Este artigo apresenta os resultados parciais do projeto A Reorganização Escolar em Mapas, desenvolvido no Laboratório de Ensino e Material Didático (LEMADI) do Departamento de Geografia da USP, com objetivo de demonstrar a importância da análise espacial na compreensão das políticas educacionais, representando espacialidades e correlacionando fenômenos, processos que são primordiais para sustentar os argumentos que fundamentam a tomada de decisão e a defesa de uma educação pública de qualidade para todos. Apresentamos a discussão a partir de mapas da cidade de São Paulo a fim de demonstrar os limites dos principais argumentos expostos pela Secretaria de Educação na defesa da proposta, bem como discutir se a revalorização do espaço urbano seria um dos objetivos não-explícitos na reorganização. Em nossas considerações sinalizamos que o argumento do decréscimo demográfico defendido pelo governo não se sustenta, uma vez que tal fenômeno não se converte automaticamente em diminuição de matrículas. Inferimos que a reorganização daria continuidade à municipalização da rede estadual, iniciada em 1995, e tem relação direta com o processo de revalorização do espaço, por haver correlação entre o fechamento de escolas, os lançamentos imobiliários e as grandes obras de infraestrutura de mobilidade.
Neste artigo, apresentamos os resultados do projeto Atlas da Rede Estadual de Educação de São Paulo, discutindo a importância das análises socioespaciais no planejamento das políticas educacionais. Analisamos aqui o Programa Ensino Integral (PEI) implementado pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEDUC-SP) a partir de 2012. Para tanto, elaboramos mapas correlacionados a diferentes variáveis, demonstrando como tal política pública tem contribuído para ampliar as desigualdades socioespaciais e educacionais, privilegiando unidades escolares localizadas em áreas com as melhores condições estruturais da cidade. Além disso, realizamos entrevistas com ex-alunos e gestores de escolas PEI com o intuito de entender como tais sujeitos compreendem e se apropriam da lógica de funcionamento do Programa, baseado em modelo de gestão focado na responsabilização docente e discente – que culpabilizam os indivíduos que compõem a escola pelo fracasso escolar.
o presente texto tem como objetivo problematizar e propor outras abordagens teórico-metodológicas, desde o campo epistemológica da geografia, em sua vertente crítica, para as pesquisas que buscam entender a relação entre escola, território e desigualdade. Trata-se de uma pesquisa documental, de caráter qualitativo, que tem como fonte de investigação artigos nacionais e internacionais, publicados entre 2005 e 2019 que tratam da relação entre escola, território e desigualdade. Com a análise da revisão da literatura constatou-se que, de forma geral, as pesquisas nacionais sobre o tema articulam concepções construídas no campo da sociologia urbana, com ampla influência teórico-conceitual da Escola de Chicago com aquelas elaboradas pela sociologia da educação, com especial destaque para o conceito de efeito território, derivação do efeito de lugar consolidado na literatura sociológica a partir das contribuições de Pierre Bourdieu. No âmbito internacional, as pesquisas abordam os efeitos das políticas educacionais, sob viés neoliberal, na ampliação das desigualdades escolares e espaciais. Entre as principais considerações apontadas neste trabalho, destacamos a pouca preocupação no debate conceitual em problematizar o território a partir de uma teoria espacial. Assim, na parte final do texto, problematizamos como as contribuições teórico-metodológicas da geografia, em sua vertente crítica, principalmente na constituição de uma teoria do espaço é fundamental para ampliarmos o entendimento da relação entre escola, território e desigualdades, articulando-a com o sentido da produção espacial no capitalismo.
O artigo discute o sentido das políticas de dados educacionais desenvolvidas pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEDUC-SP) entre 1995 e 2018. Realizamos levantamento das principais legislações que nortearam as políticas de gestão de dados educacionais na SEDUC-SP, articulando modelo de gestão do Estado e relação com a sociedade civil. Os resultados apontam para uma política de dados vinculada, predominantemente, a racionalidade gerencial, a produção de resultados quantitativos, responsabilização e racionalização dos gastos em consonância com a centralidade que os princípios da Nova Gestão Pública assumiram nas políticas da SEDUC-SP no período analisado.
Este artigo apresenta resultados do projeto Atlas da Rede Estadual de Educação de São Paulo, discutindo a importância da análise espacial nas/das políticas educacionais. Para tanto, analisamos duas políticas educacionais implementadas pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE-SP), baseadas no princípio da Nova Gestão Pública. Trata-se do Programa de Ensino Integral (PEI), iniciado em 2012, e do Projeto de Reorganização Escolar, de 2015. Nesta análise, elaboramos uma série de mapas, espacializando as duas políticas no município de São Paulo, recorte investigativo desta pesquisa, que demonstram como estas têm ampliado as desigualdades espaciais e educacionais, na contramão da efetivação do direito à educação. Utilizando dados públicos, concluímos que, no caso da Reorganização
The article analyzes the implementation of two Full-Time Teaching Programs in the state public education system of São Paulo, seeking to understand their effects on the dynamics of the system with a focus on expanding the segmentation of educational offer and educational inequalities. For that, we resorted to the analysis of documents that guide the programs, interviews with former secretaries and members of the State Department of Education, as well as producing, from the microdata of the School Census (2019), graphs, tables and maps to understand the organization of each of the programs. The data show that, although they originally had different proposals, the two programs are currently similar in terms of supply and service conditions, better than those found in other schools in the chain. Thus, it is possible to verify the segmentation of the offer on the network, induced by the Programs, which can contribute to the reproduction of educational inequalities.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.