Em resposta à inquietante fala de Marina Colasanti -"Por que nos perguntam se existimos?" -, proferida em um evento em 1996 sobre a literatura escrita por mulheres, a edição número 30 da Revista Crioula procura afirmar a diversidade e a complexidade da autoria feminina e suas multifacetadas possibilidades de resposta.Sob o recorte das análises de autoria e de personagens lésbicas, esta edição é aberta pelo artigo mestre de Natália Borges Polesso: nele, a premiada escritora discute a assinatura estética de Luciany Aparecida, ou Ruth Ducaso, num vórtice que põe à prova noções de autoria, de linguagem, de colonialidade e de gênero.A complexidade presente nas autorias femininas lésbicas também é discutida no artigo "A menina e a mulher: os discursos do desejo em Eu sou uma lésbica, de Cassandra Rios", de Jodie Elly Silva Gomes e Edson Soares Martins.Apoiado pelo contexto social de produção da obra, pela consciência dupla e pelo erotismo presente na linguagem da narradora, os autores exploram o conteúdo e a linguagem que formam as diferentes representações femininas presentes no romance.Ainda sobre Eu sou uma Lésbica, temos o artigo "A atmosfera afetiva de um criptandro", de Ruan Nunes Silva, em que vemos a análise de afetos como medo, nojo e prazer presentes na protagonista Flávia. Tal exame é feito à luz das teorias
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Faz-se aqui uma reflexão sobre como os eventos ocorridos entre 2020 e 2021 forçaram um novo olhar sobre nosso estudo comparativo – entre os romances A fome, de 1890, do brasileiro Rodolfo Teófilo, e Famintos (1962), do cabo-verdiano Luís Romano – que se iniciou em 2019. O retrato literário, mas também documental, dos genocídios engendrados pela fome, pela doença e pela apatia (às vezes, sabotagem) do poder público ganhou assim uma nova camada em meio à pandemia que vivenciamos.
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Resumo: O presente trabalho procura demonstrar certas peculiaridades presentes no romance A fome, publicado pelo brasileiro Rodolfo Teófilo em 1890. Embora geralmente associado à Escola Naturalista (e até mesmo um precursor do Neorrealismo de 1930), observamos características que destoam da estética proposta por esse movimento, e em certa medida aproximam a obra da prosa romântica que se desenvolvera no Brasil nas décadas anteriores. Outrossim, nosso texto procura investigar as possíveis relações entre as escolhas formais feitas pelo autor nessa obra e suas intervenções mais objetivas na sociedade em que estava inserido, a fim de averiguar qual seria, na visão de Teófilo, a missão do intelectual no Ceará de fins do século XIX.Palavras-chave: Rodolfo Teófilo; A fome; naturalismo; romantismo.Abstract: This work intends to demonstrate some peculiarities of the novel A fome, written by the Brazilian author Rodolfo Teófilo in 1890. Although it is usually associated with the Naturalistic School (and even a precursor of the 1930’s Neorealism), we see features that clash with this movement, and in a certain way bring the book closer to the romantic narrative that developed in Brazil in the previous decades. Furthermore, our work tries to investigate the possible relations between the author’s stylistic choices in this novel and his more objective interventions in the society in which he lived, in order to find out what it would be, in Teófilo’s vision, the mission of an intellectual in the Ceará region at the end of the 19th century.Keywords: Rodolfo Teófilo; A fome; naturalism; romanticism.
AgradecimentosAo Prof. Dr. Bruno Barretto Gomide, pela orientação e pelo apoio durante todo o processo e mesmo antes dele.Ao Prof. Dr. Rubens Pereira dos Santos, sem o qual esse trabalho não teria acontecido -pelo incentivo desde os tempos de Graduação e pelas várias contribuições ao longo do caminho. À Profa. Dra. Elena Vássina, pela leitura atenta e pelas importantes observações. Aos Profs. Drs. Maria de Fátima Bianchi, Homero Freitas de Andrade e ArleteCavaliere, do DLO, e Simone Caputo Gomes, Rita de Cássia Natal Chaves e Tânia Celestino de Macêdo, do DLCV -pelas valiosas sugestões, durante e depois das Disciplinas cursadas.A Maria Tereza e Franklin Jorge, pela solicitude e pelas informações.À minha família, pela ajuda nas questões práticas.A todos os amigos e amigas que contribuíram de uma forma ou de outra.À CAPES, pelo fundamental apoio financeiro. ResumoNo presente trabalho propõe-se uma análise comparativa de Gente Pobre (1845), primeira obra do escritor russo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, e Famintos (escrito na década de 1940, publicado em 1962), único romance do cabo-verdiano Luís Romano Madeira de Melo. Para tanto são levadas em conta certas coincidências entre os contextos em que se produzia Literatura na Rússia tzarista do século XIX e no Cabo Verde colônia de meados do século XX, e no cotejo entre as obras em questão consideramos, além da temática comum -a miséria -, aspectos relativos à linguagem e à postura humanista de ambos os autores, que os distanciam, em certa medida, dos escritores chamados naturalistas. Palavras A Literatura e a MisériaPropomos aqui uma análise comparativa, com base na temática comum da miséria, entre romances do escritor russo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821-1881) e do cabo-verdiano Luís Romano Madeira de Melo (1922Melo ( -2010. Assim sendo, consideraremos pontos convergentes e divergentes nas ideologias e visões de mundo de ambos, as relações com a crítica, semelhanças relativas ao estilo, e, principalmente, o tratamento dado por cada um ao tema da pobreza do homem e seus efeitos moraisassunto que, embora universal e tão antigo quanto a humanidade, nem sempre foi considerado digno de nota pelas artes.Como é sabido, a literatura hoje chamada ocidental, em seus (gregos) primórdios, propunha-se retratar indivíduos extraordinários -reis e heróis, deuses e semideuses -e atos grandiosos. O gênero literário sério, "elevado", era o da Tragédia e da Epopeia, dos temas filosóficos e religiosos, enquanto o gênero "baixo" se destinava à Comédia e aos temas populares, banais. Em seu amplo estudo sobre a Literatura Ocidental e as relações desta com a realidade, o estudioso alemão Erich Auerbach defende que os realistas da Antiguidade, devido a sua visão de mundo moralista e limitação de consciência histórica, estariam impedidos de representar a vida cotidiana de forma séria. Não se falava de processo histórico, e sim de defeitos e virtudes: "Para a literatura realista antiga a sociedade não existe como problema histórico, mas, na melhor das hipóteses, como problema moral...
Tenciona-se no presente texto esboçar um estudo comparativo entre os romances Gaibéus, escrito pelo português Alves Redol, e Famintos, escrito por Luis Romano, de Cabo Verde, então colônia portuguesa. Assim, levantaremos convergências entre os contextos de produção de ambos os livros, procuraremos paralelos biográficos entre os autores e nos debruçaremos sobre os textos em si. O ponto de contato mais evidente é o caráter nitidamente social e interventivo que se observa nos dois romances em questão, obras de escritores politicamente engajados e especialmente interessados na denúncia da miséria e da exploração do homem pelo homem. Para além dessas semelhanças temáticas, serão observadas também as soluções formais encontradas por um e outro autor – e aqui vem à tona a antiga discussão sobre os supostos prejuízos estéticos que a militância declarada pode impor ao texto.
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