Este texto busca discutir a divisão do trabalho em um assentamento coletivo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Santa Catarina, marcado pela proposta de coletivização da terra e dos meios de produção. Nessa forma de organização, busca-se, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo MST, a transformação igualitária e solidária da sociedade, incluindo a construção de novas relações de gênero. O que se observou é que, no cotidiano, mulheres e homens, sujeitos históricos e culturais, apropriam-se desses discursos de gênero, ao mesmo tempo que buscam lidar com as contradições que se apresentam. Entre estas, colocam-se as diferentes jornadas de trabalho que, apoiadas em padrões relacionais fixos, determinam oito horas diárias para os homens na produção e quatro para as mulheres, em função do trabalho doméstico e do cuidado das crianças.
Este artigo busca apresentar uma reflexão sobre gênero e subjetividade, a partir da participação de mulheres em cooperativas rurais virtuais localizadas em municípios da região sul de Santa Catarina. Conforme define a literatura estudada, tal modelo de cooperativa se diferencia do modelo tradicional, pois, entre outros aspectos, não possui sede fixa, reúne um grupo de 20 a 30 agricultores e movimenta uma grande variedade de produtos em pequenas quantidades. Trata-se de uma análise ampliada com base em dados coletados em pesquisa desenvolvida no período de 2011-2012 (PIBIC-UNESC/CNPq). A pesquisa foi qualitativa e os dados foram obtidos por meio da entrevista semiestruturada. Foram entrevistadas dez mulheres, com idades entre 36 e 54 anos, participantes de três cooperativas. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas de acordo com procedimentos da análise de conteúdo. Os resultados e discussão apresentam o processo de formação das cooperativas, a participação e os produtos comercializados pelas cooperadas; além de discorrer sobre a participação de mulheres em cooperativas rurais virtuais, a visibilidade social e o reconhecimento do trabalho feminino. Em grande medida, foi possível verificar que a participação de mulheres em cooperativas possibilitou benefícios não apenas financeiros, pela comercialização da produção, mas também reconhecimento social e subjetivo.
RESUMONeste artigo, buscamos tecer considerações sobre sujeitos e subjetividades na construção das identidades políticas "mulheres agricultoras" e "mulheres camponesas", analisadas em pesquisa sobre um movimento rural de mulheres no período de 2006-2010. A pesquisa utilizou o modelo etnográfico, com a realização de entrevistas, o acompanhamento e observação de atividades. Foram também analisados documentos, produzidos no período de 1994-2008. Nessa investigação foi necessário lidar com uma mudança política importante ocorrida em 2004: a unificação de diferentes movimentos rurais autônomos de mulheres e a criação de um movimento nacional. Na região estudada, tal unificação foi recusada por algumas das mulheres e aceita por outras, demonstrando jogos de força, produção de sujeitos e subjetividades. As posições identitárias mobilizadas acionaram/acionam discursos que se aproximam de concepções feministas essencialistas, mas indicam também estratégias de lutas, em que a afirmação da diferença é condição para a própria ação política.Palavras-chave: movimento rural de mulheres; lutas de gênero; identidades políticas; subjetividades. ABSTRACTIn this article, we seek comment on subjects and subjectivities in the construction of political identities, "women farmers" and "rural women", analyzed in research on a social movement of rural women in the period 2006-2010. The research used the ethnographic model, with interviews, monitoring and observation activities. We also analyzed documents produced by the movement t in the period 1994-2008. In this investigation it was necessary to deal with a major policy change occurred in 2004: the unification of different movements and rural self-employed women and the creation of a national movement. In the study area, this unification was rejected by some women and accepted by others, showing rough games, production of subjects and subjectivities. The identity positions triggered mobilized/trigger speeches approaching feminist essentialist conceptions, but also indicate strategies of fighting, in which the assertion of difference is the very condition for political action.
