Introdução: A colestase intra-hepática da gravidez (CIHG) é uma forma reversível de colestase (fluxo biliar prejudicado) que aparece principalmente no final do segundo ou terceiro trimestre da gestação, caracterizada por prurido de leve a grave e testes de função hepática alterados, que tendem a diminuir rapidamente após o parto, sendo significativamente mais frequente na América do Sul (9,2‒15,6%). Está associada a resultados perinatais insatisfatórios e maior risco de trabalho de parto prematuro, sofrimento fetal e morte fetal intrauterina súbita. Objetivo: Relatar um caso de CIHG para lembrar aos pré-natalistas a necessidade do diagnóstico imediato e correto, com intervenção médica apropriada para melhorar o prognóstico fetal. Relato de Caso: Paciente com 29 anos, primigesta, com idade gestacional de 32 semanas e 2 dias pela ultrassonografia (USG) de 1º trimestre, deu entrada na maternidade com queixa de epigastralgia e prurido generalizado com início há 1 dia. Ao exame físico, apresentava leve icterícia 1+/4+. Entre os exames laboratoriais solicitados, apresentava bilirrubina total (BT)=0,94 mg/dL e bilirrubina direta (BD)=0,79 mg/dL. Durante a internação, foram realizados exames diariamente, sendo observado padrão progressivo: BT=1,3 mg/dL e BD=0,7 mg/dL. BT=1,7 mg/dL. A USG evidenciou evolução com diminuição de volume do líquido amniótico e doppler limítrofe. Foi indicada interrupção da gestação por parto cesáreo, com nascimento de recém-nascido (RN) único, vivo e banhado em mecônio. Na consulta puerperal paciente apresentou melhora progressiva da função hepática: BT=0,7 mg/dL, BD=0,4 mg/dL e bilirrubina indireta (BI)=0,3 mg/dL. Foi orientada quanto à necessidade de acompanhamento ambulatorial em razão do risco de novo quadro em futura gestação. Conclusão: Embora a etiologia da CIHG ainda permaneça obscura, fatores genéticos, hormonais e ambientais parecem interagir em sua etiopatogenia. A CIHG geralmente se apresenta com início súbito de prurido grave que rapidamente se generaliza, podendo ser atormentador, porém a principal consideração nessa patologia não é o prurido materno, mas o prognóstico fetal, significativamente prejudicado. Como há um defeito na excreção de sais biliares, resultando em ácidos biliares elevados (de até 10 a 25 vezes) no soro materno, esses ácidos podem passar para a circulação fetal, podendo ter efeitos deletérios no feto em razão da anóxia placentária aguda e da depressão cardíaca fetal. Apesar de algumas diretrizes recomendarem o tratamento com o ácido ursodeoxicólico, que tem demonstrado não apenas reduzir o prurido materno, mas também melhorar o prognóstico fetal, seu uso ainda necessita de pesquisas in vivo que comprovem seus benefícios. Uma vigilância obstétrica rigorosa e o parto logo que a maturidade pulmonar é alcançada, é ainda a diretriz mais recomendada. Em mulheres com história pregressa de CIHG, o uso de anticoncepcionais orais combinados não é contraindicado quando da normalização dos exames bioquímicos após o parto. A amamentação não é contraindicada.
