“…Essa constatação é interessante, pois, de certa maneira, enquanto autores que se têm dedicado ao tema das mudanças climáticas na perspectiva do Antropoceno -como Bruno Latour, Donna Haraway, Anna Tsing, dentre outros -partem do pressuposto de que estaríamos diante de uma finitude das possibilidades criativas e de enfrentamento presente nas relações políticas em curso, no que diz respeito a como estas estão vinculadas ao clima, e por isso é preciso buscar alguma coisa "fora" dos campos tradicionais 3 , os textos que compõem o dossiê mostram que ainda há batalhas importantíssimas sendo travadas dentro das arenas mais tradicionais, e batalhas que não podem ser abandonadas. Os artigos abordam, de formas distintas, a questão das fronteiras geopolíticas, na chave da economia política, e mostram como os processos de desestabilização do clima/antropoceno põem à vista processos constitutivos, ou reconstitutivos, ligados às variáveis mais fundamentais do sistema político vigente, em múltiplas escalas: internacional (Miguel; Mahony; Monteiro, 2019; Ribeiro, 2019); intranacionais, no âmbito de elaboração de políticas públicas (Ribeiro, 2019; Viglio et al, 2019;Taks, 2019); no nível em que as dimensões de ação governamental tocam e se desencontram com práticas e processo cotidianos, em setores específicos da economia (Taks, 2019; Blanco-Wells, 2019), bem como dentro do mundo da academia, em suas geopolíticas internas Haines, 2019).…”