RESUMO Este ensaio objetiva analisar os limites das propostas gnosiológicas frente à contribuição da ontologia para o desenvolvimento do conhecimento e, em especial, para o conhecimento administrativo. Assim, procedemos uma análise da argumentação que consideramos ter produzido maior impacto na produção de conhecimento no campo administrativo brasileiro na atualidade, o "Círculo de Matrizes Epistêmicas" de Ana Paula Paes de Paula (2016). Partimos da apreciação das categorias de ontologia e gnosiologia buscando delimitá-las e confrontá-las para que pudéssemos contextualizar a Guerra Paradigmática que engendra a tese das matrizes. A análise nos mostra que a noção de “incompletude cognitiva” representa um estímulo para o avanço do conhecimento, como bem apontou a autora, contudo a solução proposta, os círculos epistêmicos, são incapazes de derruir a cisão entre os interesses técnicos, práticos e emancipatórios, pois mantém os cortes nos fenômenos sociais e opera gnosiologicamente, sendo fruto da construção da razão a partir de seus interesses. Como conclusões, recuperamos o estatuto ontológico fundante do ser social contrapondo a tradição filosófica habermasiana frente à apreensão ontológica materialista marxiana no intuito de avançar na produção do conhecimento ao direcionar os esforços à primazia do objeto, isto é, na realidade das relações sociais apreendidas em sua totalidade.
Resumo Este ensaio objetiva perscrutar o filme Eu, Daniel Blake, tendo como foco o tratamento do diretor Ken Loach acerca da particularidade do trabalho assalariado e da burocracia do Estado no capitalismo contemporâneo, apoiados na estética oferecida por Lukács, o qual aponta ser a particularidade a questão central que envolve o processo de criação artística e a qual tomamos como ponto de partida para realizar uma análise fílmica materialista. Apontamos que o tratamento dado às categorias tem em sua gênese a tomada de partido por parte do diretor, uma vez que as aborda de maneira crítica e comprometida com a realidade, delineando, assim, o seu potencial reflexivo. Logo, ao retratar uma realidade singular vivida por um trabalhador britânico submetido a uma condição socioeconômica superestrutural que tem no regime do capital o elemento universal, a forma como a particularidade é retratada permite transcender a obra, que se constitui em uma síntese capaz de refletir a condição de exploração e estranhamento das mediações sobre as quais estão submetidos os trabalhadores em várias partes do mundo, bem como o papel do Estado. Concluímos que a estética materialista mostra-se um meio robusto e denso, que pode contribuir com as investigações da sociabilidade contemporânea.
Resumo Este ensaio objetiva perscrutar o filme Eu, Daniel Blake, tendo como foco o tratamento do diretor Ken Loach acerca da particularidade do trabalho assalariado e da burocracia do Estado no capitalismo contemporâneo, apoiados na estética oferecida por Lukács, o qual aponta ser a particularidade a questão central que envolve o processo de criação artística e a qual tomamos como ponto de partida para realizar uma análise fílmica materialista. Apontamos que o tratamento dado às categorias tem em sua gênese a tomada de partido por parte do diretor, uma vez que as aborda de maneira crítica e comprometida com a realidade, delineando, assim, o seu potencial reflexivo. Logo, ao retratar uma realidade singular vivida por um trabalhador britânico submetido a uma condição socioeconômica superestrutural que tem no regime do capital o elemento universal, a forma como a particularidade é retratada permite transcender a obra, que se constitui em uma síntese capaz de refletir a condição de exploração e estranhamento das mediações sobre as quais estão submetidos os trabalhadores em várias partes do mundo, bem como o papel do Estado. Concluímos que a estética materialista mostra-se um meio robusto e denso, que pode contribuir com as investigações da sociabilidade contemporânea.
ResumoO desenvolvimento pode ser considerado um dos conceitos fundamentais da economia, mas também um dos mais complexos. É fundamental por tratar dos objetivos últimos da economia como Ciência Social, isto é, a melhoria das condições de vida das pessoas. É pela importância, apesar da dificuldade, que o objeto da discussão deste texto é o desenvolvimento pensado a partir da Filosofia moral ou da ética. Seu primeiro objetivo é verificar, desde a história do pensamento econômico, como o conceito de desenvolvimento se alterou ao longo do tempo. A segunda parte do texto, que corresponde ao seu segundo objetivo, apresenta e discute a proposta da "ética do desenvolvimento". A metodologia utilizada na pesquisa consistiu, basicamente, em revisão bibliográfica, com ênfase em textos fundadores da proposta, escritos nas décadas de 60 e 70 por Joseph-Louis Lebret e Denis Goulet. Foram também consideradas as contribuições mais recentes das décadas de 80, 90 e 2000, como novos trabalhos de Goulet, David Crocker e Des Gasper. A ideia que orienta este trabalho é de que a ética pode servir como princípio unificador, totalizante, dos diversos aspectos do desenvolvimento. Nesse sentido, a "ética do desenvolvimento" se justificaria como campo interdisciplinar de estudos.
O intento deste trabalho consiste em perscrutar o conhecimento produzido na Administração Pública, no período entre 1970 até 2017, partindo do pressuposto que o Estado moderno corresponde a uma mediação determinante na sociabilidade capitalista. Procedemos, em um primeiro momento, uma análise do conteúdo no campo para mapear suas características principais quanto ao fazer científico e à abordagem teórica acerca do Estado. No segundo momento, aprofundamos a reflexão submetendo tais achados à crítica da economia política, para delinear suas mediações e determinantes. A investigação preliminar aponta que o Estado é tratado com uma condição de naturalização, de maneira que as produções científicas tendem, em sua maioria, a centrar suas análises nas abordagens gerenciais (técnicas/avaliações), cujos trabalhos de viés mais crítico se destinam tão somente a apresentar possibilidades de reforma e/ou melhoria da gestão. A conclusão ratifica a necessidade de avançar quanto à forma de produzir conhecimento na Administração Pública, cuja materialidade e a historicidade devem assumir um papel central enquanto categorias com capacidade de apreensão do real, buscando contribuir, desse modo, com mudanças qualitativas no estado das condições concretas de vida da sociedade.
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