Introdução e Relato de Caso: O tumor de Burschke-Lowenstein (TBL) é um condiloma gigante que acomete mais frequentemente a região anogenital e está associado à infecção pelos HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) 6 e 11. Apesar do baixo potencial oncogênico desses genótipos, o TBL possui comportamento agressivo, além de apresentar elevados índices de recorrência (56%), malignização para carcinoma escamoso (60%) e mortalidade (20%). Mulher, 70 anos, natural do Rio de Janeiro (RJ). Admitida em hospital público terciário no Rio de Janeiro em agosto de 2017 em razão de condiloma gigante em região genital. Ao exame, duas lesões volumosas, em vulva, acometendo os grandes lábios, e em região perianal e sulco interglúteo. Foi realizada ressecção da lesão vulvar em abril de 2018 com histopatológico confirmando diagnóstico de condiloma e lesão intraepitelial de alto grau com margens livres. Paciente recebeu alta com programação de nova abordagem da lesão perianal. Evoluiu com dor, sangramento e áreas de fístulas drenando secreção purulenta. Iniciada antibioticoterapia empírica com coleta de material para cultura e realizada ressecção da lesão (14,5×7,0×4,0 cm), cujo resultado histopatológico evidenciou condiloma acuminado associado à lesão de alto grau, com margens medial e lateral comprometidas. Evoluiu com deiscência e foi reabordada para rotação de retalho. Admitida em setembro de 2019 para nova biópsia de massa volumosa e exofítica recidivada em canal anal. O histopatológico mostrou-se com carcinoma de células escamosas. Tomografia computadorizada de abdome e pelve evidenciando acometimento de canal anal, sem linfonodomegalias e líquido livre na cavidade. Optado por quimioterapia, foi iniciado tratamento em junho de 2020, sem resposta satisfatória. Paciente realizou internação recente em agosto de 2020 para estabilização clínica com proposta de reiniciar tratamento quimioterápico. Objetivos: Relatar um caso de TBL comprometendo vulva, região perianal e glútea, com recidiva em canal anal. Métodos: Estudo retrospectivo do tipo relato de caso no qual foi descrita a evolução de uma mulher apresentando tumor diagnosticado como TBL vulvar com recidiva em canal anal. Submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) via Plataforma Brasil e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pela paciente. A elaboração do texto foi realizada a partir da utilização de dados contidos no prontuário. Resultados e Conclusão: Este relato ilustra um caso de TBL com longa evolução e recidiva com malignização para carcinoma de células escamosas de canal anal. Trata-se de uma enfermidade com elevada morbimortalidade na qual a abordagem cirúrgica da lesão é tratamento de eleição, posto que os índices de recidiva e transformação maligna são elevados.
Introdução: O condiloma acuminado é uma lesão benigna causada pelo papilomavírus humano (HPV) que, na gestação, pode crescer e se multiplicar com maior facilidade, sendo o maior fator de risco para o desenvolvimento da papilomatose respiratória recorrente (PRR) no recém-nascido (RN). Entre os tratamentos seguros em gestantes estão o laser diodo e a eletrocauterização. Apesar de apresentar bom clareamento viral, o uso de laser diodo em lesões genitais ainda é pouco descrito e há divergências quanto à taxa de recorrência da lesão com seu uso. Também não se tem evidências de que o tratamento do condiloma, independentemente da terapia adotada, diminui o risco do desenvolvimento de PRR. Objetivo: Avaliar resultados comparativos no pós-operatório (PO) de tratamento do condiloma acuminado na gestante com o uso de laser diodo e eletrocauterização. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo baseado em resultados preliminares de um ensaio clínico randomizado pragmático, com análise de variáveis quali-quantitativas, que se realizará de janeiro de 2021 a janeiro de 2024. Foram incluídas as gestantes atendidas em um ambulatório de patologia vulvar no Rio de Janeiro, com diagnóstico clínico de condiloma acuminado, randomizadas para tratamento com eletrocauterização ou laser diodo, até 36 semanas de gestação. Neste trabalho, avaliaram-se a dor, segundo a escala visual analógica (EVA), o uso de analgésicos e as complicações no PO das gestantes incluídas sete dias após o procedimento. Também foi colhido escovado da orofaringe dos RN para pesquisa de DNA-HPV. Resultados e conclusão: Até o presente momento, foram incluídas e randomizadas 11 gestantes, das quais quatro foram tratadas com bisturi de alta frequência e sete com laser diodo. A média de idade gestacional ao tratamento foi de 29 semanas. Quanto à dor no PO do laser diodo, três ainda apresentavam dor no 7º dia de PO, duas apresentaram dor por um a três dias e duas negaram qualquer dor no PO. Já para as gestantes submetidas à eletrocauterização, uma ainda apresentava dor no 7º dia de PO, uma referiu dor por quatro a seis dias, uma negou qualquer dor no PO e uma não retornou para a consulta de revisão. Apenas uma gestante usou analgésico para alívio da dor após tratamento com laser. A média de dor, conforme a escala EVA para o laser diodo, foi de 3,8 no dia do procedimento e de 2,6 no 7º dia de PO. Já para a eletrocauterização, a média foi de 4,3 e 2,3, respectivamente. Até o momento, não houve complicações nem recidivas após o tratamento com as modalidades adotadas. Houve lesão residual em uma gestante tratada com eletrocauterização e em uma gestante tratada com laser diodo. Foi colhido escovado da orofaringe de quatro RN e a pesquisa do DNA-HPV nas amostras está em andamento. Desses RN, um nasceu por parto vaginal e um foi prematuro. Por enquanto, não houve diferença significativa entre as modalidades terapêuticas no que diz respeito à dor no PO e às recidivas. No entanto, este é apenas um estudo com resultados preliminares.
