Resumo. O presente artigo apresenta e discute a temática da economia solidária. Trata da sua origem, como conceito e do seu contexto de emergência, como fenômeno, situando-a numa problemática européia que lhe é fundadora. O texto procura também interpretar o sentido de tal tipo de prática apoiando-se em pressupostos de uma tradição de estudos do campo da Antropologia econômica. Esta abordagem demonstra grande pertinência ao sugerir uma desconstrução da idéia convencional de Economia, o que permite a apreensão de certas dimensões do fenômeno que apareceriam despercebidas numa visão econômica neoclássica. O texto oferece ainda uma leitura acerca das diferentes formas de manifestação da economia solidária no contexto europeu de realidade, buscando sublinhar alguns dos principais dilemas e desafios enfrentados na prática quotidiana de tais experiências, e conclui com uma reflexão sobre o caso brasileiro de manifestação do fenômeno. Trata-se de um texto ao mesmo tempo descritivo e analítico, com um leve tom ensaístico, sugerindo uma reflexão crítica de âmbito internacional sobre os limites e possibilidades do tema.Palavras-chave: Economia solidária, associativismo, economia plural, novas formas de solidariedade.
<p>O presente artigo se propõe a pensar a relação entre economia e sociedade em tempos de pandemia. O artigo inicia com (I) um diagnóstico crítico-analítico das causas e razões do <em>divórcio entre economia e sociedade</em>, identificando suas origens históricas e, ao mesmo tempo, buscando esclarecer como opera sua lógica na forma do neoliberalismo contemporâneo e como ela está em contradição com a democracia e, mesmo, com os próprios valores liberais. Em seguida (II), refletimos sobre as consequências do divórcio entre economia e sociedade, cujas insustentabilidades geradas serão analisadas tanto no nível macro-estruturante – ambientais, sócio-econômicas e políticas –, como no nível meso- e microssocial – territoriais e subjetivas. Por fim (III), passamos para as “notas propositivas” a favor de uma retomada da relação entre economia e sociedade, onde propomos reformulações conceituais e analíticas aptas para abrir um horizonte de sociedade do pós-bem estar social e também para formular, operacionalmente, um desenho de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento solidário de territórios.</p>
RESUMOpresente texto discute como a solidariedade pode estar presente, de maneira estruturante, numa plataforma de promoção do desenvolvimento local. Nosso argumento considera que uma plataforma desse tipo supõe o horizonte de uma outra economia e de um outro modo de desenvolvimento cujos princípios e valores de um mercado auto-regulado não ocupam a centralidade nas relações de troca. A idéia é mostrar que tal plataforma configura uma concepção geral de promoção do desenvolvimento, aqui definida como via sustentável-solidária. Após contextualizar a problemática situando a pertinência dessa via hoje, o texto discute criticamente a solução mais comumente adotada para combater a falta de trabalho. Discute-se, em seguida, a natureza da via sustentável-solidária, bem como suas bases e fundamentos teóricos, para ao final abordar-se a construção prática dessa via, levando-se em consideração seus principais desafios. ABSTRACThis article discusses how the solidarity can be present structuring a platform for promoting local development. Our argument is that such a platform involves the prospect of another economy and another mode of development in which principles and values of a market self-regulation does not occupy the centrality in relations of exchange. The idea is to show that this platform sets a general concept of promoting development, defined here as a sustainable path-solidarity. After contextualize the problem by placing the relevance of that today, the text critically discusses the most commonly adopted solution to deal with the lack of work. Furthermore, it discusses that sustainable and solidary based ways and also their bases and theoretical foundations and for the end approaching the construction of this practice by taking into account its main challenges. * Prof. CIAGS/EAUFBAO
Resumo Os diferentes contextos e usos de moedas sociais no cenário nacional e internacional têm estimulado estudiosos a buscar compreender as especificidades de cada experiência. A moeda social mais conhecida no Brasil, a Palmas, criada pelo Banco Palmas em Fortaleza, encontra- se atualmente em uma situação paradoxal: após quinze anos, sua circulação tem diminuído notavelmente entre os atores do território ao mesmo tempo que o consumo no bairro se mantém elevado. Neste trabalho investiga-se o circuito constituído pelo uso da Palmas para compreender seu fluxo no território e o progressivo processo de desuso. A reflexão sobre a experiência do uso da moeda social baseia-se, aqui, na noção de moeda da antropologia econômica e da teoria da dádiva. Para além da situação são propostas reflexões entendidas como pertinentes para pensar as moedas sociais dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs) no país. As estratégias da pesquisa assumiram um caminho multimetodológico e estão resumidas em duas fases. A primeira consistiu numa imersão etnográfica no Banco Palmas em janeiro de 2012. A segunda fase consistiu no mapeamento detalhado do circuito monetário alternativo do território por meio da construção gráfica deste utilizando um software de análise de redes sociais. A reflexão delineada com base na investigação aponta para a construção de uma filosofia de uso das moedas sociais apoiada na confiança dos atores locais nas ações do Banco Palmas. No nível mais concreto, identifica-se que a manutençao do circuito tem ocorrido mais pela sua carga simbólica e política do que pela satisfação das necessidades econômicas.
