RESUMO: Tributária da discursividade contemporânea, a adolescência pode ser entendida como efeito de uma produção política e social que demarca uma diferença com o infantil. Recorrendo ao arcabouço psicanalítico freudo-lacaniano, o presente artigo apresenta um debate teórico em torno do tema da crise da adolescência a partir da perspectiva dos estudos psicanalíticos no campo da educação. Para tanto, destaca a mudança de posição frente ao sexual como uma marca da transição pela qual passa o adolescente com consequências no laço social. Demonstramos que o caráter crítico da experiência adolescente não se restringe a alterações biológicas e individuais; antes, diz respeito a como essa experiência estruturante da constituição psíquica é significada pelo discurso social contemporâneo, levando muitas vezes a impasses e sofrimentos psíquicos. Deslocando a questão da adolescência de um âmbito individual e como simples consequência de uma fase da vida determinada por mudanças orgânicas, apontamos que a noção de crise desvela algo que diz respeito ao educar no mundo moderno e às consequências do tecnocientificismo como uma resposta que oblitera a responsabilidade dos adultos no endereçamento da palavra aos adolescentes, o que engendra uma nova forma de justificacionismo: o tecnocientificismo. Dentro deste cenário, interessa-nos destacar que a errância adolescente em busca de novas significações subjetivas pode encontrar no território escolar um espaço para ser experimentada sem que, apressadamente, seja capturada em um sentido fechado e frequentemente excludente. A ideia freudiana da impossibilidade própria ao ato de educar aponta para uma posição ética em face do desafio da modernidade no que diz ao que está em causa na experiência escolar.
O artigo põe em questão o discurso pedagógico hegemônico e sua busca por uma adequação do ensino à "realidade do aluno" a fim de garantir a aprendizagem, realidade essa apresentada ora como cognitiva, ora como social, e, ainda, como afetiva. Visando sustentar a aprendizagem como efeito de um (des)encontro entre o mestre e o aprendiz, recorre-se à psicanálise como discurso capaz não de reiterar a ilusão de adequação (como se constata em diversas tentativas de aplicação da psicanálise à educação), mas no sentido de afirmar o caráter impossível do educar e, com isso, paradoxalmente, instigar o professor a não renunciar à educação.
O artigo se insere no debate teórico acerca dos determinantes da construção do conhecimento, visto seu potencial para repensar questões relacionadas à aprendizagem. Parte-se da retomada do construtivismo piagetiano pelo seu viés estruturalista como forma de superar a polêmica entre inatismo e empirismo, porém, com limites em incluir o sujeito na estrutura. Propõe-se avançar no debate recorrendo a uma concepção de estrutura que incorpore a noção de sujeito do inconsciente, permitindo o questionamento do paradigma desenvolvimentista.
L’idée que la pensée est un dérivé du développement de l’intelligence comprise comme une capacité innée d’adaptation à l’environnement physique et/ou social de l’organisme humain est une idée hégémonique dans le domaine pédagogique. Elle conduit les professionnels intéressés aux transformations de la pensée chez l’enfant à se limiter à la vérification d’un programme évolutif considéré comme naturel et normal, à partir duquel toute réponse de l’enfant différente de ce qui est attendu sera considérée comme une déviation et donc l’indice d’un trouble psychobiologique. Afin de questionner cette idée, nous revisitons le cas clinique freudien du Petit Hans et sa relecture opérée par Lacan afin de mettre en évidence l’importance de l’angoisse de castration dans le penser. En ce sens, nous proposons de considérer les formulations des enfants comme le résultat d’un parcours signifiant, opérateur de la pensée, pris dans la dialectique entre demande d’amour et désir de savoir. L’accomplissement de ce parcours implique l’inscription inconsciente du signifiant du manque dans l’Autre grâce à laquelle l’impossibilité de savoir sur le désir pose le désir de savoir comme cause du penser.
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