Resumo Neste artigo se analisa as possibilidades, tensões e limites da escolarização na cidade do Rio de Janeiro, no período da abolição e no pós-abolição (1888)(1889)(1890)(1891)(1892)(1893)(1894)(1895)(1896)(1897)(1898)(1899)(1900)(1901)(1902)(1903)(1904)(1905)(1906). A pesquisa incide sobre regiões de alta densidade demográfica, com índices crescentes de matrículas nas escolas públicas. Pensar o contexto do pós-abolição no âmbito da história da educação visa a compreender como os projetos nacionais e locais direcionados à instrução popular interagiam com expectativas e ações de libertos e livres, em diálogo com os estudos historiográficos concernentes às lutas dessa população pelo acesso à educação. Palavras-chave: escolarização, pós-abolição, Rio de Janeiro.
FELISMINA AND LIBERTINA GO TO SCHOOL: NOTES ON SCHOOLING IN THE PARISHES OF SANTA RITA AND SANTANA (RIO DE JANEIRO, 1888-1906)
AbstractThe article analyzes the possibilities, tensions and limits of schooling in the city of Rio de Janeiro, in the period during the slavery abolition and post-abolition (1888)(1889)(1890)(1891)(1892)(1893)(1894)(1895)(1896)(1897)(1898)(1899)(1900)(1901)(1902)(1903)(1904)(1905)(1906). The research focuses on regions of high population density, with increasing enrollment rates in public schools. Thinking the context of post-abolition within the history of education aims to understand how national and local
Estudo sobre o processo de expansão das escolas primárias no Rio de Janeiro, entre as décadas de 1870 e 1906, com ênfase nas regiões consideradas rurais ou periféricas, mais afastadas do centro da cidade, ou seja, aquelas áreas designadas como suburbanas. A abordagem abrange as possíveis convergências, e também disputas, entre ações e projetos educacionais distintos, de iniciativa do Estado e da sociedade civil, observados por meio de fontes, tais como, os requerimentos feitos à Diretoria Geral de Instrução Pública e a imprensa dos subúrbios. Respostas diferenciadas do Estado foram apresentadas às demandas por instrução, já que a municipalidade privilegiou a subvenção de escolas particulares para atender à população dos subúrbios, quando nas áreas centrais (a “cidade”) predominaram as escolas públicas.
A proposta do artigo é analisar a trajetória de uma professora primária municipal do Rio de Janeiro e militante no movimento operário, Elisa Scheid, a partir de seus escritos e indícios de suas ações, pesquisados nos jornais de grande circulação da cidade e nos impressos vinculados aos movimentos de trabalhadores. O estudo se insere em pesquisa mais ampla sobre a trajetória de mulheres, com destaque para as professoras, e sua participação nas lutas por direitos civis, políticos e no mundo do trabalho, entre os séculos XIX e XX. A análise realizada sugere que Elisa Scheid constituiu ampla rede de sociabilidade, baseada nas suas experiências familiares e de formação educacional, na prática do magistério primário nos subúrbios cariocas e na sua inserção em associações, publicações e organizações políticas formais. Participou da criação e da direção da União Operária do Engenho de Dentro e do Partido Operário Independente. A despeito das interdições e desigualdades históricas de gênero, classe e raça, nossa hipótese é a de que a professora representou liderança proeminente na defesa dos direitos dos/as trabalhadores\as e da educação, atuando na propaganda político-partidária e na formação de agremiações trabalhistas. Os indícios de sua trajetória retratada neste artigo evidenciam a ocupação de espaços públicos possíveis a algumas mulheres, ao menos àquelas pertencentes aos meios letrados. Suas lutas políticas relativizam a representação corrente sobre o suposto predomínio do mundo doméstico como limite para as experiências femininas naquele contexto histórico.
A cidade do Rio de Janeiro, na década 1920, foi marcada pela implementação de certas ações de governo que almejaram empreender um entrelaçamento das dimensões preventivas, educacionais e correcionais com as iniciativas de reforma urbana. O artigo, incidindo o foco sobre a legislação educacional, regulamentação da assistência social, relatórios de chefes de polícia, ofícios remetidos pela Diretoria Geral de Instrução, periódicos e registros fotográficos, problematiza algumas das justificativas acionadas no período que sublinhavam as potenciais contribuições que a reconfiguração dos comportamentos, hábitos e condutas da população prestaria para a tentativa de disciplinamento e harmonização do traçado arquitetônico e seus usos sociais.
O artigo tem como objetivo apontar algumas contradições existentes entre as experiências dos sujeitos e as práticas escolares e assistenciais dirigidas às infâncias na cidade do Rio de Janeiro, entre os séculos XIX e XX. Ao priorizar, em sua análise, as tensões entre a cultura escolar e as ações dos sujeitos, os castigos escolares emergem como entrave da modernidade educacional. Recorrendo a um corpus documental variado, verificou-se que, longe de representarem um consenso, as práticas escolares e assistenciais, tanto as públicas quanto as particulares, geravam conflitos, interesses e fissuras entre os diferentes atores e setores dedicados à causa da criança.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.