Resumo IntroduçãoA temática da economia solidária tem conquistado uma visibilidade cada vez maior nos últimos anos. No ambiente acadêmico, publicações a esse respeito j á aparecem em diferentes campos disciplinares como economia, sociologia ou administração. Esse recente interesse da academia parece refletir a própria dinâmica verificada na sociedade, através da iniciativa de diferentes atores associativos, representantes dos poderes públicos e mesmo entidades sindicais, o que tem levado o tema a ocupar lugar de destaque em certos eventos, como foi o caso do Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre.Alternativa real à crescente crise do emprego, verificada em diferentes sociedades, ou mero paliativo à crise de ajustamento de um sistema capitalista que se renova, são diferentes os diagnósticos acerca do alcance e dos limites do tema. Tais diagnósticos apenas indicam as razões desse súbito interesse pelo tema, pois de algum modo este sugere uma mudança de referências para se pensar a realidade. É que a crescente relevância do tema acontece exatamente no atual contexto de reconfiguração das relações entre Estado e mercado, onde desponta com força a idéia de um terceiro setor.Contudo, economia solidária e terceiro setor podem ser considerados como sinônimos? Parece que não. Embora uma correlação direta entre esses termos pareça evidente (pois em ambos os casos, trata-se de empreendimentos privados de interesse público), eles pertencem a universos semânticos distintos. Portanto, são diferentes os contextos sociopolíticos de emergência de cada termo, implicando interpretações distintas sobre o papel desempenhado por essas experiências, bem como, as respectivas posições que devem ocupar em relação ao Estado e ao mercado. Terceiro setor, por exemplo, é uma expressão tipicamente norte-americana, enquanto a noção de economia solidária, assim como a expressão "economia social", é uma formulação européia (FRANÇA FILHO, 2002b). A primeira está impregnada da idéia de filantropia, como é próprio da tradição anglo-saxônica, e se orienta mais para uma questão de ajustamento do sistema na sua capacidade de satisfazer necessidades sociais. A segunda é portadora de uma problemática histórica que está na própria origem da idéia de Estado social. Implica um debate sobre as possibilidades de cooperação econômica e as formas de
O texto propõe uma revisão do debate antropológico sobre a moeda, permitindo escapar ao reducionismo economicista que a identifica com a ideia de neutralidade. Com esta ampliação do olhar sobre a moeda, discute-se o uso de moedas sociais nas práticas dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento no Brasil. O intuito é refletir sobre a experiência do BCD Ilhamar e da moeda social Concha, implementados, desde 2007, na comunidade Matarandiba, no município de Vera Cruz, na Bahia. As reflexões baseadas nesta experiência permitiram identificar alguns desafios como a construção da confiança por parte dos próprios moradores no sistema de moeda social local; a capacidade de manter níveis elevados de coesão social na comunidade; o nível de organização já existente na comunidade, o que pode ser útil a outras experiências do uso de moedas sociais.
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