Este artigo persegue o conceito de consciência na obra de Vigotski, o principal problema de sua psicologia. Resume a importância do contexto sociopolítico da União Soviética para o desenvolvimento de sua teoria, que se iniciou com influências da reflexologia e do pavlovismo, integrando progressivamente os amplos conhecimentos do autor (nas artes, na filosofia clássica e marxista) até a neuropsicologia e a psicologia experimental. Através da leitura de trabalhos produzidos de 1924 a 1934, este artigo revisa as ocorrências semânticas da palavra consciência, identificando seus fundamentos monistas e materialistas, extraindo seus sentidos principais e incluindo o conceito no enfoque histórico-cultural. O conceito é desmembrado em suas três acepções basilares (processo de tomada de consciência da realidade externa e interna; atributo de conteúdos e processos psicológicos; sistema psicológico) que se articulam, produzindo um dos fundamentos da psicologia geral vigotskiana e articulando neuropsicologia, ética e ontologia.
O objetivo deste artigo é abordar a questão das vivências na perspectiva de L.S. Vigotski, tratando de suas fontes epistemológicas, de suas raízes na língua russa e de seus sentidos específicos, priorizando "A Tragédia do Hamlet, Príncipe da Dinamarca" (1916) e os textos pedológicos dos anos 1930, com destaque para "A questão do meio na pedologia". Destacam-se as transformações das ideias do autor sobre vivências e sua contribuição metodológica à análise da relação indivíduo-meio no desenvolvimento humano, articulada aos conceitos de consciência e sistema.
Este texto sintetiza os fundamentos do conceito de liberdade vigotskiano, procurando elucidar suas conexões a partir das investigações do autor sobre linguagem, vontade, funções psíquicas superiores, pensamento e imaginação. Discutem-se, ainda, os antecedentes filosóficos presentes no seu conceito de liberdade e se esboça uma análise das condições concretas necessárias para a livre-escolha em tempos de alienação.
RESUMO: Este artigo propõe-se a realizar análise crítica de alguns aspectos da história da troika Vigotski-Luria-Leontiev a partir da discussão de Yasnitsky das diversas fases do Círculo de Vigotski. Caracteriza-se como estudo histórico e teórico de A.N. Leontiev no contexto da década de 1930, em que se estabeleceu um novo sistema de produção científica no bojo do regime stalinista. Nesse cenário, debate-se o afastamento entre Vigotski e Leontiev problematizando a relação entre consciência e vida como foco importante das diferenças teóricas entre os autores. Finaliza-se o artigo apontando o marxismo carente de mediações para o qual Leontiev se desloca ao criticar Vigotski, de modo a se contribuir para a crítica da tese de que o afastamento Vigotski-Leontiev constitui-se em tentativa de neutralizar o marxismo de Vigotski.
Resumo No Brasil, tem havido notável crescimento da chamada “teoria da atividade”, cuja fundamentação é associada especialmente ao pesquisador russo A. N. Leontiev (1903-1979). Isso se tem feito em conexão direta com a noção de que Vigotski, Luria e Leontiev compuseram uma troika, responsável pela elaboração da teoria histórico-cultural e da teoria da atividade. O objetivo deste artigo é iniciar a problematização da própria veracidade dessa narrativa a partir de uma análise do contexto no qual se dispôs o conteúdo das críticas stalinistas a Vigotski de 1931-1937, da construção do sistema de produção científica no regime soviético e dos contrastes políticos e culturais entre os anos de 1920 e 1930 - especialmente o estabelecimento do marxismo-leninismo e o pragmatismo como marcas do regime stalinista. O texto contribui para a análise das ideias e frentes de trabalho vigotskianas condenadas pelos críticos stalinistas e suas potenciais repercussões na psicologia soviética elaborada nos anos de 1930.
O artigo investiga a trajetória histórica do movimento da Reforma Psiquiátrica em Goiânia, GO, objetivando mapear a implantação dos primeiros serviços substitutivos do munícipio, entre os anos 2000 e 2004. O recorte temporal tem por referência o período de transformações nas políticas de assistência à saúde mental no âmbito nacional e local, principalmente após a promulgação da Lei 10.216/2001. A investigação fundamenta-se no método historiográfico tendo como procedimentos a pesquisa bibliográfica e documental. A fundamentação teórica abrange aspectos introdutórios do fenômeno em questão e apresenta alguns desdobramentos do movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil e em Goiânia. Posteriormente, desenvolve-se o mapeamento da implantação dos primeiros serviços substitutivos de Goiânia. A realização do trabalho permitiu sistematizar os principais acontecimentos e atores sociais da Reforma Psiquiátrica em Goiânia, possibilitando resgatar e dar visibilidade à trajetória histórica desse movimento e contribuir com o debate no campo da saúde mental no Brasil.
Este trabalho, que cotejou uma das edições brasileiras da "Psicologia Pedagógica" com o original em russo, visa a ressaltar algumas contribuições originais de tal livro, publicado por L. S. Vygotsky em 1926. Discutem-se as preocupações do autor com uma escolarização ativa e livre, abordada em uma conjuntura de crise e reestruturação da psicologia. O livro apresenta características de uma "síncrese" de ideias, posições e influências divergentes. Com análise de ideias básicas e objetivos presentes no material, este artigo busca extrair a "unidade no sincrético" pela qual o autor, em linguagem mecanicista, pensa a educação como formação humana, e o educador, como artista ou lutador, valorizando o papel do meio social em sua efetivação e antecipando as noções de drama e crise do desenvolvimento.
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