Em um contexto de lutas de gênero, nas últimas três décadas, diferentes movimentos sociais rurais de mulheres contribuíram para a produção e reconhecimento da trabalhadora rural como sujeito político de direitos. Neste artigo, com o objetivo de analisar limites e possibilidades da militância política em um movimento social rural de mulheres, articulam-se os temas lutas de gênero e subjetividades. Para tanto, são retomadas e ampliadas reflexões apresentadas em pesquisa que fundamentou a tese de doutorado, realizada no período de 2006-2010. As informações empíricas que possibilitaram a elaboração da referida pesquisa foram obtidas por meio das pesquisas documental e etnográfica, com a realização de entrevistas, o acompanhamento e a observação de atividades desenvolvidas por um movimento social rural de mulheres em três municípios da Região Sul de Santa Catarina. O processo de envelhecimento feminino e a aposentadoria, os modelos locais de agricultura, o êxodo expressivo de parcelas da população rural, a não inserção e a participação restrita de mulheres mais jovens em atividades locais do movimento se apresentam como condições de possibilidade na análise dos limites da militância política.
ResumoO mercado agroalimentar brasileiro é majoritariamente dominado pelas grandes empresas nacionais e multinacionais que criam barreiras à entrada de produtos advindos da agricultura familiar. Embora, no Brasil, tenha-se um conjunto de políticas públicas de apoio à comercialização da agricultura familiar, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que reforçam a produção de alimentos, ao mesmo tempo existe um quadro regulatório restritivo, que exclui parte dos agricultores familiares do mercado. Mesmo assim, o País possui um vasto e diversificado mercado agroalimentar, que se mantém com base em um saber-fazer repassado de geração a geração, valorizado pelos consumidores que buscam produtos diferenciados e saudáveis. O reconhecimento de produtos artesanais não é garantia de facilidades de acesso ao mercado; ao contrário, a valorização aumenta as dificuldades devido às pressões no cumprimento da legislação. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar os desafios enfrentados pelos agricultores familiares para se inserirem formalmente no mercado sul catarinense. O procedimento metodológico adotado nesta pesquisa é a descrição, com base em fontes documentais e entrevistas realizadas com dirigentes de oito cooperativas de agricultores familiares da região sul catarinense. Os resultados obtidos evidenciam que os agricultores têm acessado o mercado formalmente, por intermédio de suas cooperativas, além de produzirem para o autoconsumo e comercializarem seus produtos em mercados tradicionais, institucionais e, parte, informalmente, em domicílios e feiras. Palavras-chave: Produtos artesanais. Mercado formal. Agricultura familiar.
Resumo: O artigo apresenta uma discussão sobre os espaços de produção e comercialização de agricultores familiares, por meio de cooperativas rurais descentralizadas. Como procedimentos metodológicos, foram utilizadas fontes bibliográfi cas documentais e de campo. Além da pesquisa documental, foi realizada a de campo, em que foram entrevistados cooperados de seis cooperativas . Dentre os resultados obtidos, constatou-se que a comercialização é realizada em feiras e Programas Institucionais. Palavras-chave: Cooperativismo. Agricultura. Mercados. Abstract:The article presents a discussion of the areas of production and marketing of family farmers by means of decentralized rural cooperatives. The methodological procedures bibliographical, documentary and fi eld sources were used. Besides the documentary research was carried out in the fi eld, there were interviewed cooperative members from six cooperatives. Among the results, it was found that the marketing is performed in fairs and Institutional Programs. Key words: Cooperative. Agriculture. Markets.Résumé: L'article présente une analyse des zones de production et de commercialisation des agriculteurs famille par le biais de coopératives rurales décentralisées. Les procédures méthodologiques bibliographiques, sources documentaires et sur le terrain ont été utilisés. Outre la recherche documentaire a été effectuée dans le domaine, qui ont été interviewés six membres de coopératives. Parmi les résultats, il a été constaté que la commercialisation est effectuée à des foires et des programmes institutionnels. Mots-clés: Coopération. L'agriculture. Les marchés.Resumen: El artículo presenta un análisis de las áreas de producción y comercialización de los agricultores/familia por medio de la cooperativas rurales descentralizadas. Los procedimientos metodológicos bibliográfi cas, se utilizaron fuentes documentales y de campo. Además de la investigación documental se llevó a cabo en el campo, que fueron entrevistados /las cooperativas/las seis cooperativas. Entre los resultados, se encontró que la comercialización se realiza en las ferias y Programas Institucionales. Palabras clave: Cooperativas. La agricultura. Los mercados.
