Neste artigo, os autores discutem a utilização de grupos focais e de planejamento com cenários envolvendo stakeholders e pesquisadores como instrumentos metodológicos em estudos qualitativos sobre risco, tanto para aferir percepções, identificar demandas, discutir propostas e soluções, como para promover a participação de uma comunidade ampliada de pares na produção de dados e no enfrentamento dos riscos associados a eventos extremos e mudanças ambientais. A partir deste recorte temático e metodológico os autores apresentam e analisam resultados de dois estudos realizados no Litoral Norte paulista (Brasil) e na parte Norte da costa de Queensland (Austrália), entre 2011 e 2013. Tais estudos apontam que os instrumentos metodológicos explorados alcançaram os objetivos propostos, contribuindo, em particular, para estreitar o diálogo e articulação entre cientistas e stakeholders.
ResumoDe uma perspectiva analítica sobre as interações entre ciência e política em torno de questões energéticas e climáticas, o artigo identifica diferentes narrativas científicas referentes ao papel dos combustíveis fósseis, especificamente do petróleo do Pré-sal brasileiro, num contexto de mudança climática e transição para fontes renováveis de energia. Em seguida, analisa-se como estas narrativas se articularam com os posicionamentos do governo em dois momentos de inflexão nas negociações internacionais sobre o clima: na participação brasileira na COP-15, por meio da sua Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), estabelecida em 2009, e na COP-21, por meio da sua Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC na sigla em inglês), proposta em 2015. Por meio de pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas, o artigo identifica e analisa três narrativas científicas sobre o Présal, moldadas tanto por elementos tanto factuais quanto subjetivos. Embora sejam consensuais em relação à mudança climática e suas causas humanas, evidenciam diferentes interpretações, expectativas e proposições em relação ao papel do petróleo, sobretudo em países com grandes reservas deste recurso, como é o caso brasileiro. Das três narrativas científicas, duas apresentaram maior proximidade e Narrativas científicas sobre petróleo e mudanças do clima... 125Palavras chave: Mudança climática, Transição energética, Combustíveis fósseis, Política ambiental, Pré-sal. Scientific narratives about oil and climate change and their reverberations on Brazilian climate policy AbstractFrom an analytical perspective on the interactions between science and policy around energy and climate issues, this paper identifies different scientific narratives regarding the role of fossil fuels, specifically Brazilian pre-salt oil, in a context of climate change and energy transition to renewable sources. Next, it analyzes how these narratives were articulated with the government's positions in two moments of inflection in the international climate negotiations: in the Brazilian participation in the COP-15, through its National Policy on Climate Change, established in 2009; and in COP-21, through its Intended Nationally Determined Contributions (iNDC), proposed in 2015. Using documentary research and semi-structured interviews, the article identifies and analyzes three scientific narratives about Pre-salt, shaped by both factual and subjective elements. Although all narratives are consensual about climate change and its human causes, they have brought different interpretations, expectations and propositions regarding the role of oil, especially in countries with large reserves of this resource, as is the Brazilian case. Of the three scientific narratives studied, two presented greater proximity and intertwining regarding the decisions of the Brazilian government in protecting the pre-salt from climate questions and impositions, and concentrating mitigation actions, especially in the sector of land use. The paper also highlights the relevance of the methodo...
O papel e a influência dos experts no processo político ainda é um debate em aberto na literatura, sendo ainda pouco estudado nos casos de licenciamento ambiental. Esse artigo analisa a atuação e a influência dos experts mobilizados por diferentes atores em arenas do licenciamento ligadas a empreendimentos tecnológicos. O artigo foca o Projeto Mexilhão da Petrobras, que foi instalado no Litoral Norte do Estado de São Paulo e no Vale do Paraíba para extração de petróleo e gás. O artigo identifica e analisa três fatores principais que condicionaram a influência dos experts no licenciamento ambiental: i) limites no poder de decisão na arena do de licenciamento; ii) assimetria de informação e expertise entre atores; iii) interpretações divergentes entre os experts. O trabalho argumenta em favor de abordagens multiatores e multiníveis do processo decisório, como proporcionadas pelo conceito de arena, para compreendera atuação e influência dos experts na política ambiental.
