durante o período em que ficou internado no asilo psiquiátrico de Rodez, realizou algumas traduções, tendo começado por obras de Lewis Carroll e passado, em seguida, a Edgar Allan Poe, de quem traduziu o poema "Israfel". O contato com a obra de Poe foi decisivo na medida em que, através de uma prática de escrita e tradução, o poeta pôde reconstruir a sua relação com a linguagem e com o seu próprio corpo estilhaçado. Notável, a esse respeito, é o fato de o poema ter sido traduzido também por Baudelaire e Mallarmé, ambos referências essenciais por se terem, antes de Artaud, dedicado a uma reflexão meticulosa acerca da poesia.Ao empreender a tradução de Poe, conforme afirma JeanMichel Rey no livro O nascimento da poesia [La naissance de la poésie], Artaud procura uma dicção própria, o que lhe possibilita restaurar o vínculo com a linguagem após o período de loucura, e, ao repetir o gesto de tradução já realizado por outros poetas de sua língua, inscrever-se também numa espécie de genealogia poética, por meio da qual traça uma linha de predecessores na poesia; genealogia essa que lhe permite tornar-se um autor.
Mario Faustino, besides being a poet, was also a translator, exercising this profession in different moments of his career. Through his translations, he dialogued with several authors, making them part of his work. Thus, based on the comparison between the poems "Nam Sibyllam" and "Death by water", this article seeks to demonstrate how Faustino create a new poem from Eliot's work, taking into account the notion of intertextuality of Kristeva.
Este estudo aborda a Poesia Experimental Portuguesa com o objetivo de mostrar como esse movimento literário, que teve início na segunda metade do século XX, configurou-se naquela época e até hoje possibilita criar e recriar novos experimentos. Aqui abordamos poesias experimentais produzidas com base em obras de autores canônicos. Os poemas analisados são: “Amor de Clarice” (2005), poema digital de autoria do poeta Rui Torres, alicerçado no conto “Amor” (1960), de Clarice Lispector. E o poema “Autopsicografia”, elaborado por Abílio José Santos, baseado no poema homônimo de Fernando Pessoa. Obras que demonstram a relevância e a magnitude que a PO-EX propõe, movimento que atravessou o século e ainda se diversifica e se adapta ao meio digital, em imagens e textos.
O presente trabalho tem por objetivo catalogar as traduções literárias publicadas no suplemento literário Letras & Artes, do jornal A Manhã, do Estado do Rio de Janeiro, no período compreendido de 1946 a 1954, para dar continuidade e suporte às futuras pesquisas interessadas em analisar as traduções que circularam durante esse momento, bem como avivar as pesquisas acadêmicas nos periódicos brasileiros. Nesse contexto de abertura intercultural – e intelectual de nossa plêiade para outras formas de pensamento –, a presença do tradutor assume um importante papel dentro desse laço transformador, sobretudo, quando se descobre o esforço que nossos escritores-tradutores tiveram em divulgar uma literatura cada vez mais ampla, heterogênea e crítica.
RESUMO Este artigo trata de traduções feitas por Herberto Helder. A falta de referências completes das fonts (exceto em poucos casos) gera dúvidas sobre a existência real dos poemas não-ocidentais traduzidos e pode causar a atribuição da autoria destes poemas ao próprio Helder. Ele não os incluiu em seu O bebedor nocturno e em sua Poesia toda (1990). Neste artigo, analisarei as traduções de “A criação da lua”, dos Huni Kuin2, e da “Mulher cobra negra”, dos Gondos da India central.
Resumo: Pretendemos refletir acerca da transcrição poética do livro Eclesiastes, pertencente ao cânone da Bíblia, empreendida pelo poeta Haroldo de Campos em Qohélet/O-Que-Sabe Eclesiastes: poema sapiencial (1991). A relevância dessa obra seminal para a tradução bíblica no país está na deliberação em respeitar a respiração prosódica e a disposição tipográfica da composição, originalmente escrita em hebraico. Trata-se de uma prática de tradução criativa, que se executa como processo de antropofagia e recriação, contribuindo assim para a constituição de uma literatura nacional, brasileira, sendo um ato de devoração crítica do outro e assimilação do estrangeiro. A tradução de Haroldo de Campos será por fim posta frente à edição da Bíblia mais difundida no país, a de João Ferreira de Almeida.
Palavras-chave: Qohélet. Transcriação. Haroldo de Campos.Abstract: This paper article discusses the poetic transcriation of Ecclesiastes by the Brazilian poet Haroldo de Campos. The author published Qohélet/O-Que-Sabe Eclesiastes: poema sapiencial in 1991. The book is relevant for the timeline of Bible translations in Brazil for respecting the Hebrew prosody (stress and pace) and typography. It is indeed a product of creative translation, by means of anthropophagy as a cultural mechanism and recreation, an act of critical devouring of the other and assimilation of the foreign, a project for Brazilian literature enrichment. In addition, this paper will compare the transcriation of Haroldo de Campos to the Bible translation of João Ferreira de Almeida, the bestselling book in the country.
O objetivo deste trabalho é apresentar algumas considerações sobre a tradução de Duineser Elegien, de Rilke, realizada na Amazônia. Destaca-se, nesse contexto, a tradução do poeta Paulo Plínio Abreu, conjuntamente com o antropólogo alemão Peter Paul Hilbert, tendo como desdobramento as contribuições para a atualização da memória literária na Amazônia. A articulação teórica será feita a partir das considerações de Walter Benjamin e Antoine Berman sobre tradução, formação e crítica feita a partir da leitura dos Frühromantiker [Primeiros românticos alemães].
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.