúde física durante esse período possibilita que os trabalhadores de saúde tenham melhor condição de desenvolver suas atividades [3].Dentre as inúmeras estratégias de melhoria da saúde mental dos profissionais de saúde, o Ministério da Saúde, Brasil (2020) recomenda, para a redução do estresse, técnicas de observação da respiração com os trabalhadores, e/ou outras Práticas Integrativas e Complementares de saúde (PICS), que possam ser testadas neste contexto.
Background: Labor activities are demanding for workers and can induce occupational stress. Primary health care (PHC) workers have faced problems that can lead to the development of stress and abdominal obesity. The aim of this study was to estimate the prevalence of abdominal adiposity among primary health care physicians in the metropolitan mesoregion of Salvador, Bahia. Methods: This is a cross-sectional study conducted with physicians from the family health units (FHUs) of the metropolitan mesoregion of Salvador, Bahia, Brazil. The number of FHUs corresponded to 41 teams (52 physicians). Anamnesis was performed and a questionnaire was applied. The clinical examination consisted of measuring waist circumference (WC), blood pressure levels (BP), and body mass index (BMI), as well as examining for acanthosis nigricans. Blood samples were collected for biochemical dosages. The data obtained were analyzed by SPSS version 22.0. Results: The sample included 41 physicians (response rate: 78.8%), of which 18 were women (44.0%). The percentage of overweight participants represented by BMI was 31.7%. The hypertriglyceridemia prevalence was 29.2%. HDL-c was low in 48.7% of the participants. The waist circumference measurement revealed a prevalence of abdominal adiposity of 38.8% (women) and 34.8% (men). Conclusions: Medical professionals in PHC are more susceptible to having higher abdominal adiposity, especially female physicians.
BACKGROUND: Cross-sectional studies point out important evidence between anxiety and dyslipdemic disorders in health workers. OBJECTIVE: Our main objective was to estimate the association between anxiety and dyslipidemia in Primary Health Care (PHC) nursing professionals in Feira de Santana, Bahia, Brazil. METHODS: A confirmatory cross-sectional study involving 376 PHC nursing professionals. Data collection occurred through the application of a questionnaire containing sociodemographic, labor and lifestyle issues, and the Beck Inventory for anxiety; to evaluate the lipid profile, the HDL-c, LDL-c, and triglycerides markers were evaluated. Descriptive, bivariate analysis and Logistic Regression were performed. RESULTS: The estimated prevalence of moderate/severe anxiety corresponded to 26.1% and dyslipidemia was 54.8%, with a statistically significant association between both of variables stratified by physical activity (PR = 2.69; 95% CI = 1.87–3.85) and (PR = 1.87; 95% CI = 1.53–2.28). CONCLUSIONS: There is a positive association between anxiety and dyslipidemia in Primary Health Care nursing professionals.
Resumo Objetivo: avaliar a efetividade da auriculoterapia na redução do estresse ocupacional em trabalhadores de saúde da Estratégia de Saúde da Família durante a pandemia da COVID-19. Método: ensaio clínico controlado randomizado em dois grupos: grupo auriculoterapia para o estresse e grupo placebo. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk para avaliar a normalidade dos dados. O teste ANOVA de medidas repetidas e o teste post-hoc Tukey foram aplicados para o grupo com amostras normais. Já o teste de Friedman e de Durbin-Conover foram utilizados no grupo com distribuição não normal. Para o tamanho do efeito da terapia, foi calculado o índice d de Cohen. Considerou-se o nível de significância de 95% e valor p<0,05. Resultados: o grupo auriculoterapia apresentou redução do estresse ocupacional de 16,3 e 23,7% após a terceira e sexta sessões de auriculoterapia, com índices d de Cohen de 1,12 (grande efeito) e 1,82 (efeito muito grande), respectivamente. Conclusão: a auriculoterapia mostrou-se efetiva na redução do estresse ocupacional em trabalhadores de saúde da Estratégia Saúde da Família durante a pandemia da COVID-19. Sugere-se que novos estudos sejam desenvolvidos durante e após a pandemia de maneira a melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores de saúde. Registro ReBEC: RBR - 38hjyt3.
Metabolic syndrome (MS) is a clinical condition and a relevant risk factor in the development of cardiovascular diseases; it occurs as a result of lifestyle factors, e.g., work. The aim of this research was to estimate the interaction between work and MS among primary health care (PHC) nursing professionals in the state of Bahia, Brazil. A sectional multicentered study carried out in 43 municipalities in Bahia, whose study population consisted of nursing professionals. The exposure variables were occupation, professional exhaustion, and working time, and the outcome variable was MS. Interaction measures based on the additivity criteria were verified by calculating the excess risks due to the interactions and according to the proportion of cases attributed to the interactions and the synergy index. The global MS prevalence is 24.4%. There was a greater magnitude in the exposure group regarding the three investigated factors (average level occupation, professional exhaustion, and working time in PHC for more than 5 years), reaching an occurrence of 44.9% when compared to the prevalence of 13.1% in the non-exposure group (academic education, without professional burnout, and working time in PHC for up to 5 years). The study’s findings showed a synergistic interaction of work aspects for MS occurrence among PHC nursing professionals.
Background: Metabolic syndrome (MS) is associated with a greater risk of morbimortality. Ob-jective: To estimate the prevalence of Metabolic Syndrome (MS) and associated factors in patients of a Psychosocial Care Center (CAPS) in the city of Salvador, state of Bahia, Brazil. Method: Cross-sectional study set at CAPS in the city of Salvador-Bahia, between August 2019 and February 2020. MS was evaluated according to the National Cholesterol Education Program's Adult Treatment Panel III. In addition to descriptive statistics, gross and adjusted prevalence ratios were described. Results: MS was found in 100 (35.2%) individuals, 116 (40.9%) were obese and 165 (58.1%) had increased waist circumference. Polypharmacy was identified in 63 (22.3%) patients and 243 (85.9%) used antipsychotics. In the gross evaluation, the female (PR = 1.88; 95% CI: 1.35-2.63) and the use of antidepressants (PR = 1.41; 95%CI: 1.05-1.88) were associated with MS. After logistic re-gression, depression (PR = 1.86; 95%CI: 1.38-2.51), acanthosis (PR = 1.50; 95%CI: 1.18 - 1.90), use of antipsychotics (PR = 1.88; 95%CI: 1.13 - 2.75) and the hypertriglyceremic waist (PR = 3.33; 95%CI: 2.48- 4.46) were associated with MS. Conclusion: The prevalence of MS alerts to multimorbidity among individuals with mental disorders and the need for clinical screening.
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