Diante do intricado cenário global contemporâneo, caracterizado pela era do Antropoceno, respostas cada vez mais complexas são necessárias, assim como imbricações e análises interdisciplinares e multiníveis. Nesse contexto, o setor energético desempenha um papel central, dada a sua posição na operacionalização dos sistemas produtivos, na emissão de poluentes e no uso de recursos naturais cada vez mais escassos. Assim, na procura por um futuro sustentável, frequentemente são relegadas visões e soluções locais, enquanto as forças hegemônicas do mercado e a permanência de estruturas políticas altamente hierarquizadas dominam as diretrizes e agendas elencadas tanto por organizações globais quanto pelos governos e seus múltiplos níveis de atuação. Usando a dialética, o presente trabalho busca discutir o conceito das Comunidades Energéticas como estrutura sociotécnica que vise ao desenvolvimento sustentável dos sistemas elétricos da região da América Latina e do Caribe. Nesta tarefa, a noção de Bem Viver poderia ser o amálgama que faz a união entre soluções sociotécnicas, desafios globais e os múltiplos olhares locais latino-americanos.
Resumo:A ecologia enquanto disciplina científica foi encarada pelos movimentos ambientalistas a partir de 1960 como uma grande aliada da causa ambiental. Um conjunto de conceitos e ideias permitiu ao ambientalismo construir suas percepções a respeito dos problemas ambientais e de suas resoluções e, ao mesmo tempo, por possuir status científico, a ecologia contribuiu para que o ambientalismo adquirisse considerável força política. Contudo, tal conjunto de conhecimentos oferecido pela ecologia constitui uma abordagem particular da mesma e que desde a década de 1970 vem sendo questionada e apontada por muitos ecólogos como pertencente ao antigo paradigma ecológico. Independentemente de uma mudança paradigmática, as novas ideias no âmbito da ecologia permitiram aos ecólogos uma "releitura" dos fenômenos ecológicos -a ideia de equilíbrio como propriedade intrínseca dos sistemas ecológicos foi amplamente revista. Nesse sentido, esse ensaio pretende apresentar de forma sintética as principais controvérsias no campo da ecologia em relação ao conceito de ecossistema e da ideia de equilíbrio para em seguida discutir o papel desempenhado por essas noções nos discursos dos movimentos ambientalistas contemporâneos.
Este artigo identifica e discute diferentes arenas que influenciam a conservação da Caatinga no semiárido brasileiro. Para tanto, propõem uma abordagem multimétodo (análise situacional, análise documental e aplicação de entrevistas semiestruturadas). Pôde-se identificar três arenas que influenciam a conservação da Caatinga: arena científica, arena econômico-estatal e arena da sustentabilidade. Nelas, a interação entre diversos atores, em múltiplos níveis de organização social, tem promovido uma ressignificação da importância da Caatinga. Constata-se que a conservação e sustentabilidade da Caatinga têm ganhado mais força nas arenas científicas e de sustentabilidade, tensionando a arena econômico-estatal, modificando a forma de se pensar e agir sobre ela.
Technologies used for offshore oil exploration, in increasingly remote and extreme environments, potentiate new environmental threats in contemporary societies. In this context and from a theoretical-analytical perspective associated with Environmental Sociology, based on qualitative research results developed between 2013 and 2016, this article aims to comprehend the treatment of Pre-salt environmental threats in Brazil, a sociotechnical enterprise considered as strategic for national development from the governmental point of view. The researchers argue that the possible environmental consequences, even in face of unquantifiable uncertainties, were addressed, mainly from a perspective of measurable and controllable risks, in two of the main stages of the Pre-salt environmental arena: media and environmental licensing process. This treatment did not encourage a consistent public debate on the issue nor any governmental actions about possible unpredictable and uncontrollable consequences that characterize the technological systems, as represented by the Pre-salt.
Energy communities (ECs) have become an attractive scholarly target in the last years since they promote more sustainable, democratic, and decentralized electrical systems. Thus, a new research line around the alignments established by the European Union (EU) has arisen. Nevertheless, Latin American initiatives and academic works still lack a standard distinctness, being widely spread, despite commonalities. This study examines regional projects from a critical perspective to fashion a novel framework around South American ECs' experiences. Literature indicates a variety of cases in the region, primarily off-grid isolated ventures that satisfy basic human needs, employing hydropower, solar, wind, biomass, and biogas technologies. Notably, Brazil indicates more profound advancements in on-grid ECs within urban settlements.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.