José de Souza Martins:A vida não é feita apenas de motivos e de impactos, mas também de circunstâncias e contradições, incertezas e relutâncias. Sem elas fica difícil entender um depoimento como este. De família pobre e de trabalhadores, eu havia começado a trabalhar com 11 anos de idade, em 1950, quando terminei o curso primário e minha família voltou da roça. Era operário de uma fabriqueta de fundo de quintal, que pertencia a um operário, meu vizinho. O primeiro burguês para quem trabalhei era um operário altamente qualificado, explorado numa grande fábrica, que me explorava em sua pequena fábrica clandestina de fundo de quintal. Ele queria subir na vida e o meu trabalho de criança era um dos seus degraus. O salário mínimo do adulto era de 380 cruzeiros. Eu ganhava 100 cruzeiros por mês e trabalhava 8 horas por dia, seis dias por semana. Como a lei mandava pagar ao trabalhador menor de idade metade do salário do adulto, a pretexto de que era apenas um aprendiz, eu recebia, na verdade, pouco mais de um terço, cerca de metade do salário que deveria
RESUMO O artigo analisa a implementação de dois Programas de Ensino em Tempo Integral na rede pública estadual de educação de São Paulo, buscando compreender seus efeitos sobre a dinâmica da rede com foco na ampliação da segmentação da oferta educacional e das desigualdades educacionais. Para tanto, recorremos à análise de documentos que norteiam os programas, a entrevistas com ex-secretários e membros da Secretaria Estadual de Educação, bem como produzimos, a partir dos microdados do Censo Escolar (2019), gráficos, tabelas e mapas para compreender a organização de cada um dos programas. Os dados apontam que, apesar de originalmente terem propostas diferentes, os dois programas se assemelham, atualmente, no que se refere às condições de oferta e atendimento, melhores do que as encontradas nas demais escolas da rede. Com isso, é possível verificar segmentação da oferta na rede, induzida pelos Programas, que pode contribuir na reprodução das desigualdades educacionais.
O artigo discute o sentido das políticas de dados educacionais desenvolvidas pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEDUC-SP) entre 1995 e 2018. Realizamos levantamento das principais legislações que nortearam as políticas de gestão de dados educacionais na SEDUC-SP, articulando modelo de gestão do Estado e relação com a sociedade civil. Os resultados apontam para uma política de dados vinculada, predominantemente, a racionalidade gerencial, a produção de resultados quantitativos, responsabilização e racionalização dos gastos em consonância com a centralidade que os princípios da Nova Gestão Pública assumiram nas políticas da SEDUC-SP no período analisado.
The article analyzes the implementation of two Full-Time Teaching Programs in the state public education system of São Paulo, seeking to understand their effects on the dynamics of the system with a focus on expanding the segmentation of educational offer and educational inequalities. For that, we resorted to the analysis of documents that guide the programs, interviews with former secretaries and members of the State Department of Education, as well as producing, from the microdata of the School Census (2019), graphs, tables and maps to understand the organization of each of the programs. The data show that, although they originally had different proposals, the two programs are currently similar in terms of supply and service conditions, better than those found in other schools in the chain. Thus, it is possible to verify the segmentation of the offer on the network, induced by the Programs, which can contribute to the reproduction of educational inequalities.
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