Um tema central do pensamento social brasileiro é examinado na análise comparativa de três clássicos deste século, mediante um confronto entre três orientações básicas desses autores em relação ao tema, nas suas várias dimensões: o "realismo" (Sérgio Buarque de Holanda) o "otimismo" (Gilberto Freyre) e o "pessimismo" (Oliveira Vianna).
O ano de 1889 marcou o centenário da Revolução Francesa e, dentro das comemorações, idealizou-se uma nova Exposição Universal em Paris. No Brasil, as referências à Revolução Francesa eram muitas, principalmente entre os republicanos que lutavam pelo fim do regime monárquico. Para o regime brasileiro, 1889 era um ano incômodo: as referências externas e internas à revolução traziam o fantasma das derrubadas das cortes e famílias reais europeias, com as quais os dirigentes brasileiros possuíam laços de sangue. Para a única monarquia dos trópicos, o ano dedicado à "mãe das revoluções" perturbava ainda mais um ambiente que não era tranquilo.A abolição, no ano anterior, exacerbou algumas questões que já se colocavam anteriormente ao país: a ideia da inexistência de um povo brasileiro, a necessidade de mão de obra e as soluções imigrantistas, a reorganização econômica do país. Com o fim da escravidão, o problema da mão de obra se coloca de maneira mais clara: quem, agora que não haveria mais escravos, poderia suprir os braços que faltariam? A questão da falta de braços não era apenas Lua Nova, São Paulo, 81: 75-113, 2010
Retomo aqui argumentos desenvolvidos ao longo dos últi-mos anos a respeito da condição de se estudar o Brasil nos Estados Unidos, ou a partir dos Estados Unidos. Há um tom autobiográfico mais ou menos inescapável nesta reflexão, que, no entanto, não pretende expor um caso "exemplar". A menos que, por "exemplar", se compreenda aquilo que pode servir como abertura de uma perspectiva de investigação sobre um problema amplo, que em si ultrapassa em muito a experiência individual (Monteiro, 2008a).Entretanto, no balanço entre o anedotário pessoal que todos carregamos e o sentido de uma experiência coletiva, deve-se assinalar que nos últimos anos parece haver um reaquecimento da reflexão sobre o Brasil nos Estados Unidos, especialmente no âmbito dos estudos literários -do qual não se exclui, é claro, o que aqui se nomeia "pensamento social".Constrói-se o pensamento sobre o Brasil a partir de uma produção longeva, muitas vezes insuspeitadamente rica para aqueles que estão no país. Mas, sobretudo, constrói-se o pensamento a partir de um diálogo continuado com os centros produtores de reflexão acadêmica no Brasil.
RESUMO Três momentos decisivos das relações entre Estado e sociedade no pensamento social e político são abordados: no Império, o debate entre Tavares Bastos e o Visconde do Uruguai; na Primeira República, Oliveira Vianna é o autor central; na transição da ditadura civil-militar de 1964-1985 para a democracia, Raymundo Faoro e Florestan Fernandes são incontornáveis. Se no primeiro momento o debate sobre centralização e descentralização política concentra os interesses, no segundo a questão da adequação das instituições políticas à sociedade é o grande tema; mas, já no terceiro momento, o enfrentamento do problema da democracia nas relações entre Estado e sociedade não poderia ser mais adiado. Traçando esse histórico, no Bicentenário da Independência, queremos repensar impasses dessas relações que permanecem em aberto no presente.
O artigo utiliza a obra Juca Paranhos, o barão do Rio Branco, de Luís Cláudio Villafañe Santos (Villafañe, L.C. Juca Paranhos: o Barão do Rio Branco. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, 560p) para examinar a relação de José Maria da Silva Paranhos com os regimes políticos em que atuou.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.