Introdução: Apesar de ser uma doença antiga, com diagnóstico rápido e tratamento eficaz, a sífilis está ressurgindo como problema de saúde pública global. Acontece principalmente na população mais jovem, com idade entre 20 e 29 anos (35,3%), que desconhece a doença não só em relação ao risco, mas também em relação às consequências da infecção. Dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis, publicado em novembro de 2018 pelo Ministério da Saúde (MS), demonstram que em comparação ao ano de 2016 observou-se aumento de 31,8% na incidência de sífilis adquirida no ano de 2017. Desses, 51,5% (61.745 casos notificados) ocorreram na Região Sudeste. Mesmo tendo sido decretada como epidemia pelo MS em outubro de 2016, os números continuam crescendo. A taxa de detecção da sífilis vem subindo em nossa cidade nos últimos anos, pulando de 26 casos em 2016 para 197 em 2018 (657% de aumento), o que demonstra a necessidade de estratégias para diminuição das taxas de sífilis no município de Valença (RJ). Objetivo: Conscientizar a população da importância do diagnóstico e da prevenção da sífilis, por meio de ações educativas. Métodos: Em esforço conjunto da Faculdade de Medicina de Valença, o Hospital Escola de Valença e a Secretaria de Saúde, realizaram-se durante uma manhã do mês de fevereiro de 2019 diversas atividades no município, com o objetivo de alertar e esclarecer a população sobre a doença. Entre elas, destacam-se: palestra na rádio informando sobre a incidência da sífilis no município, tendas montadas em cinco pontos de maior fluxo de pessoas, onde se ofereceram palestras explicativas, distribuição de folhetos com orientações sobre infecções sexualmente transmissíveis (IST), distribuição de camisinha feminina e masculina, assim como a realização de teste rápido para detecção de sífilis. Resultados: A população atendeu ao chamado, participando ativamente das atividades. Efetuou-se o total de 110 testes rápidos apenas no período de uma manhã, dos quais dois tiveram resultado positivo. Conclusão: Apenas com um esforço conjunto, como o que foi realizado no nosso município, é que vamos conseguir reverter esse quadro. A educação e a informação ainda são armas que devem ser muito bem utilizadas. Conseguimos verificar e esclarecer para alguns pacientes do sexo masculino que a sífilis também é doença de homens. Pelo fato de existir rastreio no pré-natal, muitos a entendem como doença de mulheres. Deve-se pôr em prática esse tipo de ação mais vezes no decorrer deste ano, assim como ofertar maior número de testes rápidos nas unidades básicas de saúde. Um diagnóstico precoce é crucial para minimizar as alterações relacionadas a doença. O tratamento dos parceiros e das gestantes também se faz prioridade, lembrando que a sífilis é doença que não escolhe idade, sexo, nem classe social. É nossa obrigação lembrar à população que, no caso da sífilis, ainda não existe vacina e que a única forma de prevenção é o sexo seguro.
