Recebido: 20/07/2020 Aprovado: 25/07/2020 Este artigo busca refletir sobre os impactos das tecnologias digitais nas formas de arquivamento contemporâneo e apresentar a perspectiva de atuação elaborada no âmbito do projeto Memória Covid-19 Brasil, através do trabalho conjunto dos integrantes do Centro de Humanidades Digitais IFCH-UNICAMP e do projeto DéjàVu, da mesma instituição. Primeiro, abordaremos o caráter da memória na contemporaneidade, as tecnologias digitais e o deslocamento do lugar do historiador, principalmente tendo em vista o desafio apresentado pela pandemia do novo coronavírus. Depois, faremos um breve levantamento das iniciativas de arquivamento e constituição da memória da Covid-19 no país, para, em seguida, ressaltar as especificidades da proposta do Centro de Humanidades Digitais IFCH-UNICAMP, incluindo a criação de ferramentas informatizadas para a coleta de publicações. Por fim, retomaremos a importância da adoção de uma postura mais ativa pelos historiadores diante dos problemas contemporâneos, o que implica, também, repensar a constituição das nossas equipes de pesquisa e o aprofundamento da interdisciplinaridade de nossa atuação. Palavras-chave: História Digital; Memória; Covid-19; Arquivos Digitais; Teoria da História.
A Construtora Norberto Odebrecht (CNO) está presente em mais de 40 países, conformando-se como peça-chave no projeto de internacionalização da Organização Odebrecht, um dos maiores conglomerados empresariais do Brasil. Nesse contexto, propomos uma análise das intersecções entre a internacionalização da CNO e a sua ação social sem finalidades diretamente lucrativas, vista por nós como uma constante. A partir de uma análise ampla do processo, abordamos diversos países e momentos desse tipo de intervenção. Com isso, almejamos desenhar um estudo de caso, identificar seus referenciais históricos mais extensos e destacar que a ação social empresarial da CNO é parte essencial da sua estratégia de sucesso, remetendo aos preceitos do terceiro setor e do neoliberalismo.
The category of “informal archives” was initially proposed by Adam Auerbach in a case study on the role of informal archives held by social leaders of peripheral communities in India. “Informal archives” imply forms of historical documentation beyond state authority, and preserved in a rough, poor, and ephemeral manner (in the digital realm). They typically involve connections to the past articulated by different social demands, whether regarding the dispute for a national memory in the digital-public realm, or the nostalgic nature of certain connections to the past, or even the social/political activism of civil society organizations. For this reason, informal archives are in unmapped locations, and in order to be accessed they need to be ethnographically reached. An empirical research based on data raised in early 2020 shows that, even with the creation of a theoretical basis for this kind of digital resource, constant updates will remain necessary due to the unstable nature of the subject.
Historians devoted to telling the story of the COVID-19 pandemic should question the archival conditions involved. In this article, we approach the archival landscape in Latin America in view of the COVID-19 pandemic, which particularly unfolded in the digital environment. First, we suggest a review of archival digitization in Latin America, providing context for the conditions observed during the pandemic. Second, we discuss the emergence of digital memory initiatives that focused on COVID-19, showing typological relations that may arise from transnational analyses. Accordingly, we dive into some Brazilian archival initiatives with major ethnographic rigor since, in addition to closely representing the reality of the region, they provide us with a more accurate immersion into the agents, platforms, and challenges of this pandemic digital undertaking. Lastly, we point out the complex situation of public archives amidst the mass of documents resulting from the pandemic. This way, we pose questions about the increasingly important interface between history, archives, and a policy for transparency of data.
O panorama de arquivamento digital da pandemia da Covid-19 no Brasil é um eixo argumentativo que possibilita a reflexão sobre temas como: as possibilidades de escrita da história da Covid-19 em escala global; a infraestrutura de arquivos digitais; a construção coletiva de acervos por uma rede de projetos paralelos no país; as características da produção social e do teor documental dos registros preservados nessas iniciativas. O cenário pandêmico catalisa e desnuda problemas concernentes à memória, aos arquivos e à história que não são novos, mas se veem diante de uma ocasião profícua para avanços teóricos e práticos relevantes — que vão do aprimoramento infraestrutural à revisão das balizas epistemológicas para a construção da memória e da história em escala global.
Este artigo discute a intersecção entre a história oral e a história empresarial a partir do projeto Educar para o futuro, encomendado pela Fundação Bradesco ao Instituto Museu da Pessoa. Osprocedimentos historiográfi cos dessa instituição identifi cam-se com a história oral, alimentando uma retórica de empoderamento comunitário a partir da constituição de acervos e narrativas compostos por depoimentos orais. Simultaneamente, o Instituto presta serviços a empresas, atendendo a demandas e contingências por vezes divergentes das historiográficas. Dada a consolidação de um mercado de histórias empresariais sob encomenda no Brasil nas últimas duas décadas – no qual a história oral ocupa um espaço importante –, como avaliar as possibilidades e os limites para a prática historiográfica? O caso observado é paradigmático, provendo substratos para melhor se compreender as implicações teóricas e metodológicas da intersecção entre história oral e empresas no Brasil.
No Brasil, a quantidade de publicações de livros que narram histórias de empresas e instituições privadas tem aumentado nas últimas duas décadas. Essas publicações ilustram parte de como o panorama profissional dos historiadores vem se configurando no país – ao lado da organização de arquivos e centros de memória de empresas, por exemplo. Como a história empresarial sob contrato ascendeu no Brasil? Quais os problemas teóricos envolvidos na sua popularização? Qual o teor das práticas e das narrativas incorporadas nessa literatura histórica feita sob encomenda? Procurando responder a essas questões, revisa-se a formação do campo da história empresarial no Brasil, caracterizando algumas obras publicadas mediante contrato com grandes empresas nacionais, propondo o uso da categoria “história sob encomenda” para melhor qualificar o gênero. Por fim, alinham-se percepções sobre o impacto do neoliberalismo na prática historiográfica contemporânea, como fenômeno de fundo que arremata a ocasião de ascensão com o teor discursivo do gênero no Brasil.
O isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 acelerou a presença das mídias digitais no cotidiano, em escala global. Tentando reagir ao inesperado e trágico evento provocado pelo novo coronavírus, surgiram diversas iniciativas de arquivamento digital, registrando as experiências vividas durante a pandemia. Esses projetos encamparam técnicas e preceitos que já existiam. Entretanto, pela primeira vez, um único evento disruptivo impulsionou iniciativas semelhantes por todo o mundo. Compreender os problemas teóricos decorrentes do arquivamento digital é um desafio ao qual a historiografia deve conseguir responder. Este artigo defende que os arquivos digitais da pandemia da Covid-19 apresentam-se como uma oportunidade ideal para que esses problemas sejam observados em escala comparativa e global. Discutindo a dimensão teórica da categoria “arquivo digital” e observando uma amostra de arquivos da pandemia pelo mundo, oferecem-se apontamentos introdutórios sobre essa questão, sugerindo caminhos de pesquisa para humanistas interessados no assunto.
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