durante o período em que ficou internado no asilo psiquiátrico de Rodez, realizou algumas traduções, tendo começado por obras de Lewis Carroll e passado, em seguida, a Edgar Allan Poe, de quem traduziu o poema "Israfel". O contato com a obra de Poe foi decisivo na medida em que, através de uma prática de escrita e tradução, o poeta pôde reconstruir a sua relação com a linguagem e com o seu próprio corpo estilhaçado. Notável, a esse respeito, é o fato de o poema ter sido traduzido também por Baudelaire e Mallarmé, ambos referências essenciais por se terem, antes de Artaud, dedicado a uma reflexão meticulosa acerca da poesia.Ao empreender a tradução de Poe, conforme afirma JeanMichel Rey no livro O nascimento da poesia [La naissance de la poésie], Artaud procura uma dicção própria, o que lhe possibilita restaurar o vínculo com a linguagem após o período de loucura, e, ao repetir o gesto de tradução já realizado por outros poetas de sua língua, inscrever-se também numa espécie de genealogia poética, por meio da qual traça uma linha de predecessores na poesia; genealogia essa que lhe permite tornar-se um autor.
Mario Faustino, besides being a poet, was also a translator, exercising this profession in different moments of his career. Through his translations, he dialogued with several authors, making them part of his work. Thus, based on the comparison between the poems "Nam Sibyllam" and "Death by water", this article seeks to demonstrate how Faustino create a new poem from Eliot's work, taking into account the notion of intertextuality of Kristeva.
O objetivo deste trabalho é apresentar algumas considerações sobre a tradução de Duineser Elegien, de Rilke, realizada na Amazônia. Destaca-se, nesse contexto, a tradução do poeta Paulo Plínio Abreu, conjuntamente com o antropólogo alemão Peter Paul Hilbert, tendo como desdobramento as contribuições para a atualização da memória literária na Amazônia. A articulação teórica será feita a partir das considerações de Walter Benjamin e Antoine Berman sobre tradução, formação e crítica feita a partir da leitura dos Frühromantiker [Primeiros românticos alemães].
Resumo Os fenômenos de criação e destruição da terra fazem parte da complexa cosmologia Guarani, que foi registrada no livro As lendas da criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapocúva-Guarani, do etnólogo Curt Nimuendaju. Essa visão cataclísmica do mundo leva-os a crer que a terra que hoje conhecemos poderia ser novamente destruída. Em contrapartida, existiria a Yvy marã’ey, uma terra indestrutível, cuja localização é desconhecida, o que em parte explicaria o comportamento migratório dos Guarani. Traduzido como “Terra sem mal”, o termo Yvy marã’ey parece apontar para um caráter utópico e messiânico, tema que será retomado por vários poetas contemporâneos, tais como Sophia de Mello Breyner, Josely Vianna Baptista e Waldo Motta. Este artigo pretende discutir em que medida, ao encenarem um diálogo com a cultura indígena, esses poetas elaboram também uma crítica do presente.
Resumo Este ensaio discute aspectos relativos à produção das textualidades indígenas, tomando como referência duas versões do Watunna, a cosmogonia ye’kwana: a do francês Marc de Civrieux e a do ye’kwana Marcos Rodrigues. Para tanto, acerca-se da pluralidade poética indígena do circum-Roraima, que é um rico espaço em termos de diversidade humana e cultural, localizado na tríplice fronteira Brasil-Guiana-Venezuela. Nossa proposta parte do pressuposto da necessidade de se cultivar uma área de investigação que aproxime a teoria literária da antropologia e que atente para as particularidades advindas das culturas e línguas indígenas. Isso significa que o registro escrito das artes verbais indígenas põe em jogo um processo complexo de criação, recriação, tradução e circulação, envolvendo não apenas uma dimensão poética, como também uma dimensão ética e política.
O presente trabalho tem por objetivo catalogar as traduções literárias publicadas no suplemento literário Letras & Artes, do jornal A Manhã, do Estado do Rio de Janeiro, no período compreendido de 1946 a 1954, para dar continuidade e suporte às futuras pesquisas interessadas em analisar as traduções que circularam durante esse momento, bem como avivar as pesquisas acadêmicas nos periódicos brasileiros. Nesse contexto de abertura intercultural – e intelectual de nossa plêiade para outras formas de pensamento –, a presença do tradutor assume um importante papel dentro desse laço transformador, sobretudo, quando se descobre o esforço que nossos escritores-tradutores tiveram em divulgar uma literatura cada vez mais ampla, heterogênea e crítica.
Este estudo aborda a Poesia Experimental Portuguesa com o objetivo de mostrar como esse movimento literário, que teve início na segunda metade do século XX, configurou-se naquela época e até hoje possibilita criar e recriar novos experimentos. Aqui abordamos poesias experimentais produzidas com base em obras de autores canônicos. Os poemas analisados são: “Amor de Clarice” (2005), poema digital de autoria do poeta Rui Torres, alicerçado no conto “Amor” (1960), de Clarice Lispector. E o poema “Autopsicografia”, elaborado por Abílio José Santos, baseado no poema homônimo de Fernando Pessoa. Obras que demonstram a relevância e a magnitude que a PO-EX propõe, movimento que atravessou o século e ainda se diversifica e se adapta ao meio digital, em imagens e textos.
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