Objetivos: analisar o resultado da abordagem terapêutica do pseudocisto da glândula de Bartholin (PB) com marsupialização, além de avaliar a história pregressa dessas mulheres. Materiais e Métodos: estudo de coorte baseado na análise de prontuários de mulheres com diagnóstico de PB atendidas no ambulatório de patologia vulvar no Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IG-UFRJ), entre janeiro de 2000 a dezembro de 2016. Analisou-se as seguintes variáveis: marsupialização uni ou bilateral, complicações associadas ao procedimento, taxa de recidiva e tempo decorrido entre o intervenção e a recidiva, seguimento, idade, história prévia de PB ou abscessos de Bartholin (AB) e infecções sexualmente transmissíveis. A análise estatística foi descritiva, usando o software Statistic Package for the Social Sciences (SPSS), versão 23. Resultados: foram atendidas 244 mulheres com PB. Dentre essas, 140 mulheres com 150 PB no total foram incluídas. Recidiva ocorreu em 7,33% (11/150). Não houve intercorrências intraoperatórias e a taxa de complicações pós-operatórias foi de 4,67% (7/150). Das 244 mulheres selecionadas, 90,98% (22/244) tinham menos de 50 anos de idade, 78,69% (192/244) relataram PB ou AB prévios, 41% (100/244) referiram pelo menos uma drenagem anterior. Conclusão: observou-se sucesso na abordagem terapêutica na maioria dos procedimentos. A maior prevalência foi em mulheres com idade inferior a 50 anos e com história prévia de PB ou AB.
Introdução: Raríssimas vezes tem sido descrito cisto de ovário em pacien-tes pré-púberes. A sua presença é incomum e ocorre em decorrência de cis-tos foliculares pré-puberais causados por pulsos hormonais intermitentes de gonadotrofinas. Nessa fase pré-puberal, geralmente são menores que 1 cm de diâmetro e regridem espontaneamente. Às vezes, porém, podem ter diâ-metro maior que 2 cm. O tamanho do cisto e os sinais clínicos são levados em consideração. Cistos com menos de 5 cm de diâmetro, assintomáticos, justificam conduta conservadora. No entanto, quando está presente irrita-ção abdominal, devemos investigar, inicialmente com solicitação exame de imagem. Relato de caso: Paciente com nove anos, trazida pela mãe, aden-trou pronto socorro infantil com dor abdominal irradiando para anexo direito. Concomitantemente, tinha vômitos e recusa alimentar por três dias. Encontrava-se em posição antálgica com dor à palpação superficial e profunda. Tomografia e ultrassonografia apresentaram apêndice normal, ovário direito aumentado, sugerindo cisto ovariano com 4 cm no maior diâmetro, sugestivo de torção. O hemograma apresentou leucocitose importante. Na cirurgia, observou-se torção ovariana com sinais de necrose, sangue livre na cavidade. Realizou-se ooforectomia direita. O exame histopatológico revelou necrose isquêmica. Evolução satisfatória. Conclusão: Tratamentos conservadores de cistos ovarianos merecem seguimento ecográfico e dosagem de marcadores tumorais para excluir malignidade. Ao se optar pelo procedimento cirúrgico, deve-se tentar sempre a cirurgia conservadora. A aspiração do cisto apresenta alta incidência de recorrência. A procura por atendimento médico ocorre na maioria das vezes pela dor abdominal difusa e pelos sinais de irritação peritoneal. O tratamento cirúrgico é indicado nas urgências ginecológicas e em caso de malignidade. A principal causa de abdome agudo nessa idade não é ginecológica. As hipóteses diagnósticas mais comuns são: apendicite e obstrução por áscaris. Neste caso, observou-se cisto ovariano torcido e necrosado, sem possibilidade de ooforoplastia. Concluímos que, apesar de o abdome agudo não ser comum, quando presente em uma menina deve suscitar a hipótese de cisto ovariano.
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