Purpose: to understand the social representations of health professionals about terminally ill children and adolescents in different work settings. Methods: a qualitative, descriptive, exploratory study was conducted with ten health professionals, selected through the technique of network sampling. The instruments for data collection were semi-structured interviews, and free association of words. The analysis of the data followed the steps of content analysis, subsidized by the theory of social representations, with the support of Atlas.ti software. Results: the analysis of the interviews presented 115 excerpts of statements, condensed into 11 codes, which were grouped into three categories: experiences, strategies, and consequences of conviviality with terminality; mission and amorousness in a terminal condition; terminality as the end of life. The free association of words resulted in 52 evocations, with an emphasis on suffering, pain, love, mission, and family. Conclusion: the social representations of health professionals about terminally ill children and adolescents are associated with the situations being experienced, the strategies developed to deal with these moments in the exercise of the profession, and the consequences that this experience causes in the health professionals.
IntroduçãoO artigo aqui apresentado foi construído a partir de informações obtidas em uma pesquisa realizada no ano de 2009, originalmente apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso da Psicologia, ao Centro Universitário Barriga Verde-UNIBAVE. Na ocasião, a referida pesquisa teve como objetivo geral verificar os sentidos produzidos por mulheres que ocupam cargos de chefia em indústrias de uma cidade do sul de Santa Catarina, Brasil, e seguiu o modelo de pesquisa qualitativa proposto por González Rey (2005), que pressupõe a construção de indicadores e zonas de sentido no processo de análi-se. Por se debruçar sobre temas como gênero e trabalho, sua construção exigiu o diálogo com as áreas de conhecimento da economia, psicologia, filosofia, história, sociologia. Os sujeitos entrevistados foram sete mulheres, com idades entre 28 e 53 anos, que ocupavam cargos de chefia em indústrias localizadas em um município do sul de Santa Catarina. A chefia foi caracterizada pelo registro em carteira de trabalho em cargos que possibilitam certa autonomia e liderança, gerência ou chefia de outros trabalhadores ou de processos. Os cargos ocupados pelas entrevistadas no momento da entrevista eram: gerente de setor de peças de reposição, gerente administrativa, gerente do setor de expedição, líder de turno de empacotamento, gerente de recursos humanos, chefe de faturamento e chefe do setor financeiro. Quanto à escolaridade, quatro mulheres concluíram o ensino médio completo, duas são graduadas na área em que trabalham, uma é graduada em uma área distinta da que trabalha e é pós--graduada na área em que trabalha. A aproximação foi realizada por acessibilidade e as informações obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas.No presente artigo, propõe-se a revisão e ampliação de algumas discussões outrora realizadas. Em grande medida, as informações obtidas ao longo da pesquisa evidenciaram que, mesmo participando efetivamente de espaços até então considerados como "lugares de homens", os conteúdos dos relatos das mulheres entrevistadas remontam a crença em uma "essência feminina" que, segundo as mesmas, é fundamental para diferenciá-las e qualificá-las profissionalmente em relação aos homens. O que se pretende apresentar é uma análise de tais informações a partir de contribuições teóricas, entre outras, de Judith Butler e Joan Scott. Os trabalhos destas duas autoras "têm posto em questão a diferença entre sexo e gênero, enfatizando ainda mais o afastamento em relação ao essencialismo" (PEDRO, 2005, p. 90). Estudos feministas têm buscado formas de romper com a noção de uma diferença entre homens e mulheres baseada na anatomia. Entretanto, conforme Mara Lago (1999) ultrapassar os limites naturalizantes que marcam concepções acerca das mulheres foi (e ainda é) um grande desafio. Mulheres em cargos profissionais de chefia:o paradoxo da igualdade
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