RESUMO Este ensaio objetiva analisar os limites das propostas gnosiológicas frente à contribuição da ontologia para o desenvolvimento do conhecimento e, em especial, para o conhecimento administrativo. Assim, procedemos uma análise da argumentação que consideramos ter produzido maior impacto na produção de conhecimento no campo administrativo brasileiro na atualidade, o "Círculo de Matrizes Epistêmicas" de Ana Paula Paes de Paula (2016). Partimos da apreciação das categorias de ontologia e gnosiologia buscando delimitá-las e confrontá-las para que pudéssemos contextualizar a Guerra Paradigmática que engendra a tese das matrizes. A análise nos mostra que a noção de “incompletude cognitiva” representa um estímulo para o avanço do conhecimento, como bem apontou a autora, contudo a solução proposta, os círculos epistêmicos, são incapazes de derruir a cisão entre os interesses técnicos, práticos e emancipatórios, pois mantém os cortes nos fenômenos sociais e opera gnosiologicamente, sendo fruto da construção da razão a partir de seus interesses. Como conclusões, recuperamos o estatuto ontológico fundante do ser social contrapondo a tradição filosófica habermasiana frente à apreensão ontológica materialista marxiana no intuito de avançar na produção do conhecimento ao direcionar os esforços à primazia do objeto, isto é, na realidade das relações sociais apreendidas em sua totalidade.
Resumo: Objetiva-se refletir sobre como o desdobramento das questões identitárias encontrou terreno fértil para difusão social ao ser combinado com a ideologia do empreendedorismo, como se a solução para as opressões passasse pela disseminação de um pretenso espírito empreendedor como meio de inclusão das minorias sociais que historicamente têm tido dificuldades para vender e reproduzir sua força de trabalho. Tais práticas culminaram o chamado empreendedorismo social que engloba variantes como empreendedorismo negro, na favela, feminino, entre outros e que vem sendo aludido por setores progressistas como uma ação inclusiva e de combate ao preconceito. Dentre as reflexões, demonstra-se que se trata da expressão da conjugação eficaz do capital ao se valer da opressão constituída historicamente para ampliar a exploração e alerta-se, que desconsiderar as condições materiais de existência, ocultando a ampliação da exploração dessas populações, pode se tornar uma armadilha que amplia a opressão, eis a armadilha da identidade.
O spin-off corporativo se configura como alternativa eficiente na expansão do empreendedorismo, pois apresenta taxa de crescimento expressiva e capacidade de inovação decorrente da experiência adquirida na organização-mãe. Nesse contexto, este estudo se propõe a analisar o surgimento de spin-offs corporativos sob a perspectiva da relação com a organização-mãe por meio da adaptação do modelo de Tubke (2005), combinado com os recursos do modelo de Clarysse et al. (2005). Adotou-se a estratégia de pesquisa de estudo de casos múltiplos, com dois casos, nos quais foram considerados como unidades de análise as organizações-mãe e os spin-offs. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e foram tratados com a análise de conteúdo categorizada em temas. Dentre os resultados, observou-se que o tipo de ligação e os recursos fornecidos contribuem para a consolidação dos novos negócios. Adicionalmente, verificou-se que a organização-mãe tende a apoiar casos em que o spin-off faça parte de sua cadeia de valor.
Resumo Objetiva-se perscrutar o deslocamento do espírito capitalista à ideologia do empreendedorismo mediante uma abordagem histórico-materialista, em busca de apreender a realidade com base em suas contradições ontogenéticas e em seu desenvolvimento social. Trata-se de ensaio teórico cuja análise parte da lacuna nas “abordagens críticas no empreendedorismo”, contribuindo para o aprofundamento da crítica à prática empreendedora, situando-a diante do estágio de desenvolvimento das forças produtivas em seu percurso histórico, e não apenas circunscrita ao realismo capitalista que delimita a ação humana ao agir de modo individualista, concorrencial ou liberal. Entre as conclusões, salientamos que o espírito do capitalismo corresponde ao movimento de expansão do capital, enquanto o empreendedorismo é a versão ideológica desse espírito hodiernamente, necessitando de um sistema de ideias que o coloque em movimento, dada sua efetividade como meio para subordinação e pauperização.
Objetivou-se analisar as potencialidades do conhecimento produzido nas ciências administrativas para alterações qualitativas nas relações entre homens e mulheres, relações sociais que atualmente são de opressão. Para tanto, realizamos uma exposição teórica acerca da cientificidade moderna como também expomos os principais aspectos que permeiam a questão da opressão à mulher. A partir de um levantamento bibliométrico sobre a temática “mulher” no campo da Administração, encontramos um corpus analítico distribuído por subárea e abordagem, o que possibilitou a discussão das categorias analíticas “maternidade e cuidado do lar” e “feminilidade versus masculinidade”. Concluímos que estudos acerca da temática são recentes e escassos, porém representam uma potencialidade para a luta das mulheres, visto que a pauta se legitima enquanto científica. Contudo, também representam limitação, pois a racionalidade científica impõe-se sobre o real e, até mesmo os estudos que se propõem críticos acabam, em parte, contribuindo para naturalização da opressão.
Resumo Este ensaio objetiva perscrutar o filme Eu, Daniel Blake, tendo como foco o tratamento do diretor Ken Loach acerca da particularidade do trabalho assalariado e da burocracia do Estado no capitalismo contemporâneo, apoiados na estética oferecida por Lukács, o qual aponta ser a particularidade a questão central que envolve o processo de criação artística e a qual tomamos como ponto de partida para realizar uma análise fílmica materialista. Apontamos que o tratamento dado às categorias tem em sua gênese a tomada de partido por parte do diretor, uma vez que as aborda de maneira crítica e comprometida com a realidade, delineando, assim, o seu potencial reflexivo. Logo, ao retratar uma realidade singular vivida por um trabalhador britânico submetido a uma condição socioeconômica superestrutural que tem no regime do capital o elemento universal, a forma como a particularidade é retratada permite transcender a obra, que se constitui em uma síntese capaz de refletir a condição de exploração e estranhamento das mediações sobre as quais estão submetidos os trabalhadores em várias partes do mundo, bem como o papel do Estado. Concluímos que a estética materialista mostra-se um meio robusto e denso, que pode contribuir com as investigações da sociabilidade contemporânea.
Partindo da teoria da criação do conhecimento, que em parte entende que há um continuum entre os conhecimentos tácito e explícito, o estudo busca compreender se a forma de conversão do conhecimento afeta a qualidade da sua própria criação, uma vez que acredita-se que a externalização tem sido negligenciada, prejudicando, desse modo, a completude da criação do conhecimento empresarial. Para testar tal pressuposto, foi realizado um quase-experimento composto por duas fases que utilizaram três das quatro formas possíveis de conversão do conhecimento, conforme a teoria, a saber: externalização; internalização e socialização. Os participantes foram os colaboradores de uma agência de publicidade e propaganda que foram divididos em dois grupos e submetidos a um teste que buscou verificar a transmissão de novos saberes. Assim, ao primeiro grupo foi dada a ênfase no conhecimento tácito e ao segundo focalizou-se o conhecimento explícito. Houve por parte dos gestores da pesquisa o cuidado de realizar medições das variáveis Qualidade dos conteúdos retransmitidos e Tempo. Para isso, foram atribuídos conceitos, entre zero e cinco, que foram comparados numa análise posterior. Dentre as conclusões, verificou-se que o conhecimento tácito e explicito geram conhecimentos de qualidade semelhantes, embora o conteúdo seja diferente. Dentre outros fatos, notou-se que o repertório de conhecimentos e experiências acumulados dos indivíduos participantes aumenta consideravelmente as possibilidades de resolução de problemas apresentados.
A gestão do conhecimento tem se consolidado nos discursos acadêmicos e nas práticas das organizações particulares e públicas especialmente nas três últimas décadas. Discursivamente a gestão do conhecimento se apresenta como meio eficiente e eficaz para conduzir organizações modernas, por meio da promoção de um ambiente de autonomia e valorização humana. Diante do paradoxo sob o qual tal pretensão se edifica a proposta deste ensaio consiste em perscrutar a gestão do conhecimento à luz da teoria crítica para investigar se há alguma possibilidade de emancipação nas organizações. Dentre as principais inflexões, defende-se que a criação de conhecimento corporativo, que poderia ser um caminho para melhoria da vida da população, tem sido direcionada, em maior medida, para atender aos interesses do capital, em detrimento dos interesses da humanidade. Não obstante, frente às contradições da teoria de criação do conhecimento como instrumento de controle do capital, desconfia-se que o conhecimento tácito poderia ter uma lacuna pela qual a luz da emancipação poderia penetrar.
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